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Xi Jinping visita epicentro do coronavírus na China: 'Praticamente contido'

Xi Jinping, presidente da China, visita a cidade de Wuhan, epicentro do novo coronavírus. Ele visitou centros de controle e de prevenção do novo vírus na cidade e parabenizou médicos, voluntários e militares pela ajuda aos doentes  - Xinhua/Xie Huanchi
Xi Jinping, presidente da China, visita a cidade de Wuhan, epicentro do novo coronavírus. Ele visitou centros de controle e de prevenção do novo vírus na cidade e parabenizou médicos, voluntários e militares pela ajuda aos doentes Imagem: Xinhua/Xie Huanchi

10/03/2020 06h10Atualizada em 10/03/2020 09h13

O presidente da China, Xi Jinping, chegou nesta terça-feira à cidade de Wuhan, em sua primeira visita ao local apontado como epicentro da epidemia do novo coronavírus, um sinal de que as autoridades acreditam que estão começando a controlar a propagação da doença.

Xi afirmou que o coronavírus está "praticamente contido" nesta localidade e sua província, Hubei, epicentro da epidemia.

"Os primeiros resultados foram obtidos estabilizando a situação e mudando a tendência em Wuhan e em Hubei", onde 56 milhões de habitantes estão em quarentena desde o fim de janeiro, afirmou o presidente, citado pela agência estatal Xinhua.

A cidade da região central da China, capital da província de Hubei, está totalmente isolada desde 23 de janeiro.

Nesta terça-feira, o ministério da Saúde anunciou apenas 19 novos casos do coronavírus, o que pode indicar que as drásticas medidas de isolamento estão dando resultado.

O número representa uma queda espetacular na comparação com as cifras diárias de fevereiro. A Itália, país mais afetado na Europa, anunciou na segunda-feira 1.800 novos casos de contágio.

Todas as novas infecções ocorreram em Wuhan, exceto por duas pessoas que chegaram do estrangeiro. Isto significa que não houve casos de contágio local no restante do país. A Comissão informou ainda 17 novas mortes, todas na província de Hubei, elevando a 3.136 o número total de óbitos na China.

Ao menos 80.750 pessoas foram infectadas na China, um quadro que motivou a adoção de medidas sem precedentes para controlar a epidemia.

Xi Jinping, que não apareceu no início da crise, é mostrado desde fevereiro como o líder da luta contra o novo coronavírus, com "instruções" e "discursos".

Em Wuhan, o presidente visitou o hospital Huoshenshan, construído em apenas 10 dias por um exército de operários, informou o canal oficial CCTV.

De acordo com imagens divulgadas pela agência Xinhua, Xi Jinping, de máscara, conversou com pacientes e médicos por videoconferência.

Críticas na internet

A "visita de inspeção" de Wuhan, uma cidade de 11 milhões de habitantes, também inclui reuniões com moradores, líderes políticos e funcionários públicos responsáveis pela aplicação da quarentena.

"No auge da epidemia, Xi evitou visitar o epicentro porque não queria ser criticado", declarou à AFP Bruce Lui, professor na Universidade Batista de Hong Kong.

"Mas agora a situação melhorou e faz a visita para receber elogios", completou.

O novo coronavírus surgiu em dezembro em Wuhan, antes da propagação para a província de Hubei (centro) e depois para o resto do país e do planeta.

A China adotou em janeiro medidas drásticas. Muitas cidades de Hubei foram isoladas e no restante do país milhões de pessoas foram colocadas em quarentena preventiva.

Apesar da aprovação às medidas por parte da população, o governo foi criticado pela reação inicial lenta e pela detenção de pessoas críticas, acusadas de propagar boatos.

A morte do médico Li Wenliang, que denunciou a existência do coronavírus e foi vítima da doença em fevereiro, provocou muitas críticas ao regime e, inclusive, pedidos de liberdade de expressão.

A viagem de Xi Jinping acontece poucos dias depois da principal autoridade da cidade ter afirmado que os moradores deveriam expressar "gratidão" ao Partido Comunista pela gestão da crise, o que provocou piadas dos internautas.

A cidade já havia recebido as visitas do primeiro-ministro Li Keqiang e da vice-primeira-ministra Sun Chunlan.

"A visita de Xi Jinping em Wuhan está organizada para significar que a epidemia está sob controle", declarou à AFP Hua Po, um analista político independente de Pequim.

"Sua visita serve para voltar a mobilizar a população e para demonstrar que é o momento de retomar uma vida normal e o trabalho", completa.

Em Wuhan, vários sinais apontam a normalização. Quatorze dos 16 hospitais de campanha estão fechados, os funcionários do aeroporto voltaram a trabalhar e o número de novos casos diários registra queda há várias semanas.

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