Corregedorias investigarão 18 policiais por achacar PCC
Em São Paulo
São 18 os casos de corrupção contra integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) que serão investigados pelas Corregedorias das Polícias Civil e Militar. Esse é o número constatado até agora de achaque flagrado nas escutas telefônicas mantidas pelo Ministério Público Estadual (MPE) para mapear a facção criminosa.
A origem do PCC
A facção criminosa PCC foi criada em agosto de 1993, num presídio de Taubaté (a 140 km de São Paulo).
Ela surgiu após o massacre do Carandiru, ação policial que deixou 111 presos mortos na invasão do pavilhão 9 da antiga Casa de Detenção.
O grupo fundador do PCC reivindicava o fim da linha dura e dos maus-tratos contra os presos.
Marcola assumiu a chefia da facção no final de 2002. Ele está preso por roubo a bancos.
No fim da tarde de terça-feira, 15, o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, recebeu do Ministério Público Estadual (MPE), cópias dos documentos com as transcrições dos áudios sobre os achaques. Grella já havia sido informado sobre as investigações havia meses, mas, para preservar o sigilo das investigações sobre o PCC, só agora as provas foram enviadas às corregedorias.
Ao todo, 12 dos casos envolveriam policiais civis do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), do Departamento estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) e delegacias de São Paulo e de Santo André, no Grande ABC. No caso da Polícia Militar, a maioria dos casos envolveria homens de batalhões da Grande São Paulo, entre eles três tenentes da PM.
Um deles foi detido anteontem pela Corregedoria da PM depois de ter sido flagrado em uma interceptação conversando com um traficante. O oficial alegou em depoimento que estava fazendo uma investigação por conta própria. Na conversa com o bandido, o tenente se ofereceu para transportar drogas e fazer a segurança do traficante ligado ao PCC.
Além do tenente, um outro policial militar também foi flagrado conversando com os bandidos. Os demais achaques constam de conversas entre integrantes da facção ou em diálogos deles com seus advogados. Além de cobrar pela libertação de bandidos detidos, os policiais teriam vendido provas apreendidas em pen drives e em computadores.
Recurso. A Secretaria da Segurança Pública espera agora a decisão do Tribunal de Justiça sobre os recursos do MPE contra a recusa da 1.ª Vara de Presidente Venceslau de se decretar a prisão preventiva dos 175 denunciados pela promotoria sob a acusação de participação no PCC. Ao todo, 62 dos acusados estariam em liberdade - a Segurança Pública queriam montar uma operação para detê-los.
Além de não decretar as prisões, a 1.ª Vara de Presidente Venceslau também se recusou a conceder os mandados de busca e apreensão pedidos pelo MPE sob a alegação de que eles eram imprecisos e genéricos. Para os 23 promotores que assinaram a denúncia, não há mais como se fazer buscas agora, pois, cientes do pedido, os criminosos tiveram tempo suficiente para esconder armas e drogas em outros lugares.
Durante os meses que antecederam a apresentação da denúncia, quatro reuniões foram feitas entre magistrados, promotores e representantes do Executivo no Tribunal de Justiça. Além de promotores envolvidos nas investigações, participaram dos encontros três secretários de Estado e magistrados.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.