ONU recebe documentos da Síria sobre adesão a convenção de armas químicas

A ONU afirma que recebeu nesta quinta-feira (12) documentos da Síria sobre a adesão do país ao tratado global contra as armas químicas, algo que o governo do presidente sírio, Bashar Assad, prometeu como parte de um acordo para evitar um ataque dos Estados Unidos.

A Síria cumprirá com as condições da iniciativa russa sobre seu arsenal químico apenas se os EUA deixarem de ajudar os rebeldes e de ameaçar Damasco, declarou o presidente Bashar Assad em uma entrevista nesta quinta-feira (12) à TV russa.

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"É um processo bilateral", declarou o presidente sírio, segundo a tradução em russo de suas declarações. "Quando virmos que os EUA querem efetivamente a estabilidade na região, que deixa de ameaçar e tentar atacar, e entregar armas aos terroristas, então consideraremos que podemos realizar os procedimentos até o final e que serão aceitáveis para a Síria", completou.

Assad disse ainda que seu país vai começar a repassar informações sobre o arsenal um mês após aderir à convenção contra uso de armas químicas.

Rússia foi responsável por decisão

Segundo Assad, a decisão da Síria de ceder o controle de suas armas químicas foi resultante da proposta russa.

"As ameaças dos EUA não influenciaram a decisão", disse Assad na entrevista, segundo a agência "Interfax".

Russos e americanos vão se encontrar nesta quinta-feira (12) para discutir o plano da Rússia para destituir a Síria de seu arsenal químico e poupar o país do Oriente Médio de uma intervenção militar.

Autoridades dos EUA dizem que o secretário de Estado Americano, John Kerry, insistirá que o eventual acordo obrigue Damasco a tomar atitudes rápidas para mostrar a seriedade do seu compromisso, a começar pela apresentação de um inventário público e completo do arsenal a ser inspecionado e neutralizado.

A iniciativa russa, que dá novos rumos para uma guerra civil iniciada há dois anos e meio, convenceu o presidente dos EUA, Barack Obama, de suspender seus planos de bombardear a Síria para punir o governo Assad pelo suposto uso de armas químicas contra civis, que teria matado mais de 1.400 pessoas em 21 de agosto.

A Síria, que nega ter cometido o ataque, concordou com a proposta russa de abrir mão das armas químicas, evitando o que seria a primeira intervenção ocidental direta num conflito que já matou 100 mil pessoas.

Damasco nunca aderiu aos tratados que proíbem a posse de armas químicas, e nunca confirmou se as possuía. A Síria, no entanto, é signatária de uma convenção quase centenária que proíbe o uso de armas químicas.

As fontes dos EUA disseram esperar que Kerry e e o chanceler russo, Sergei Lavrov, definam os termos de uma proposta de resolução a ser votada nos próximos dias pelo Conselho de Segurança da ONU.

O presidente russo, Vladimir Putin, tradicionalmente contrário aos esforços na ONU para desalojár Assad do poder, publicou um artigo no jornal "The New York Times" manifestando oposição à intervenção militar.

Ele argumentou à opinião pública dos EUA que um ataque a Assad ajudaria combatentes da milícia islâmica Al Qaeda que lutam ao lado da oposição síria. Segundo Putin, há "poucos paladinos da democracia" na Síria, "mas há mais do que suficientes combatentes da Al Qaeda e extremistas de todos os tipos enfrentando o governo".

A intervenção norte-americana, acrescentou, "aumentaria a violência e desencadearia uma nova onda de terrorismo", além de possivelmente "abalar os esforços multilaterais para resolver o problema nuclear iraniano e o conflito israelo-palestino, e desestabilizar ainda mais o Oriente Médio e o Norte da África. Isso poderia desequilibrar todo o sistema do direito internacional." (Com AFP e Reuters)

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