Erros humanos foram determinantes para queda do AF 447, diz novo relatório
A tragédia do voo Rio-Paris da Air France, em junho de 2009, aconteceu devido a "uma reação inapropriada da tripulação depois da perda momentânea das indicações de velocidade", de acordo com uma contra-análise de especialistas apresentada durante a investigação judicial e à qual a AFP teve acesso nesta terça-feira (13).
As simulações e as análises "mostram claramente a predominância de fatores humanos nas causas do acidente e nos fatores que contribuíram" para a queda, indicam os cinco especialistas em suas conclusões.
"Também constatamos que o acidente poderia ter sido evitado por algumas ações apropriadas da tripulação", acrescentam.
O novo relatório faz referência também à companhia aérea, lamentando a "ausência de instruções claras por parte de Air France, apesar de vários casos parecidos de congelamento das sondas Pitot e, portanto, de uma resposta insuficiente".
Eles apontam também "para a formação inadequada dos pilotos na aplicação do procedimento" necessário para lidar com o congelamento das sondas e com o comportamento do avião durante a perda dos indicadores de velocidade.
Essa análise, de 30 de abril, tinha sido solicitada um anos antes pelas juízas Sylvia Zimmermann e Sabine Kheris, após uma primeira apresentada em julho de 2012 às famílias das vítimas.
As conclusões do primeiro relatório de especialistas indicam uma conjunção de fatores: falhas humanas, problemas técnicos, procedimentos equivocados e condições meteorológicas adversas.
Com base nessas conclusões, Air France e Airbus foram processadas em 2011 por homicídios culposos.
Nova versão não satisfaz famílias das vítimas
"Foi determinado por nosso grupo de especialistas que o acidente se deveu à perda de controle do avião causada pela reação inapropriada da tripulação após a ausência momentânea dos indicadores de velocidade", indicam os autores da nova análise, que apresentam uma lista de 14 fatores que contribuíram para a tragédia, por ordem de importância.
Eles citam a responsabilidade da tripulação, mencionando "a ausência de uma análise estruturada da pane", "a má compreensão da situação" e "uma divisão de tarefas na cabine que não foi aplicada de maneira rigorosa".
Procurado pela AFP, Yassine Bouzrou, uma advogada dos familiares das vítimas, considerou que o relatório está "cheio de contradições e de imprecisões".
"Os especialistas se contentam em culpar os pilotos, evitando sempre a questão central das falhas técnicas", reagiu ela.
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