Testes anônimos ajudaram a conter covid-19 na Coreia do Sul
Quando surgiram rumores de que um grande número de infecções por coronavírus tinha começado entre homens gays que se divertiam no bairro de vida noturna mais badalado de Seul, as autoridades de saúde da cidade optaram pelo anonimato.
Testes anônimos foram realizados em clínicas para evitar a discriminação e o estigma enfrentados por homossexuais na Coreia do Sul, que poderiam dificultar a descoberta de casos. Em resposta, mais de 40 mil frequentadores da boate e seus contatos foram testados, ajudando a conter um surto em escala nacional que contaminou pelo menos 246 pessoas, informaram pesquisadores em um relatório divulgado na semana passada.
A abordagem de triagem e rastreamento de contatos foi reforçada por informações obtidas a partir de dados de localização de telefones celulares, histórico de pagamentos com cartão de crédito, registros de transporte público e imagens de circuitos fechados de vídeo.
É um exemplo do uso das ferramentas disponíveis para "conter rápida e efetivamente o que poderia ter sido um surto muito maior", disse o infectologista Isaac Bogoch, do Instituto de Pesquisas do Hospital Geral de Toronto.
"Esse é o padrão-ouro para conduzir rastreamento de contatos de maneira eficaz, especialmente em populações estigmatizadas", afirmou Bogoch em uma postagem no Twitter.
A Coreia do Sul tem sido amplamente elogiada pelo sucesso em conter a pandemia. Após um pico de mais de 800 casos por dia em fevereiro, o país de 52 milhões de habitantes conseguiu reduzir o número de novos casos relatados diariamente para menos de 100 desde o início de abril.
As infecções ligadas a boates no bairro de Itaewon coincidiram com a flexibilização das regras de distanciamento social, em 30 de abril. Esse foi também o início de um feriado prolongado que atraiu gente do país todo para esse bairro central conhecido pelos bares e boates frequentados por estrangeiros, restaurantes de luxo e barracas de espetinho.
Testes em grupo
Dos 41.612 testes para o coronavírus realizados durante as primeiras semanas de maio, 1.627 pessoas tiveram sua identidade preservada e uma delas testou positivo, de acordo com os pesquisadores. A ideia dos testes anônimos surgiu após a prefeitura consultar grupos de minorias sexuais para discutir formas de incentivar os testes entre homens gays.
"Por meio da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, comunicamos que as clínicas de triagem dos centros de saúde pública estavam realizando testes anônimos para a covid-19", escreveu Cho Ryok Kang, autoridade de saúde pública do governo metropolitano de Seul, no relatório elaborado com colegas. "Também anunciamos os testes anônimos pela mídia de massa."
A pesquisa, publicada na revista sobre Doenças Infecciosas Emergentes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, destaca medidas que o governo coreano implementou com sucesso para eliminar surtos desencadeados por um ou dois indivíduos altamente infecciosos ou "superdisseminadores".
"Apesar da baixa incidência de Covid-19 no período pós-pico da pandemia, a superpropagação relacionada a boates em Seul tem o potencial de provocar um ressurgimento de casos na Coreia do Sul", segundo os pesquisadores.
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