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EUA alertam que guerra na Ucrânia pode afetar importante gasoduto russo-alemão

Porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price. - Reprodução/ Departamento de Estado dos EUA
Porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price. Imagem: Reprodução/ Departamento de Estado dos EUA

Da Ansa

27/01/2022 12h40Atualizada em 27/01/2022 12h58

Os Estados Unidos voltaram a subir o tom contra Rússia e alertaram nesta quinta-feira (27) que uma possível invasão na Ucrânia poderia afetar o gasoduto Nord Stream 2, o sistema que tem a capacidade de dobrar o fornecimento de gás à Europa.

"Quero ser muito claro: se a Rússia invadir a Ucrânia, de uma maneira ou de outra, o gasoduto Nord Stream 2 não seguirá adiante. Não entraremos em detalhes, mas trabalharemos com a Alemanha para garantir que isso não vá adiante", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, à rádio "NPR".

Até hoje, Washington não concorda com a decisão da Alemanha de fechar o acordo com a Rússia, em julho do ano passado, para a permitir que o Nord Stream 2 siga de Berlim para o território russo ao longo do Mar Báltico.

No entanto, o novo governo alemão parece concordar, ao menos, com sanções que afetariam a construção. Nesta quinta, a ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, afirmou ao Bundestag que a Rússia está se expondo a "graves consequências" em caso de agressão à Ucrânia.

"Estamos preparando um pacote de sanções fortes [...] que incluem, vários aspectos, também o Nord Stream 2", afirmou ainda a ministra.

Já o ex-presidente russo e vice-líder do Conselho de Segurança Nacional do país, Dmitri Medvedev, afirmou que "está 100% seguro que o Nord Stream 2 será colocado em funcionamento simplesmente porque os milagres não acontecem - e se há uma exigência econômica é preciso enfrentá-la".

Em entrevista à agência estatal russa Tass, Medvedev disse ainda que não acredita que os alemães deixarão de usar o gasoduto, que custou US$ 11 bilhões, só por conta dessa crise entre "ocidente e Moscou".

"Trata-se de comércio, de economia. Se para punir a Rússia, os alemães estão prontos a pagar o gás com preços ainda mais caros, com o dinheiro de seus cidadãos, que o façam. Mas nenhum político racional, pragmático, especialmente na Alemanha, fará isso", finalizou Medvedev.

Resposta ao tratado de paz

Nesta quarta-feira (26), o embaixador norte-americano na Rússia, John Sullivan, entregou formalmente as respostas de Washington sobre o tratado de paz feito por Moscou.

No entanto, o documento não faz concessões a um dos principais pontos exigidos pelos russos: o de não ampliar os países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) com ex-repúblicas soviéticas.

Moscou queria que a situação voltasse aos patamares de 1997, quando não haviam ex-soviéticos no grupo ocidental. No entanto, a resposta pode destravar as próximas fases de negociações diplomáticas.

Turquia

O presidente russo, Vladimir Putin, aceitou o convite de seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, para ir ao país debater uma possível mediação de Ancara à crise ucraniana.

A agência estatal Anadolu confirmou a informação, mas disse que ainda não foi marcada a data do encontro oficial. "Putin virá assim que seus compromissos e a situação da pandemia [de Covid-19] permitirem", informa a mídia.

Já Erdogan, que na última semana se manifestou publicamente sobre a possibilidade de intermediar a crise, tem uma viagem marcada para o início de fevereiro para Kiev, onde se reunirá com o mandatário ucraniano, Volodymyr Zelensky.

O líder turco tem uma ligação muito próxima tanto com Putin como com Zelensky, mas recentemente Moscou criticou a venda de drones do país para soldados ucranianos. Entre Turquia e Rússia também permanece distância na crise da Síria, onde ambos continuam em combates, mas em lados adversários.

No entanto, politicamente Erdogan e Putin se parecem bastante e mantêm fortes ligações políticas e econômicas.

China

Quem se manifestou publicamente pela primeira vez sobre a crise ucraniana foi a China, que publicou uma nota assinada pelo ministério das Relações Exteriores, Wang Yi, dizendo que para resolver o problema é preciso "voltar ao ponto original do novo acordo de Minsk". Para os chineses, o acordo de 2015 foi "reconhecido pelo Conselho de Segurança da ONU" e é "um documento político reconhecido fundamentalmente por todas as partes e deve ser aplicado eficazmente".

O ministro relatou ter conversado por telefone com seu homólogo norte-americano, Antony Blinken, sobre a crise. "Todas as partes devem abandonar completamente a mentalidade de Guerra Fria e formar um mecanismo de segurança europeu equilibrado e eficaz, sustentável apenas por meio de negociações", diz o comunicado.

Para Blinken, Wang ainda ressaltou que "são razoáveis as preocupações da Rússia em relação à segurança" e que isso "deve ser levado a sério e resolvido".