Rússia descarta guerra contra a Ucrânia e mantém via diplomática aberta
Após os Estados Unidos dizerem não às demandas da Rússia para colocar um fim ao contexto de crise na Ucrânia, o país eurasiático reagiu com cautela à situação, afirmando que uma guerra contra os ucranianos é "inaceitável" e mantendo a via diplomática aberta.
Ontem, os EUA rejeitaram, em resposta por escrito, a principal demanda da Rússia para colocar um fim à crise: fechar as portas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para o ingresso da Ucrânia.
Falando à imprensa, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, destacou que os EUA, na carta, "deixaram claro" que estão comprometidos em garantir "o direito dos Estados de escolherem seus próprios acordos e alianças de segurança".
Ainda assim, Blinken disse que, na resposta à Moscou, ofereceu um "canal diplomático sério" entre o mundo ocidental e os russos e que estava disposto a falar com o chefe da diplomacia do país eurasiático, Serguei Lavrov, "nos próximos dias".
Hoje, a Rússia retribuiu a sinalização dada por Blinken, com Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, dizendo que ainda havia espaço para um diálogo entre as partes — mas que os EUA parecem não estar levando muito em conta as exigências de Moscou.
"Não podemos dizer que nossas reflexões foram levadas em conta ou que foi demonstrada a vontade de levar nossas preocupações em conta", reagiu Peskov, em tom pessimista.
Já Lavrov, em comunicado, disse que "a questão principal" para os russos é a contrariedade ao "inaceitável" que é a "continuação da expansão da Otan para o leste e o envio de armas que podem ameaçar o território russo".
Ainda assim, na nota, ele deixou as portas abertas para o diálogo ao destacar que "há uma reação que permite esperar o início de uma discussão séria sobre questões secundárias".
Mais tarde, Alex Zaisev, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, pasta comandada por Lavrov, emitiu sinais de apaziguamento ao dizer que até mesmo a ideia de uma guerra entre Rússia e Ucrânia é "inaceitável".
"Já afirmamos repetidamente que nosso país não pretende atacar ninguém. Consideramos inaceitável até mesmo o pensamento de uma guerra entre nosso povo", afirmou ele, manifestando a ideia de russos e ucranianos como uma só comunidade.
Palco principal da crise, a Ucrânia manifestou hoje a perspectiva de que a Rússia deve seguir na via diplomática por, pelo menos, mais duas semanas — em fevereiro, haverá, em Berlim, na Alemanha, uma reunião entre as partes envolvidas na questão.
Já a China, pela primeira vez desde a escalada da crise na Ucrânia, que começou no fim do ano passado, se manifestou sobre a questão, pedindo que os EUA levem a sério as demandas da Rússia.
Segundo o país asiático, que é próximo de Moscou, a manifestação foi dada aos EUA em chamada entre o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, e Anthony Blinken, que conversaram ontem.
"Todas as partes deveriam abandonar completamente a mentalidade da Guerra Fria e formar um mecanismo de segurança europeu equilibrado, efetivo e sustentável por meio de negociações", insistiu o ministro Wang Yi.
Contexto da crise
Os russos temem que um avanço dos limites da Otan em direção à Ucrânia comprometam a segurança nacional da Rússia, tendo em vista que ambos os países são vizinhos.
Além do mais, parte da Ucrânia fala russo e muitos ucranianos inclusive se consideram como parte do povo russo — posição endossada por Moscou, tendo em vista o que foi dito mais cedo pelo porta-voz da diplomacia de Moscou.
Além dos EUA, integram a Otan a Alemanha, o Reino Unido e a França, entre outros países. Formada pós-Segunda Guerra Mundial, o grupo tem como base a premissa de que, caso algum membro seja atacado militarmente, todos se unirão em resposta.
Atualmente, há cerca de 100 mil militares russos posicionados na fronteira com a Ucrânia, incluindo em Belarus, país aliado de Moscou.
A região entre a Rússia e a Ucrânia é foco de tensões desde 2014, quando a Rússia anexou a então península ucraniana da Crimeia, o que aumentou o conflito entre as autoridades pró-Ocidente de Kiev e os separatistas pró-Moscou no leste do país.
A anexação da Crimeia se deu após o governo ucraniano pós-Rússia ter sido derrubado do poder do país. Desde então, Kiev tem travado um conflito com rebeldes pró-Rússia em Donbass, no leste da Ucrânia, que já deixou mais de 13 mil mortos.
* Com informações da AFP, da Reuters e da RFI, em Moscou (Rússia), Pequim (China) e Washington (EUA)
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