Rússia quer fim de sanções para desbloquear portos da Ucrânia
Em meio a preocupações com a crise alimentar no mundo por causa da guerra na Ucrânia, a Rússia disse nesta quinta-feira (19) que condicionará a abertura dos portos do Mar Negro à suspensão das sanções aplicadas pelo Ocidente.
Segundo o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Andrei Rudenko, citado pela agência Interfax, a principal causa pela atual crise alimentar são as punições "impostas contra a Rússia pelos Estados Unidos e pela União Europeia, que interferem no livre comércio normal, abrangendo produtos alimentícios, incluindo trigo, fertilizantes e outros".
"É preciso não apenas apelar para a Federação Russa, mas também analisar profundamente todo o complexo de razões que causaram a atual crise alimentar", ressaltou ele, afirmando que Moscou "reabrirá o acesso aos portos ucranianos se o Ocidente eliminar as sanções de exportação".
Respondendo a uma pergunta da Interfax sobre o apelo do diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos (PMA), David Beasly, à Rússia para abrir o acesso aos portos ucranianos para garantir a saída do grão, Rudenko defendeu que, para enfrentar a crise alimentar, "é necessário examinar de perto todo o conjunto de razões que a provocaram".
No início da semana, o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov, já havia dito que o Kremlin não impôs restrições nenhuma e não precisava rever nada. "As restrições impostas pelos Estados Unidos, países europeus e outros devem ser levantadas. São essas restrições que não nos permitem avançar", afirmou.
Em nota no Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, rebateu às declarações russas, enfatizando que Moscou "tem total responsabilidade não apenas por matar, torturar e estuprar ucranianos, mas também por pessoas famintas em todo o mundo, inclusive na África".
Hoje, na reunião do Conselho de Segurança da ONU presidida pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, Beasley disse que o mundo realmente está enfrentando "uma crise sem precedentes" e "o preço dos alimentos é nosso problema número um agora".
"Mas em 2023 haverá um problema de disponibilidade de alimentos. Quando um país como Ucrânia, que produz alimentos suficientes para 400 milhões de pessoas, está fora do mercado, cria volatilidade no mercado", garantiu o chefe do Programa Mundial de Alimentos.
O país é considerado um grande exportador de trigo, alimentando bilhões de pessoas. No entanto, os navios de guerra russos bloquearam as exportações pelos portos do Mar Negro, como Odessa, no sul da Ucrânia.
De acordo com o executivo, "a não abertura dos portos na região de Odessa será uma declaração de guerra à segurança alimentar global e resultará em fome, desestabilização e migração em massa em todo o mundo".
Por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que "cerca de 60% das pessoas subnutridas no mundo vivem em áreas afetadas por conflitos" e "nenhum país está imune".
"Em abril, o Programa Mundial de Alimentos e seus parceiros distribuíram alimentos e dinheiro para mais de 3 milhões dos ucranianos. Até março, seu país alimentou o mundo com alimentos abundantes", recordou o diplomata português.
Guterres explicou que "44 milhões de pessoas em 38 países estão em níveis de fome de emergência, a um passo da fome, e a guerra na Ucrânia está adicionando uma nova dimensão assustadora a esse quadro".
"A invasão russa da Ucrânia pôs fim às suas exportações de alimentos. Aumentos de preços de até 30% para alimentos básicos ameaçam países da África e do Oriente Médio, incluindo Camarões, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen", concluiu.
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