Paul Ryan, um ferrenho conservador com um roteiro para reduzir o déficit

Miriam Burgués

Em Washington

O candidato republicano a vice-presidente dos Estados Unidos, Paul Ryan, é um jovem político em ascensão de ideias fiscais conservadoras, líder intelectual de uma nova geração de ideólogos econômicos dentro de seu partido e idolatrado no movimento direitista Tea Party.

"Aos 42 anos, ele é exatamente a mesma pessoa de quando tinha 19: consciente, muito trabalhador e com um apetite insaciável para discutir ideias políticas", lembra César Conda, hoje chefe de gabinete do senador Marco Rubio e veterano conservador que o conhece há mais de duas décadas.

Ter apostado nele é arriscado para Mitt Romney, o candidato republicano à Casa Branca e mais moderado em questões econômicas e sociais, mas o certo é que dos candidatos a vice-presidente propostos, Ryan tem o perfil ideal para ajudar seu "chefe" a mobilizar as bases mais conservadoras.

Nascido em Janesville (Wisconsin), representa esse estado no Congresso desde 1999, quando tinha 28 anos, e atualmente preside o Comitê de Orçamentos da Câmara dos Representantes (Deputados).

Desde que chegou ao Congresso e se tornou o segundo político mais jovem na Casa decidiu continuar vivendo em Janesville, em vez de se mudar para Washington como a maioria. Lá ele construiu uma imagem de devotado pai de família fã de caça e de exercícios físicos.

Ryan se casou em 2000 com Janna Little, uma advogada graduada em espanhol que trabalhou em Washington para a empresa de consultoria Pricewaterhousecoopers, e o casal tem dois filhos e uma filha.

Eleições 2012 nos EUA
Eleições 2012 nos EUA

Formado em Ciências Políticas e Economia pela Universidade de Miami do estado de Ohio em 1992, Ryan é católico e trabalhou para o negócio de construção de sua família antes de começar sua carreira política. É o mais jovem de quatro filhos, e seu pai, advogado, morreu de um ataque cardíaco quando o político tinha 16 anos.

Jovem, mas experiente em Washington, Ryan não perdeu tempo e conseguiu tanto aplausos como críticas com suas ideias econômicas ultraconservadoras, alinhadas com as propostas dos simpatizantes do Tea Party. Nos últimos anos, ele tomou as rédeas da política orçamentária republicana, que prevê fortes cortes em programas sociais, educação e infraestruturas, e propõe transferir poder federal aos estados para reduzir o déficit.

  • 4626
  • true
  • http://noticias.uol.com.br/enquetes/2012/10/11/quem-voce-gostaria-que-fosse-o-novo-presidente-dos-eua.js

A primeira versão de seu "roteiro" para conseguir a redução da elevada dívida pública americana, cuja única verba intocável é a despesa em defesa, foi ignorada completamente em 2008 pelo então candidato presidencial republicano, John McCain.

Mas os bons resultados dos republicanos nas eleições legislativas de 2010, em boa parte devido ao triunfo de candidatos do Tea Party, deram asas a Ryan no Congresso e, em consequência, a seu plano.

A Câmara dos Representantes já o aprovou em duas ocasiões, mas a proposta sempre fracassou em um Senado controlado pelos democratas, e o próprio Romney o defendeu com algumas poréns.


"Hoje Ryan representa aproximadamente a metade dos seguidores de seu partido e é um apóstolo republicano do capitalismo de livre mercado e do governo limitado", segundo Erwin Hargrove, professor emérito da Universidade de Vanderbilt.

Os maiores riscos para Romney podem vir das tentativas de Ryan de abordar temas delicados como a reforma do Medicare, programa de atendimento de saúde para maiores de 65 anos e incapacitados que beneficia 49 milhões de americanos.

O plano de Ryan é privatizar parcialmente o Medicare até 2022, acabar totalmente com a reforma que estabelece o seguro médico obrigatório promulgada por Obama em 2010 e transferir parte do custo da Seguridade Social para o setor privado.

Em temas sociais como o aborto, ele também se mostrou mais conservador que Romney e considera que "a vida começa com a concepção".

No entanto, sempre deixou claro que serão as políticas do ex-governador de Massachusetts as que prevalecerão se ambos chegarem à Casa Branca.

Além de sua experiência como congressista, Ryan ajudou a lançar um programa de seu partido para recrutar e promover candidatos conservadores em cada cantinho do país.

Durante sua etapa no Congresso, votou a favor da invasão do Iraque e também do resgate à indústria do motor impulsionado pelo presidente Barack Obama após a crise de 2008.

Até Romney o escolher para ser seu número dois em julho, Ryan não era um político muito conhecido em nível nacional, e sua experiência em política externa é nula.

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

UOL Cursos Online

Todos os cursos