EUA fazem 1º lançamento aéreo de ajuda a Gaza em meio a desastre humanitário
As Forças Armadas dos Estados Unidos realizaram neste sábado seu primeiro lançamento aéreo de ajuda humanitária em Gaza, disseram autoridades norte-americanas em um momento em que agências de ajuda alertam para o desastre humanitário crescente à medida que Israel segue massacrando o território palestino.
Três aviões cargueiros lançaram mais de 35 mil refeições sobre o território onde, segundo as Nações Unidas, um quarto da população passa fome. Palestinos publicaram vídeos em mídias sociais mostrando caixas de ajuda sendo lançadas.
Em meio a dúvidas sobre a retomada das negociações de cessar-fogo no Egito no domingo, o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza disse que pelo menos 11 palestinos foram mortos em um ataque aéreo israelense contra uma tenda em Rafah, onde as pessoas buscam refúgio da campanha militar de Israel.
O Ministério da Saúde de Gaza disse que outras 50 pessoas ficaram feridas no ataque israelense próximo a um hospital na área de Tel Al-Sultan, em Rafah. Um dos mortos é um médico do hospital.
"O ataque atingiu uma tenda, onde as pessoas se abrigavam, e estilhaços entraram no hospital onde eu e meus amigos estávamos sentados, sobrevivemos por um milagre", disse uma testemunha à Reuters, recusando-se a ser identificada.
O exército israelense disse que suas forças mataram oito militantes em Khan Younis, cerca de 20 militantes na região central da Faixa de Gaza e mais três em Rimal, perto da Cidade de Gaza.
Mais de 1 milhão de palestinos têm buscado refúgio na área de Rafah, fugindo da guerra israelense que devastou grande parte de Gaza, matando mais de 30 mil pessoas, de acordo com as autoridades de saúde do Hamas.
Israel lançou a ofensiva em resposta ao ataque de 7 de outubro do grupo militante palestino, no qual 1.200 pessoas foram mortas em Israel e outras 253 foram sequestradas, de acordo com registros israelenses.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que espera que um cessar-fogo esteja em vigor na época do mês de jejum muçulmano do Ramadã, que começa em 10 de março. Falando a jornalistas na sexta-feira, ele disse: "Ainda não chegamos lá."
A pressão internacional por um cessar-fogo aumentou, com as Nações Unidas alertando que um quarto da população palestina de 2,3 milhões de pessoas vive com fome no território bloqueado por Israel.
Três pessoas que buscavam alimentos em terras agrícolas na área de Beit Hanoun, no norte da Faixa de Gaza, no sábado, foram mortas por ataques israelenses, disseram moradores e médicos.
Treze crianças morreram no hospital Kamal Adwan, no norte da Faixa de Gaza, nos últimos três dias, de desidratação e desnutrição, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
Os médicos do hospital disseram que mais crianças correm o risco de morrer. "Quando uma criança deveria fazer três refeições por dia e faz apenas uma, ela obviamente sofre de desnutrição e de todas as doenças decorrentes disso", disse o médico Imad Dardonah.
Os planos para o lançamento aéreo dos EUA foram anunciados por Biden na sexta-feira, um dia depois que as mortes de palestinos que faziam fila para receber ajuda chamaram novamente a atenção para a catástrofe humanitária gerada pela ofensiva de Israel.
As autoridades de saúde em Gaza disseram que 115 pessoas foram mortas no ataque de quinta-feira e chamaram o episódio de massacre. Israel contestou esses números e disse que a maioria das vítimas foi pisoteada ou atropelada.
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Israel e o Hamas estão negociando por meio de mediadores, incluindo Egito e Catar.
Duas fontes de segurança egípcias disseram que as delegações israelenses e do Hamas deveriam chegar ao Cairo no domingo para retomar as negociações indiretas, mas uma reportagem israelense lançou dúvidas sobre isso. Não houve nenhum comentário imediato de Israel ou do Hamas.
As fontes egípcias disseram que as partes concordaram com a duração de uma trégua em Gaza, bem como com a libertação de reféns e prisioneiros, acrescentando que a conclusão das discussões ainda requer um acordo sobre a retirada das forças israelenses do norte de Gaza e o retorno de seus residentes.
No entanto, a publicação israelense Ynet, citando uma autoridade sênior não identificada, informou que Israel não enviaria uma delegação para as negociações no Cairo até receber uma lista completa dos reféns mantidos em Gaza que estão vivos.
De acordo com a reportagem, a questão central que estava sendo trabalhada era quantos reféns seriam libertados de Gaza e, por sua vez, quantos palestinos seriam libertados por Israel.
"Até que sejam dadas respostas claras, uma delegação não partirá para o Cairo", disse o funcionário, segundo o Ynet.
Um funcionário palestino familiarizado com os esforços de mediação não confirmou imediatamente as negociações no Cairo. "Quando se trata de acabar com a guerra e retirar as forças de Gaza, as lacunas permanecem intactas", disse o funcionário.
Durante a guerra, Israel também intensificou os ataques na Cisjordânia ocupada, onde os registros da ONU mostram que pelo menos 358 pessoas foram mortas desde 7 de outubro.
A agência de notícias oficial palestina WAFA informou neste sábado que as forças israelenses mataram com um tiro na cabeça um jovem de 16 anos perto da cidade central de Ramallah.
O exército israelense disse que suas forças estavam realizando "atividades de rotina" na cidade de Kafr Ni'ma, perto de Ramallah, quando dezenas de pessoas começaram a atirar pedras e explosivos contra as forças, que responderam com fogo real, atingindo uma pessoa.
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