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Ponto de não retorno para aquecimento global teria sido superado, alerta cientista

Ultrapassar o ponto irreversível acarretaria um "efeito dominó", advertiu o cientista Markus Rex - Lucas Jackson/Reuters
Ultrapassar o ponto irreversível acarretaria um "efeito dominó", advertiu o cientista Markus Rex Imagem: Lucas Jackson/Reuters

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15/06/2021 11h17Atualizada em 15/06/2021 11h44

A temperatura global já teria superado um ponto não retorno. A advertência de um possível aquecimento irreversível do planeta foi feita hoje pelo cientista alemão que comandou a maior expedição enviada ao Ártico.

"Somente as observações que faremos nos próximos anos poderão nos indicar se ainda é possível salvar as geleiras do Ártico, presentes o ano todo graças a uma proteção do clima, ou se já superamos o ponto de não retorno", disse Markus Rex. O cientista fez o balanço oito meses após o retorno da missão internacional de um ano no Polo Norte.

"O desaparecimento das geleiras durante o verão no Ártico é uma das primeiras bombas de um campo minado, um dos primeiros pontos de não retorno que atingimos com um aquecimento exagerado", detalhou o alemão em uma entrevista coletiva em Berlim, ao lado da ministra da Educação e Pesquisa Anja Karliczek.

"Podemos nos perguntar se já não estamos andando sobre esta mina e se já não ativamos o início da explosão", completou o climatologista.

Ultrapassar o ponto irreversível acarretaria um "efeito dominó" com consequências catastróficas para o planeta, advertiu o cientista.

Isso pode "agravar ainda mais o aquecimento com o desaparecimento da calota polar da Groenlândia ou o degelo de zonas amplas do permafrost (tipo de solo encontrado na região, constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados) do Ártico".

'O epicentro do aquecimento global'

A maior expedição enviada ao Polo Norte, chamada Mosaic, retornou à Alemanha em outubro de 2020. Na época, o chefe da missão alertou sobre a ameaça atual contra as camadas de gelo, que desaparecem a uma "velocidade dramática".

As equipes ficaram 389 dias no mar, a bordo do quebra-gelo "Polarstern".

Elas coletaram muitas informações sobre as mudanças climáticas, principalmente nos meses em que o navio ficou à deriva no gelo do Polo Norte. O retrocesso das geleiras é considerado pelos cientistas o "epicentro do aquecimento global", segundo Rex.

* Com informações da AFP