PF adia depoimento de Moro no inquérito dos atos antidemocráticos
A Polícia Federal adiou o depoimento do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, no inquérito que apura a organização e o financiamento de manifestações antidemocráticas. Ele seria ouvido na tarde de hoje na condição de testemunha em interrogatório na Superintendência da PF em Curitiba.
De acordo com o escritório de advocacia Sánchez Rios, que representa Moro, a Polícia Federal alegou "questões técnicas e logísticas" para desmarcar o depoimento e ainda não informou uma nova data para a oitiva.
Segundo o Estadão apurou, o interrogatório de Moro não foi solicitado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) - tal como ocorreu com outras intimações da PF no curso do inquérito. O depoimento foi motivado em razão do ex-juiz da Lava Jato ter ocupado o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública na época dos fatos investigados.
O inquérito dos atos antidemocráticos tramita em sigilo no STF (Supremo Tribunal Federal).
A investigação foi aberta em abril, a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, depois que manifestações defendendo a volta da ditadura militar, intervenção das Forças Armadas e atacando instituições democráticas marcaram as comemorações pelo Dia do Exército em diferentes cidades do País.
A realização de atos simultâneos, com carros de som e peças de propaganda "profissionais", nas palavras da Procuradoria, ensejaram a apuração sobre a organização, divulgação e o financiamento desses eventos.
Além dos protestos físicos, o suposto lucro obtido por blogueiros, influenciadores e youtubers de direita com a transmissão ao vivo dos protestos chamou atenção do MPF (Ministério Público Federal).
A suspeita é que parlamentares, empresários e donos de sites bolsonaristas atuem em conjunto em um "negócio lucrativo" de divulgação de manifestações contra a democracia.
Nos últimos cinco meses, os delegados federais Igor Romário de Paula, Denisse Dias Rosas Ribeiro, Fábio Alceu Mertens e Daniel Daher, designados para conduzir as investigações, ouviram mais de 20 pessoas e intimaram outra dezena que deve ser interrogada nos próximos dias.
São empresários declaradamente bolsonaristas, deputados da base de apoio do governo, membros do Aliança pelo Brasil (partido político que o presidente tenta tirar do papel desde que rompeu com a ala que dirige o PSL), assessores da presidência, os filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Eduardo (PSL-SP) e Carlos (Republicanos-RJ), e donos de páginas nas redes sociais idealizadas para defender ideais conservadores.
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