Irã anuncia nova reunião internacional sobre acordo nuclear
Teerã anunciou nesta terça-feira uma nova reunião internacional para tentar salvar o acordo sobre o seu programa nuclear, num contexto de tensões no Golfo em meio a uma crise de petroleiros entre a República Islâmica e a Grã-Bretanha.
"Ao longo da história, o Irã foi o principal guardião da segurança e da liberdade de navegação no Golfo Pérsico, no Estreito de Ormuz e no Mar de Omã, e continuará a sê-lo", declarou o presidente iraniano Hassan Rohani, de acordo com um comunicado do governo iraniano.
Rohani fez essas declarações durante uma reunião em Teerã na segunda-feira à noite com o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi.
"Os problemas na região precisam ser resolvidos através do diálogo, negociação e cooperação entre [...] os países da região", disse Rohani, segundo a presidência iraniana.
Região estratégica para o tráfego global de petróleo, o Golfo atravessa um novo período de turbulência, desta vez ligado à exacerbação das tensões entre Teerã e Washington desde a retirada unilateral americana do acordo nuclear internacional de 2015.
Além disso, desde maio, sabotagens e ataques a navios no Golfo - imputados pelos Estados Unidos ao Irã, que nega -, mas também a destruição de um drone americano pelo Irã, aumentaram ainda mais a pressão.
Confiscos cruzados
Com o confisco na sexta-feira pelo Irã do Stena Impero, um petroleiro sueco de bandeira britânica, quinze dias após a apreensão de um petroleiro iraniano pelas autoridades britânicas em Gibraltar, a crise se complicou.
A Grã-Bretanha é, de fato, um dos três Estados europeus do acordo nuclear de Viena.
Segundo Teerã, uma nova "reunião extraordinária" para tentar salvar este pacto será realizada em 28 de julho, em Viena, entre os Estados partes (Alemanha, China, França, Grã-Bretanha, Irã e Rússia).
Através deste acordo, Teerã prometeu nunca adquirir armas atômicas e concordou em restringir seu programa nuclear e passar por um rigoroso regime de inspeção em troca de uma redução das sanções internacionais.
Mas o restabelecimento das sanções americanas a partir de agosto de 2018 e a política de "pressão máxima" de Washington mergulharam a economia iraniana em uma recessão violenta e privaram o país dos benefícios econômicos esperados do pacto.
Em resposta à decisão americana de deixar o acordo e para forçar os europeus a tomar medidas concretas, o Irã começou a abandonar alguns de seus compromissos.
Até então, o Irã respeitava seus compromissos, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Teerã ameaça dar mais um passo no início de setembro se suas exigências não forem atendidas. Mas seus parceiros continuam a instar o Irã a continuar a "respeitar integralmente" o acordo.
Na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores britânico, Jeremy Hunt, anunciou que deseja criar "o mais rápido possível" uma missão de proteção marítima liderada pela Europa na região do Golfo. Mas ele insistiu que esta medida "não faz parte da política dos EUA de pressão máxima sobre o Irã, porque continuamos determinados a preservar o acordo nuclear".
De acordo com o porta-voz da diplomacia iraniana, o vice-ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, está a caminho da França, onde deve entregar uma mensagem escrita de Rohani ao seu colega francês Emmanuel Macron.
Macron e Rohani falaram várias vezes por telefone nas últimas semanas. Emmanuel Bonne, assessor diplomático de Macron, encontrou-se com Rohani em 9 de julho, como parte de uma visita para aliviar a tensão.
Nesta terça, a televisão iraniana exibiu imagens da tripulação do Stena Impero a bordo do navio apreendido no porto de Bandar Abbas.
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