Chuvas em Pernambuco: "De tempos em tempos a gente perde tudo"
Esta é a versão online para a edição desta sexta-feira (03/06) da newsletter Nós Negros, que hoje relata o drama das famílias que vivem em Pernambuco e foram afetadas pelas chuvas, além de outros destaques. Para assinar esse e outros boletins e recebê-los diretamente no seu email, cadastre-se aqui. Para receber outros 10 boletins exclusivos, assine o UOL.
As histórias de perdas no entorno do rio Capibaribe, o principal do estado de Pernambuco, são muitas. O total de desabrigados em decorrência das fortes chuvas na região passa de 6 mil moradores, segundo a Defesa Civil, e ao menos 120 pessoas morreram. Cerca de 62,6% da população do estado é negra, de acordo com o IBGE.
Em poucos minutos a maré já estava na minha cintura. Só deu tempo de pegar meus filhos e chegar até a casa da minha mãe, que fica um pouco mais em cima"
Camila Barbosa da Silva, 24
Dona de casa, Camila Barbosa da Silva, 24, mora na comunidade ribeirinha B13, na zona oeste, e perdeu todos os móveis. Ela disse que nunca viu a água do rio subir tanto e tão rápido e estava apreensiva temendo pela segurança dela e dos filhos pequenos, de 2 e 5 anos. Danieli Maria Santana de Oliveira, 37, também estava em casa com os três filhos e a neta quando a chuva ficou mais intensa. É a terceira vez que sua casa é levada pela cheia causada pelas chuvas na região. "De tempos em tempos a gente perde tudo de novo", diz.
Imagens e vídeos das localidades atingidas mostram os estragos na região. A tragédia deste ano supera chuvas e cheias de 1975, quando 107 pessoas morreram no estado. A enchente de maio de 1966 matou 175 pessoas e continua como o maior desastre da história de Pernambuco.
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DECISÃO... Prestes a completar dois anos da morte de Miguel Otávio Santana da Silva, a Justiça condenou Sari Corte Real a oito anos e seis meses de prisão pela morte do menino, após ele cair do 9º andar de um prédio de luxo em Recife. Mirtes Renata Souza, mãe de Miguel, considerou a pena branda e vai recorrer para que a punição seja ampliada.
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A DOR QUE FICA... A mãe do ex-militar da Marinha, Douglas Costa Inácio Donato, 23, morto na chacina da Vila Cruzeiro, detalhou a angústia entre o sumiço do filho e a localização do corpo. "Meu filho era tudo pra mim. E me tiraram isso", disse ao UOL. No total, 23 pessoas foram mortas na operação policial - ao menos 16 não tinham mandado de prisão em aberto.
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COTA... O Itamaraty fez um acordo para reavaliar duas candidatas negras que haviam sido rejeitadas como cotistas há cinco anos. Verônica Tavares, ex-militante do movimento negro, e Rebeca Mello, quilombola, vão ser avaliadas por uma comissão que vai indicar se considera elas negras ou brancas.
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BLACK SERVICE... Imagine ser dono de um carro pintado exatamente com a cor da própria pele. O cantor Seu Jorge teve essa ideia concretizada no VW Fusca 1979 que ele mandou restaurar e batizou como Black Service. A expressão na língua inglesa pode ser traduzida como serviço de preto, termo de cunho racista ao qual o músico e ator quis dar novo significado. O que você pensa sobre?
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DESPEDIDA... O ator Milton Gonçalves morreu aos 88 anos. Com longa carreira no teatro, cinema e na televisão, ele fez parte do primeiro elenco de atores da Rede Globo e atuou em mais de 40 novelas. O corpo do ator foi velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
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DANDO A LETRA
O trabalho de inteligência, quando bem feito, pode reduzir a níveis mínimos a ocorrência de confrontos como o de ontem, travado em meio a cidadãos inocentes, como a criança que acabou baleada".
Chico Alves, Jornalista
Em Notícias, Chico Alves discute a trágica rotina do Rio, onde crianças convivem com tiros e risco de morte, e André Santana lembra que a 1ª associação civil negra completa 190 anos e faz vaquinha para vídeo documentário.
Em Ecoa, Eduardo Carvalho mostra iniciativas sustentáveis desenvolvidas na periferia em: a favela dá a solução, e o Café com Dona Jacira propõe a reflexão: Viver, ser feliz ou pagar o preço?
Já em Universa, Ana Paula Xongani fala de moda e linguagem nos looks escolhidos para a Virada Cultural de São Paulo.
Em VivaBem, Larissa Cassiano lembra que saúde sexual é saúde e relata que pesquisa mostra o benefício de vibradores.
E em Tilt, Akin Abaz dá dicas para proteger os dados de sua empresa de ataques virtuais.
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PEGA A VISÃO
Banalizaram esse tipo de brincadeira e a questão racial na nossa sociedade. Isso é muito grave. Se ocorreu na sala de aula, é preciso dar um basta. Ele [aluno] está ali para aprender. Se não for feito algo, não for tomada alguma atitude, ficará pior."
Maristela Santos, professora vítima de injúria racial
A professora Maristela Santos, que mora e trabalha na cidade gaúcha de Campo Bom (RS), relata que sofreu, por diversas vezes, injúria racial dentro da sala de aula de um colégio da rede municipal. "[Alunos] imitavam sons de macaco quando eu me virava de costas em sala. Difícil ter calma depois de passar por isso", contou. Ela fez um boletim de ocorrência por injúria racial e o caso está sendo apurado pela polícia.
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SELO PLURAL
A jovem Luana Melinka Cárcamo Aranda, 22, se mudou de Santiago do Chile para São Paulo quando tinha 6 anos. Na nova cidade, passou a ter aulas de jazz e balé em uma associação em que a avó era voluntária. De lá pra cá, o amor pela dança também nutriu um desejo de transformação no bairro onde mora: há cerca de um ano, ela criou a Cia Livre de Dança e Cultura no Jardim São Luís, distrito da periferia da zona sul de São Paulo (SP).
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