Biden, um vice-presidente loquaz, próximo e sincero assessor de Obama

Elvira Palomo

Em Washington

  • David Furst/AFP

    Joe Biden, vice-presidente dos Estados Unidos

    Joe Biden, vice-presidente dos Estados Unidos

Loquaz, próximo e com 35 anos de experiência no Senado e quatro como vice-presidente, Joe Biden, se transformou em um sólido pilar do governo de Barack Obama, com quem voltará a se apresentar para as eleições do dia 6.

"Em política externa, Biden é o vice-presidente dos Estados Unidos mais poderoso na história junto com seu antecessor, Dick Cheney", afirma a revista "Foreign Policy".

Biden acompanha Obama quando recebe a sessão informativa diária dos serviços de inteligência e nas sessões semanais com a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o secretário de Defesa, Leon Panetta, nas quais não hesita em intervir e posteriormente discutir em particular com o presidente para expor com franqueza suas opiniões.

Segundo confessou o próprio Biden, que concorreu com o presidente Obama nas primárias de 2008, ele só pôs uma condição para aceitar ser vice-presidente: "que em qualquer decisão importante, econômica ou política, pudesse estar na sala".

Biden, um democrata moderado disposto a dialogar com a oposição para conseguir leis bipartidárias, é um grande negociador que ajudou a definir a estratégia de segurança e as políticas de relações exteriores nas últimas décadas.

Quando Obama pediu em 2008 que Biden fosse seu companheiro na candidatura, este era presidente do Comitê de Relações Exteriores, e seu círculo mais próximo temia que ele ficasse reduzido a um papel sem importância e perdesse sua influência em política externa.

Eleições 2012 nos EUA
Eleições 2012 nos EUA

No entanto, seu conhecimento do meio e sua relação pessoal com várias figuras destacadas, além de sua experiência em política nacional, fizeram ele ter um papel excepcional como assessor e conselheiro de Obama, com quem forjou uma sólida aliança.

Nestes quatro anos, representou um papel central nas decisões da Casa Branca sobre a política dos EUA com Afeganistão, Rússia, China, Israel e mundo árabe, e os analistas asseguram que seu pragmatismo ajudou a fixar posturas mais firmes e não tão iludidas como quando Obama chegou ao poder.

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Biden viajou a Afeganistão, Paquistão, Bálcãs, Líbano, Geórgia e Ucrânia para abrir caminho a Obama e reafirmar as posturas estratégicas dos EUA.

Ele entrará para a história porque na cerimônia de promulgação da lei da reforma da saúde, ao ceder a palavra ao presidente, comentou ao seu ouvido enquanto estendia a mão e lhe cedia o lugar no púlpito: "This is a big fucking deal" ("Este é um acordo f...).

"Nunca digo nada que não sinta, e às vezes digo coisas que sinto que não deveria dizer", reconheceu em 2010 sob risos dos presentes em um ato de arrecadação de fundos.

Recentemente, deixou muitos boquiabertos quando disse em um comício na Virgínia, em frente a uma audiência composta majoritariamente por afro-americanos, que os grandes bancos apoiados por Romney "vão colocar novamente correntes em todos".


Não ficou atrás em maio, quando afirmou em um programa de televisão que estava "absolutamente à vontade" com o casamento homossexual, o que obrigou o próprio Obama a reconhecer seu apoio às uniões do mesmo sexo, não sem antes dar um puxão de orelhas em seu irreprimível vice-presidente.

Quando se sente cômodo em um auditório, não consegue se conter. Em uma reunião de um conselho hispânico, por exemplo, ao lembrar sua vida familiar, com avós, irmãos e tios em uma pequena casa, disse: "Com as paredes tão finas, me pergunto como meus pais puderam (ter relações sexuais)".

Sua loquacidade é uma conquista pessoal, já que quando criança lutou contra um problema de gagueira, e para se livrar das chacotas de seus companheiros trabalhou duramente decorando poemas e os recitando em frente a um espelho.

Joseph Robinette Biden Jr. nasceu em 20 de novembro de 1942 em Scranton (Pensilvânia). É o mais velho de quatro irmãos de uma família católica e humilde. Seu pai era vendedor de automóveis, o que o faz se identificar com os eleitores brancos de classe trabalhadora.

Após se graduar pela Universidade de Delaware e pela Escola de Direito de Syracuse, aos 29 anos se tornou um dos senadores mais jovens dos EUA.

Poucas semanas depois dessa eleição, morreram em acidente de trânsito sua primeira esposa, Neilia, sua filha de um ano, Naomi, e ficaram gravemente feridos seus dois filhos, Joseph "Beau" e Hunter.

A vida lhe voltou a sorrir quando em 1977 se casou com sua atual esposa, Jill, a quem Biden teve que pedir casamento cinco vezes, uma perseverança que usa tanto para defender suas ideias como para dar seus melhores conselhos ao presidente.

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