Topo

Esse conteúdo é antigo

Quase 20% do Brasil sofreu ao menos um incêndio nos últimos 35 anos

13 ago. 2021 - Gado pasta em meio ao céu coberto com fumaça de queimadas na Amazônia, em Novo Progresso, no sul do Pará - Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images
13 ago. 2021 - Gado pasta em meio ao céu coberto com fumaça de queimadas na Amazônia, em Novo Progresso, no sul do Pará Imagem: Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images

16/08/2021 15h25Atualizada em 16/08/2021 16h03

Quase um quinto (19,6%) do Brasil registrou pelo menos um incêndio nos últimos 35 anos, segundo relatório independente divulgado nesta segunda-feira (16), que alerta para o impacto do fogo em florestas nativas do país, como a Amazônia.

Com base em imagens de satélite de 1985 a 2020, a plataforma colaborativa MapBiomas estabeleceu que a cada ano, em média, o fogo danifica 1,8% (150.957 quilômetros quadrados) da área total do Brasil, o que equivale a uma área maior que a da Grécia ou da Nicarágua.

"O acumulado do período chega a praticamente um quinto do território nacional: 1.672.142 km², ou 19,6% do Brasil. Quase dois terços (65%) do fogo ocorreram em áreas de vegetação nativa, sendo que os biomas Cerrado e Amazônia concentram 85% de toda a área queimada pelo menos uma vez no país", afirmou a entidade em nota.

Segundo a MapBiomas, o Pantanal, maior área úmida tropical do planeta, foi o local mais queimado no período estudado, com 57% de seu solo (86.403 quilômetros quadrados) incendiado pelo menos uma vez.

Em seguida vem o Cerrado (36%, 733.851 km) e a Amazônia (16,4%, 690.028 km), a maior floresta tropical do planeta e vital para conter as mudanças climáticas.

A MapBiomas atribui os incêndios aos altos índices de desmatamento na floresta amazônica e às estiagens (entre julho e outubro), período que responde por 83% das queimadas.

"Não estamos falando de eventos isolados. No caso da Amazônia, 69% do bioma queimou mais de uma vez no período, sendo que 48% queimou mais de três vezes", disse a coordenadora da Mapbiomas Fogo, Ane Alencar, em um boletim informativo.

Alencar ficou preocupada porque cerca de 61% do total das áreas afetadas foram queimadas "duas ou mais vezes".

Na média anual, o Cerrado, região de savana do sul da Amazônia, foi o mais atingido, com 67.833 quilômetros. A Amazônia está em segundo lugar, com média de 64.955 quilômetros quadrados.

"O Cerrado é um bioma com vegetação nativa onde o fogo faz parte de sua ecologia, entretanto a extensão e frequência da área queimada no bioma nas últimas quase quatro décadas revela que algo está errado com o regime de fogo no bioma", explicou Vera Arruda, responsável pela plataforma de estudos na região.

Os estados com mais incêndios foram Mato Grosso, Pará e Tocantins, concluiu a investigação.

Segundo especialistas, os incêndios na Amazônia são em grande parte consequência do desmatamento para dar lugar à agricultura e à pecuária.

O desmatamento sofreu um forte avanço desde a chegada ao poder em 2019 do presidente Jair Bolsonaro, favorável à abertura da floresta para atividades agrícolas e de mineração.