Implantação de UPP na Maré será uma das mais complexas, dizem analistas
Concluída a ocupação do complexo da Maré, conjunto de favelas na zona norte do Rio de Janeiro, neste domingo (30), governo e polícia começam a preparar o terreno para a pacificação da comunidade, considerada um desafio em meio à recente escalada de violência.
Segundo analistas ouvidos pela "BBC Brasil", a mistura de diferentes facções criminosas e milicianos agindo em áreas muito próximas e o ativismo de organizações não governamentais devem tornar complexa a implantação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) na Maré.
Neste domingo, a comunidade foi ocupada por mais de 1.000 policiais, com o apoio logístico da Marinha. Eles não encontraram resistência, e a operação foi concluída em 15 minutos, segundo a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro. Dois homens foram presos.
"A Maré é um desafio. Pelo tamanho, pela localização, pela quantidade de entradas que possui", disse a ativista Eliana Sousa Silva, da ONG Redes da Maré. Pelo menos três grupos de criminosos atuam nas 16 favelas do complexo, que, juntas, totalizam 130 mil moradores: o Comando Vermelho, o Terceiro Comando e uma milícia.
A situação piorou ainda mais nos últimos anos com a migração para a região de criminosos que fugiram de áreas pacificadas e traficantes e usuários de crack que saíram da favela de Manguinhos, segundo Silva.
"Depois da pacificação, aquele pessoal que usava crack em Manguinhos veio todo para cá. Isso gerou um outro problema para a Maré, de manhã, de tarde e de noite. O crack esta na ordem do dia", afirmou.
Ativismo
Aproximadamente 50 organizações não-governamentais brasileiras e estrangeiras atuam atualmente no complexo da Maré. De acordo com Silva, desde 2012, as ONG's realizam uma campanha para conscientizar moradores de seus direitos e evitar abusos e violações por parte das forças de segurança. A ação "Somos todos da Maré e temos direitos" teve início desde a ocupação do Complexo do Alemão em 2010 e é promovida pelas ONGs Redes da Maré, Observatório de Favelas e Anistia Internacional.
A mobilização deve desencorajar abusos por parte das forças policiais e militares e ajudar a detectar eventuais ações irregulares dos agentes públicos - o que torna mais delicada a gestão do governo.
Colaboraram Júlias Dias Carneiro e Jefferson Puff, da BBC Brasil no Rio de Janeiro
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