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Governador da Bahia chama governo federal de caloteiro e ataca Bolsonaro

22.jul.2019 - Rui Costa, governador da Bahia - Divulgação/Governo da Bahia
22.jul.2019 - Rui Costa, governador da Bahia Imagem: Divulgação/Governo da Bahia

Yuri Silva, especial para o Estado

Salvador

01/08/2019 19h12

Após ter desistido na última semana de inaugurar o aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista, ao lado do presidente da República Jair Bolsonaro (PSL), o governador da Bahia, Rui Costa (PT), pousou pela primeira vez na pista, na manhã de hoje, e criticou o chefe do Palácio do Planalto, insinuando que ele "não tem trabalho para apresentar", além de acusar o governo federal de "dar calote" no estado em obras que estão em andamento.

Em um discurso para plateia de apoiadores e correligionários, Costa afirmou que o "calote" soma uma dívida de R$ 520 milhões. "São obras que eles desejavam que eu parasse por falta de pagamento", disse.

"Mas eles não sabem ou esqueceram que o governador nasceu na favela, em um bairro chamado de Liberdade, e que meus ombros e minhas costas são curtidas e amadurecidos pela vida. Então, se eles acham que vão maltratar o povo da Bahia, dando calote no Estado para eu parar as obras, eles estão enganados", discursou.

De acordo com a Secretaria de Comunicação do governo da Bahia, dos R$ 520 milhões citados pelo governador no montante do "calote" alegado por ele, R$ 237 milhões são referentes aos corredores transversais de transporte coletivo (linhas azul e vermelha), R$ 132 milhões dizem respeito às obras do metrô Salvador-Lauro de Freitas e o restante está dividido em obras de contenção de encostas e intervenções na área de saúde.

O governo prometeu detalhar as obras de encostas e da saúde com seus devidos valores e enviar para a reportagem, mas não o fez até a publicação deste texto.

Procurada, a Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República disse que não se manifestaria a respeito das declarações do governador Rui Costa.

A viagem do petista tinha o objetivo de inaugurar a Policlínica Regional de Saúde, mas ganhou explícito teor de ato político diante do esquema montado e da quantidade de apoiadores, que lotaram a frente do aeroporto uma semana após Bolsonaro passar por lá.

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Um grupo expressivo de prefeitos da região e de deputados federais e estaduais da base política do governador, além de secretários das principais pastas do seu governo, aguardavam a chegada de Rui Costa.

O governador fez questão de transitar na área comum do aeroporto, até chegar à porta de saída do equipamento público, onde encontrou o grupo que o recepcionou. "Todos que não têm trabalho próprio para apresentar prefere falar dos outros", afirmou Costa, logo após a chegada, ao ser questionado por jornalistas sobre a polêmica com Bolsonaro e com aliados locais envolvendo o aeroporto.

Ele definiu a situação como "disse-me-disse da política" e alfinetou Bolsonaro, sem citar o presidente nominalmente, ao dizer que "tem pessoas que nasceram com vocação de trabalhar e tem pessoas que nasceram com vocação de falar".

"Eu prefiro ao invés de falar das polêmicas falar o trabalho. Como tenho muita coisa para falar de trabalho, vou economizar tempo", disse o governador da Bahia, que voltou a se referir ao governo federal e a Bolsonaro diversas vezes durante seu discurso.

Em um momento, disse que "tem gente que todos os dias no Brasil só faz ofender o povo das regiões, dos Estados" e que gostaria de ter visto o povo participando da inauguração do Aeroporto Glauber Rocha. Depois, endureceu o discurso ao citar o forte esquema de segurança usado pelo presidente da República na ocasião.

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O prefeito de Vitória da Conquista, Herzem Gusmão (MDB), aliado do presidente nacional do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, principal adversário político de Costa e alinhado nacionalmente a Bolsonaro, não apareceu ao evento de inauguração da policlínica.

"Esse daí não precisa de PM (Polícia Militar)", gritou um dos correligionários no meio da multidão, em certo momento da chegada, que aconteceu por volta de 10h. Na sequência, Costa entrou em um ônibus e seguiu para a agenda oficial.

A frase trata-se de uma provocação ao presidente Bolsonaro, que reclamou publicamente porque, durante a inauguração oficial do Aeroporto Glauber Rocha, o governador baiano não enviou efetivos da Polícia Militar para fazer a segurança da comitiva presidencial.

Em resposta, o petista afirmou que "quem tem governo impopular não deve sair de casa" e chamou a inauguração do aeroporto de "palanque político-partidário", além de afirmar que desistiu de participar porque não teve convites suficientes para seus correligionários.