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Retrospectiva 2012: 'Ficha criminal' do ano termina com chacinas, canibais e massacre nos EUA

Do UOL, em São Paulo

17/12/2012 06h00

Esquartejamento de empresário em São Paulo, canibais em Pernambuco, brasileiro morto a choques na Austrália, jovens dizimados em chacina no Rio de Janeiro e estupro coletivo na Paraíba e na Bahia. A “ficha criminal” de 2012 não foi apenas extensa, como também rica em detalhes de crueldade com uma série de casos que chocaram o Brasil e o mundo.

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Em Garanhuns (PE), a 230 km do Recife, três pessoas foram presas, em abril, acusadas de crimes como assassinato, ocultação de cadáver, estelionato, falsidade ideológica e furto qualificado. No despacho do juiz local, porém, um complemento: as mortes de duas mulheres de que ocorreram “em contexto de extrema violência, canibalismo e rituais macabros”. O Ministério Público denunciou que “os acusados comiam carne humana e ainda a colocavam em empadas e salgadinhos que eram vendidos para as populações de Garanhuns e até Caruaru”.

Em maio, outro crime chocante. Marcos Matsunaga, diretor da Yoki Alimentos, 42, foi assassinado. A mulher do empresário, Elize, 30, confessou ter atirado nele, esquartejado o corpo e jogado as partes em Cotia após uma discussão movida pela descoberta de que ele a traía.  À polícia, Elize disse ter se sentido ameaçada de perder a guarda da filha caso se separasse.

A decisão sobre realização ou não de júri popular deve sair em 2013, quando Elize e a amante do marido devem depor. A defesa do caso pediu, em dezembro, a exumação do corpo para elucidar "contradições no depoimento do perito". O MP vai analisar o pedido.

Também em dezembro, foi descoberta uma conversa gravada com a polícia em que Elize se diz ameaçada pelo marido.

A região metropolitana de Belo Horizonte foi cenário para duas adolescentes de 13 anos matarem uma garota de 12 e cortarem seu tórax para retirar o coração, em São Joaquim de Bicas (MG).

Elas confessaram o crime e foram internadas em um centro de reabilitação na capital por tempo indeterminado.

Em setembro, a estudante Katerine Witkoski, 19, foi esfaqueada pelo próprio pai, na cabeça, durante uma discussão de família. O caso aconteceu em Americana (126 km de São Paulo).

A mãe da jovem também foi atacada e ferida, mas ambas sobreviveram. Já o agressor, o médico Elton Andreis Witkoski, 45, morreu ao se jogar do sétimo andar do prédio em que morava com a família. Segundo a polícia, ele era usuário de álcool e remédios controlados.

Também em setembro, o ex-policial militar Florisvaldo de Oliveira, 53, conhecido como Cabo Bruno, foi morto a tiros um mês após ter ganho a liberdade. O crime aconteceu em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba (SP), e a polícia suspeita que ele foi assassinado por encomenda de alguma organização criminosa.

Cabo Bruno cumpriu 27 anos de uma pena superior a 117 anos pela condenação em sete processos - no total, ele era acusado de mais de 50 homicídios ocorridos na década de 1980. Essa série de crimes, a grande maioria na zona sul de São Paulo, lhe deu a fama de justiceiro e matador de bandidos.

Causou comoção ainda, em setembro, a chacina de seis jovens mortos por traficantes em um parque próximo à favela da Chatuba, em Mesquita, na zona oeste do Rio de Janeiro. Ao todo, 14 pessoas foram acusadas de promover a matança.

Estupros coletivos

O Brasil ainda sofreu com dois casos de estupros coletivos. O primeiro, em fevereiro, foi em Queimadas, na Paraíba, onde dez homens - três deles, adolescentes - teriam planejado uma festa com a finalidade de estuprar as convidadas.

As cinco vítimas foram amarradas, tiveram os olhos vedados e foram violentadas. Duas mulheres que reconheceram os agressores foram assassinadas.

Em outubro, seis dos sete réus foram condenados a penas que variam de 27 a 44 anos de reclusão. Os adolescentes cumprem medida socioeducativa. Acusado de ter planejado o crime, Eduardo Pereira dos Santos, 35, irá a júri popular no ano que vem.

O outro caso ocorreu em agosto, em Ruy Barbosa (a 320 km de Salvador), quando integrantes do grupo de pagode New Hit teriam violentado duas fãs de Itaberaba dentro de um ônibus estacionado na praça Santa Tereza, no centro da cidade.

As duas adolescentes estavam em uma micareta e pediram autógrafos e fotos aos músicos. Segundo a acusação, foram levadas ao veículo, onde foram violentadas e agredidas. Os nove integrantes e um policial militar que fazia a segurança do grupo no dia do crime foram denunciados no fim de outubro.

Brasileiro morto na Austrália

O brasileiro Roberto Curti foi morto pela polícia, em Sydney, na Austrália, em março. Ele recebeu ao menos 14 choques com armas Taser - o que acabou levando-o a morrer -, foi jogado ao chão e teve spray de pimenta pulverizado contra o rosto. O jovem de 21 anos estava sob efeito de LSD e era suspeito de ter assaltado uma loja de conveniência minutos antes da abordagem – o que, na verdade, não havia ocorrido.

Em novembro, a encarregada de revisar a ação policial concluiu que a corporação agiu de forma “selvagem” e “imprudente” com o estudante.

Nos EUA, um atirador matou 12 pessoas dentro de um cinema no Colorado. James Holmes invadiu uma sala que exibia o terceiro capítulo da saga "Batman" e começou a disparar aleatoriamente. Doze morreram e outras 58 pessoas ficaram feridas no massacre.

Para cada uma das vítimas, Holmes foi indiciado duas vezes: por homicídio em primeiro grau e em segundo grau "com indiferença depravada". Ele ainda não teve a pena determinada e segue preso. As autoridades afirmam que Holmes alegou ser o Coringa, inimigo de Batman nos quadrinhos.

No dia 14 de dezembro, outro atirador matou 26 pessoas após invadir uma escola primária em Newtown, perto de Nova York. Das vítimas, 20 eram crianças entre 6 e 10 anos. 

Outros seis adultos foram mortos pelo atirador, identificado como Adam Lanza, 20, que, antes de invadir a escola, matou a mãe em casa, com vários tiros. Lanza tirou a própria vida após o massacre.

Nos Alpes franceses, uma família foi vítima de uma chacina. Saad al-Hilli, engenheiro britânico de origem iraquiana de 50 anos, foi encontrado assassinado com um tiro junto com a mulher e a sogra em um carro numa estrada montanhosa perto do vilarejo de Chevaline, não muito longe das fronteiras suíça e italiana. Um ciclista francês também foi encontrado morto a tiros próximo ao local.

O agressor também tentou matar a filha de sete anos da família britânica, batendo na cabeça dela depois de ter ficado sem munição. A garota acabou sobrevivendo após ficar por oito horas sem se mexer debaixo dos corpos da mãe e da avó. Até agora, a polícia não conseguiu encontrar nenhum suspeito nem entender as motivações do crime.