Topo

ANÁLISE

Na reta final, o que podemos concluir do BBB com a maior presença negra?

BBB 23: Fred Nicácio puxa brothers negros para foto - Reprodução/Globoplay
BBB 23: Fred Nicácio puxa brothers negros para foto Imagem: Reprodução/Globoplay

Do Núcleo de Diversidade do UOL

20/04/2023 12h38

Esta é a versão online da newsletter Nós Negros enviada hoje (20). Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu email, nas próximas semanas? Cadastre-se aqui.

***

O BBB 23 é a edição com a maior participação de pessoas autodeclaradas negras: 11 brothers e sisters das mais variadas personalidades (de um total de 22), tons de pele, realidades e locais do país - e também fora dele, como é o caso da angolana Tina.

O jogo só tem um vencedor e, nas últimas semanas, os participantes negros foram eliminados pelo público em sequência: Marvvila, Gabriel Santana, Fred Nicácio, Cezar Black, Sarah Aline e Domitila - que era uma das favoritas ao prêmio e pode gerar um "problemão para a Globo" com a sua saída, segundo o colunista do UOL Chico Barney.

Restam duas pessoas negras na casa (entre cinco finalistas): Aline Wirley e Ricardo Alface, que está no paredão e pode não chegar à final que acontece na próxima terça (25).

Durante a edição, não foram poucas as discussões raciais como o caso de intolerância religiosa que envolveu Nicácio, Cristian, Gustavo e Key, a pluralidade negra a partir da pose para a foto com todos os tons de pele na casa e a "descoberta da negritude" de Paula.

Isso sem falar das análises assertivas sobre o tema que a psicóloga e analista de diversidade Sarah Aline fez durante sua participação, das infinitas discussões entre César e Alface, enquanto dois homens negros, e às críticas a Aline Wirley por sua postura no jogo.

Tudo isso mostra que, pela primeira vez, o BBB subiu a régua sobre refletir o quanto é complexo ser negro no Brasil.

Sem entrar no mérito da edição do programa e as narrativas que ele impôs, pudemos ver em rede nacional e aberta que mulheres negras e homens negros são complexos, têm perspectivas e objetivos de vida diferentes, ainda que a cor da pele sempre os coloquem socialmente, e por vezes economicamente, em um mesmo lugar.

Leia mais:

***

MEMÓRIA... Um roteiro oferecido aos fins de semana em Curitiba (PR) está recontando a história da capital paranaense a partir de um ângulo por vezes esquecido: o de sua população negra. Cerca de 14 mil pessoas, entre turistas e moradores, já percorreram a rota.

ADRENALINA... O heptacampeão de F1 Lewis Hamilton e o ator Idris Elba disputaram uma corrida de carro elétrico no deserto para a produção do documentário 'Idris e Hamilton Race The Desert', que irá ao ar ainda este ano.

DECISÃO... A Justiça de São Paulo condenou o Bourbon Shopping a pagar indenização de R$ 10 mil por danos morais a um menino negro que foi impedido de entrar no estabelecimento por seguranças.

***

PEGA A VISÃO

"Enquanto pessoa preta eu me sinto representada e privilegiada em me ver na tela. Quando eu falo em me ver, digo em relação aos meus pares. Eu acho que é assim que as pessoas pretas e suburbanas vão se sentir. Estamos falando de pessoas reais, pessoas que existem, como uma tia, uma mãe, uma amiga"
Vilma Melo, atriz

Luis Miranda (Eraldo) e Vilma Melo (Olímpia) são os protagonistas da série Encantado's - Sergio Zalis/ TV Globo - Sergio Zalis/ TV Globo
Luis Miranda (Eraldo) e Vilma Melo (Olímpia) são os protagonistas da série Encantado's
Imagem: Sergio Zalis/ TV Globo

Após estrear no Globoplay em 2022, a primeira temporada da série "Encantado's" vai ocupar a faixa das 22h da Globo a partir de 2 de maio. Criada por roteiristas negras e 90% do elenco preto, a série de comédia gira em torno de uma família suburbana. A atriz Vilma Melo interpreta Olímpia Ponza, proprietária e gerente-geral do Encantado's, supermercado que herdou do pai.

***

A HISTÓRIA DA HISTÓRIA

Carlos Alberto Caó - Acervo PDT - Acervo PDT
Carlos Alberto Caó
Imagem: Acervo PDT

Há mais de 30 anos o racismo passou a ser tipificado como crime no Brasil. O responsável por essa lei foi o baiano Carlos Alberto Caó, que junto a outros especialistas negros, participou da elaboração da Constituição Federal. Advogado e jornalista, Caó era deputado federal quando a lei de sua autoria foi sancionada em 5 de janeiro de 1989.. Saiba mais.

***

DANDO A LETRA