Rodízio de 4 dias sem água e 2 com é o mais provável para São Paulo
Um rodízio de 4 por 2 (quatro dias sem água e dois com) é a saída mais provável que está sendo estudada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para tentar evitar o colapso completo do Sistema Cantareira.
Técnicos do governo Geraldo Alckmin (PSDB) defendem que a medida seja adotada na Grande São Paulo já a partir de março, caso a seca no maior manancial paulista continue crítica no próximo mês. Oficialmente, a Sabesp afirma que não há nenhuma definição sobre rodízio.
Segundo o Estado apurou, o rodízio de 5 por 2 cogitado nesta semana pelo diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, é considerado "inviável" dentro da própria companhia do ponto de vista operacional.
A medida poderia deixar moradores de bairros mais altos continuamente sem água, conforme explica Jorge Giroldo, especialista em engenharia hidráulica e professor da Fundação Educacional Inaciana (FEI).
"Vão parar de receber água automaticamente, assim que a pressão começar a ser reduzida. Os bairros de baixo, não. Vão continuar recebendo a água enquanto houver pressão, já que a água vai continuar descendo até acabar. Quando liberarem a água, vai encher as partes mais baixas da cidade para depois subir."
As declarações feitas por Massato, ao lado de Alckmin durante um evento na Grande São Paulo, na terça-feira, teriam, segundo pessoas ligadas à companhia, o objetivo de chocar a população com o cenário mais pessimista e reduzir os danos para a provável implementação de um rodízio severo, porém, "menos drástico".
Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo" apurou, a possibilidade de se adotar um rodízio 3 por 1 (três dias sem água e um com) está praticamente descartada pela companhia, uma vez que a economia que seria obtida com a medida equivale aos cerca de 8 mil litros por segundo que a Sabesp já poupa com a redução da pressão na rede, a ação mais eficiente no enfrentamento da crise, mas que tem deixado moradores da Grande São Paulo mais de 18 horas sem água.
De acordo com o secretário paulista de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga, o início do rodízio dependerá do volume de chuvas no mês de fevereiro na região dos reservatórios do Cantareira.
Neste mês, a quantidade de água que tem entrado no manancial (vazão afluente) corresponde a apenas 13,1% da média histórica mensal desde 1930 e está 42% pior do que janeiro de 2014, que havia batido o recorde de estiagem do manancial.
Se fevereiro deste ano for igual ou pior do que o do ano passado, quando a vazão afluente ficou 87% abaixo da média mensal, o colapso do Cantareira seria iminente e só poderia ser evitado ou adiado com a adoção de "rodízio drástico", no qual a Sabesp deve reduzir para ao menos 10 mil litros por segundo o volume de água retirado das represas, ante os atuais 14,6 mil litros por segundo.
Neste cenário, técnicos do governo defendem que o rodízio já seja adotado em março, o último mês do período chuvoso. O objetivo seria fazer o nível do Cantareira voltar a subir, evitando, assim, o uso de uma terceira cota de 41 bilhões de litros do volume morto do sistema, e estocando o máximo possível de água para atravessar a estiagem, até outubro.
A projeção, contudo, enfrenta resistência no núcleo político do governo, que teme desgaste à imagem de Alckmin. Em 2014, o governador repetiu em inúmeros eventos que o abastecimento de água da Grande São Paulo estava garantido até março de 2015. Neste cenário, se as chuvas não vierem, o rodízio seria adotado a partir de abril.
Ontem, o Estado revelou que o rodízio de dois dias com água e um dia sem proposto há um ano pela Sabesp e vetado pelo governo teria resultado em uma economia de 120 bilhões de litros em 2014, ou 4,2 mil litros por segundo. De acordo com a Sabesp, a economia alcançada com a redução da pressão e com o bônus aos consumidores foi maior no período.
Em nota, a Sabesp informou ontem que não há definição nem se haverá racionamento de água e uma "eventual decisão sobre o tema será comunicada de maneira transparente e com a devida antecedência" à população. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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