Topo

As bikes roubadas do Leblon

O instrutor de surfe Matheus Ribeiro foi acusado por um casal de jovens de ter roubado a própria bicicleta, pela qual pagou R$ 4.500 - Divulgação
O instrutor de surfe Matheus Ribeiro foi acusado por um casal de jovens de ter roubado a própria bicicleta, pela qual pagou R$ 4.500 Imagem: Divulgação

14/12/2021 07h00

Esta é a versão online para a edição desta terça-feira (14/12) da newsletter Nós Negros. Para assinar esse e outros boletins e recebê-los diretamente no seu email, cadastre-se aqui.

Acusado de roubar a própria bicicleta elétrica no Leblon, área nobre do Rio, o instrutor de surfe Matheus Ribeiro passou de vítima a culpado. Nesta semana, quase seis meses depois do caso, a denúncia contra ele foi arquivada.

PEDALADA... O vídeo rodou o Brasil. Ciosa para saber se Ribeiro roubou a bike em que estava montado, um casal formado por um rapaz e uma moça brancos só se dá por satisfeita após tentar sem sucesso abrir o cadeado do veículo. Dias depois, a reviravolta. A denúncia por calúnia não andou, mas polícia apreendeu a magrela e indiciou Ribeiro. A bike que ele havia comprado por R$ 4,2 mil tinha sido roubada. O inquérito por interceptação só foi arquivado nos últimos dias.

IRONIA... Também dias depois, a polícia prendeu o verdadeiro ladrão, um homem branco conhecido por furtos na região e apelidado de Loirão.

IRONIA [2]... Hoje, uma das regiões o com metro quadrado mais caro do Brasil, o que afasta negros de morar por lá, o Leblon já foi no passado o reduto de abolicionistas, que acolhiam escravizados fugidos.

***

FOTO 3X4... Após 20 dias preso pela suspeita de um roubo, o supervisor de cargas Alberto Meyrelles de Santa Anna Júnior, 39, foi solto. Ele foi para a cadeia após policiais encontrarem a carteira dele, roubada dias antes, no carro usado pelos assaltantes.

"Passei dias tentando provar minha inocência. O pior de tudo é você ser inocente e ir preso por algo que você não fez, isso que é triste, a maior injustiça. Mas a Justiça não vê isso, não lê o processo. Aí, o pobre que sempre paga pelo erro"

***

AS VÍTIMAS... Antes de morrer, os meninos de Belford Roxo (RJ) foram vistos com sacos de pão, gaiolas de passarinhos e indo a uma feira.

OS ALGOZES... Quatro suspeitos de envolvimento no assassinato do trio possuíam extensa ficha criminal: associação para o tráfico, homicídio e tortura estão entre os crimes.

***

PEGA A VISÃO

andré - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
André Santana, colunista do UOL
Imagem: Arquivo Pessoal

Não saber quem é Gkay não faz de ninguém superior aos 17 milhões de seguidores da humorista no Instagram e aos outros milhares que se interessaram por ela a partir da badalada festa. Muita gente aproveitou para se colocar em um 'grau elevado' por não estar inteirado do universo das estrelas da cultura de massa, muitas produzidas e reconhecidas a partir da internet
André Santana, colunista de Notícias, em "Não saber quem é GKay não faz de você melhor que ninguém"

***

DANDO A LETRA

marcelo - Fernando Moraes/UOL - Fernando Moraes/UOL
Imagem: Fernando Moraes/UOL

Muito tem se falado na pauta climática sobre soluções baseadas na natureza. E eu digo que tem que ser soluções baseadas na natureza e no território. Tem que pensar o que é esse espaço, quem são as pessoas que moram ali.
Marcelo Rocha, ativista

Engajado em causas desde adolescente, o fundador do Instituto Ayika contou a Ecoa como sua luta envolve mudança do clima, raça e território.

***

SELO PLURAL

papo - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

"A própria política do país considera e reforça a leitura como um comportamento de elite. Sempre li Machado de Assis, mas não sabia que ele era negro, a foto de referência nos livros não mostra"
Volp, escritor e roteirista

O filho de uma professora e diretora de escola sempre teve dificuldade em encontrar referências negras nos muitos livros que a mãe levava para casa. Neste episódio de Papo Preto, ele conversa com Yago Rodrigues sobre a falta de negros na literatura e como ele está trilhando o seu caminho para tentar se tornar referência para futuras gerações.

***

#TBT

pelourinho - Douglas Cometti/Folhapress - Douglas Cometti/Folhapress
Vista geral do Pelourinho, bairro no centro histórico da cidade de Salvador (BA)
Imagem: Douglas Cometti/Folhapress

Não é só o Leblon que ergueu prédios luxuosos sobre as memórias da presença de pessoas negras. Ecoa já contou como diversos grupos reconstroem narrativas apagadas pelo racismo por meio de roteiros urbanos, livros e mapas. Do Anhangabaú e o Pátio do Colégio, no centro de São Paulo, ao Cais do Valongo, no Rio, essa galera mostra como as histórias de pessoas negras foi enterrada debaixo de muito concreto.