Orgulho do meu cabelo, da minha pele e do meu amorzinho

Esta é a versão online para a edição desta terça-feira (23/01) da newsletter Nós Negros. Para assinar esse e outros boletins e recebê-los diretamente no seu email, cadastre-se aqui.

O jogo virou. A julgar pelas buscas no Google, os brasileiros já pesquisam mais sobre "cabelo crespo" do que por "alisamento". Alvos históricos de ataques, as madeixas de pessoas negras estão consistentemente virando símbolo de orgulho.

O CABELO... E as mulheres estão na dianteira desse movimento. Tanto é que as procuras na internet por "transição capilar" dispararam.

"Meu cabelo representa a minha história, a minha raiz."
Kamila Albino, engenheira e criadora de conteúdo

A PELE... E, por causa da pele, tem mulher reencontrando razões para se amar ao se olhar no espelho, como é o caso da cantora e compositora Kimani: "Esse processo de amor levou tempo. Passei a infância me odiando e perguntando por que Deus tinha me feito com a pele que nasci. Foram 25 anos me odiando e três recentes anos me amando".

O AMORZINHO... Universa mostrou ainda como, no afeto do dia a dia, casais negros experimentam o amor e acolhem dores e aprendizados juntos. Há 46 anos juntos, Francisca e Rauzino Viana são um dos exemplos. "Eu sempre amanheço debaixo da manta dele", diz ela. "A vida é difícil e tem muitos casais que não ficam nem um ano juntos. Eu tenho uma parceira ao meu lado e, graças a Deus, sou feliz", completa ele.

***

DESCAMINHOS... Os historiadores Itan Cruz e Ana Flávia Magalhães respondem a pergunta: Por que a história do Brasil 'escolheu' esquecer trajetórias negras?

DESCAMINHOS [2]... Uma professora de história do Colégio Vitória-Régia, de Salvador, foi afastada por abordar o livro de contos "Olhos D'água", da escritora mineira Conceição Evaristo. A justificativa: parte dos alunos considerou a linguagem da obra imprópria e afirmou que não gostariam de lidar com uma dor que não é deles.

DESCAMINHOS [3]... Sem saber do caso da Bahia, o rapper Rico Dalassam disparou esta frase durante o evento "Origens: Passos que Vêm de Longe": "É histórico que desde os primórdios, homens pretos fazem músicas e elas ficam conhecidas pelas mãos de homens brancos".

DESCAMINHOS [4]... Criada para preservar a cultura negra, a Fundação Palmares resolveu cruzar os braços durante o mês da Consciência Negra. Seu presidente, o jornalista, Sérgio Camargo ainda ironizou, sugerindo novos nomes para a data, como Dia do Culto ao Ressentimento pelo Passado.

***

CAMINHOS... Ecoa relembrou mulheres e homens que têm fortalecido lutas pela igualdade.

***

DE VÍTIMA A ALVO... O estivador de navios Alberto Meyrelles de Santa Anna Júnior, 39, foi preso após ser acusado de participar de um assalto feito com seu veículo. Detalhe: o carro foi roubado dele no mesmo dia (tem B.O. e tudo), e a única prova contra o homem negro foi o reconhecimento por foto 3x4 de um documento no interior do automóvel.

***

É PARA RIR... Humoristas negros fazem 'reparação histórica' no Theatro Municipal com piadas para gargalhar e rir de nervoso.

***

É PARA CHORAR... Após um ano da morte de João Alberto, a família tenta recomeçar. O pai evita ir ao Carrefour, e a viúva deixou de ouvir as músicas de que o companheiro gostava.

***

A CAMINHADA... Entregador paulista pedala mais de 5,7 mil quilômetros de São Paulo ao Acre.

***

ENTÃO É NATAL... Pela 1ª vez em 66 anos, parques da Disney passam a ter Papais Noéis negros.

***

PEGA A VISÃO

"No julgamento alguém disse que sabia o que eu estava sentindo no momento, mas isso é impossível. Não sabe e provavelmente nunca vai entender o que senti na pele. É muito simples ter o poder de julgar e pronto, mas sentir na pele, essa pessoa nunca sentiu."
Celsinho, meio-campista do Londrina

O jogador comentou a decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que abrandou a punição ao Brusque e devolveu os três pontos ao clube. Em jogo pela Série B, o dirigente do Brusque, Júlio Antônio Peternann, ofendeu Celsinho com xingamentos racistas.

***

DANDO A LETRA

"Informes sigilosos dos órgãos de repressão das Forças Armadas mostram que os bailes eram considerados ambientes subversivos, propícios a explorar "o orgulho da 'negritude', o conflito de raças, as rivalidades socioeconômicas de partes do Grande Rio, a corrupção policial". A descrição consta de um "pedido de busca" do Serviço Nacional de Informações, de outubro de 1976, em que se lê na linha do assunto: "Black Rio"
Chico Alves, colunista de Notícias, em "Reprimida na ditadura, cultura negra segue vista com suspeita por militares"

• Ainda em Notícias, Chico Alves escreve "Filho de João Cândido critica veto da Marinha: 'Meu pai é herói do povo'", enquanto Ronilso Pacheco analisa que "Pré-campanha para 2022 não dá lugar a negros e negras" e André Santana provoca: "E se 20 de novembro fosse também o dia da consciência para os brancos?";
• Em Splash, Marcelle Carvalho ouve de Arlete Salles: 'Difícil foi lidar com ódio e rancor em 'Eu, a Vó e a Boi';
• Em Esporte, Tinga escreve que "A melhor consciência é a oportunidade e sempre ter respeito", enquanto Eliana Alves Cruz reflete em "Novembro negro: Lewis Hamilton, Celsinho e um país que não se reconhece";
• Em Universa, Cris Guterres afirma que "'Insecure' revoluciona imagem das mulheres negras";
• Em VivaBem, Alexandre Silva pergunta: "Você tem cuidado da sua memória para envelhecer bem?"; enquanto Elânia Francisca questiona: "Saudável e abusivo: o que ensinamos para adolescentes sobre amor romântico?"; e Larissa Cassiano pontua "Não há mais espaço para violência obstétrica contra mulheres negras";
• Em Tilt, Akin Abaz propõe: "Está mais difícil de fazer amizades na fase adulta? Estes apps podem ajudar", enquanto a Quebrada Tech manda a real: "5G vem aí, mas o próprio 4G ainda amplia desigualdade digital na periferia";
• Em Ecoa, Dona Jacira escreve sobre sua "Voz de Vó"; Alexandre Ribeiro fala de "Betânia Schröder: das favelas de Recife até Frankfurt, Alemanha"; e MM Izidoro ouve de Ludacris: "Se você não pode cuidar de si mesmo, não pode cuidar de ninguém".

***

SELO PLURAL

Neste episódio de Conversa de Portão, Semayat Oliveira e Gabrielle Abreu, integrante do Mulheres Negras Decidem, discutem o futuro da Esquerda com duas parlamentares negras de países diferentes. Do Parlamento de Portugal, vem a professora Beatriz Gomes. Da Assembleia Legislativa São Paulo, vem a educadora e artista plástica Erica Malunguinho.

***

#TBT

Tranças que ultrapassam a altura do quadril e ganham evidência onde quer que suas donas estejam: no sofá, na mesinha de um café ou nas fotos das redes sociais. Mas como cuidar delas? Que modelo escolher? Universa reuniu os relatos de diversas mulheres para você se inspirar.