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Ministro recusa mea culpa do governo Bolsonaro e defende política ambiental 'racional'

Ministro do Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Alvaro Pereira Leite, na COP 26 - Yver Herman/Reuters
Ministro do Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Alvaro Pereira Leite, na COP 26 Imagem: Yver Herman/Reuters

31/03/2022 10h42Atualizada em 31/03/2022 11h12

O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Leite, encerra nesta quinta-feira (31), em Paris, dois dias de reuniões na OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). O Brasil tenta se tornar membro da entidade, e as questões ambientais estão entre os maiores desafios para a aprovação da candidatura do país.

Brasília não ignora que os índices historicamente altos de desmatamento da Amazônia durante o governo de Jair Bolsonaro abalaram a credibilidade do país nestes temas, além de estremecer as relações diplomáticas com países como França e Alemanha. Contudo, para Joaquim Leite, não há mea culpa a ser feito em relação aos quatro anos de gestão, que se aproximam do fim em 2022.

"A política do governo Bolsonaro é uma política racional na direção de soluções climáticas lucrativas para o empreendedor, para as pessoas e o meio ambiente, para a natureza. Nós temos que gerar empregos verdes", defendeu o ministro, em entrevista à RFI, à margem dos encontros na sede da OCDE. "Nos governos anteriores, a política era 'o que eu posso reduzir, proibir, onde eu posso ocupar e multar'. O governo Bolsonaro traz uma nova política: que solução climática vou conseguir empreender junto com o setor privado", disse Leite.

Mineração em terras indígenas

Neste sentido, o ministro defendeu o PL191, enviado pelo governo ao Congresso e que prevê a ampliação da mineração e grandes empreendimentos em terras indígenas. O projeto de lei, apelidado de "x-tudo" por organizações ambientalistas, levou a grandes protestos em Brasília no começo do mês.

"Você ter a possibilidade de ter uma atividade econômica regularizada é a garantia de proteção ambiental. Quando você fala em mineração na Amazônia, o impacto na biodiversidade e na floresta é de menos de 3%", justificou. "Isso não significa mais degradação, pelo contrário, significa uma solução para um problema que existe há anos, que é crime ambiental ligado ao crime organizado, que é um grande desafio", apontou.

Nos encontros na OCDE, que reúne as 38 economias mais desenvolvidas do planeta, o governo brasileiro se esforça para mostrar outros aspectos de atuação na área ambiental, de modo a minimizar o impacto negativo dos números do desmatamento. Em janeiro e fevereiro, dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelaram novos recordes de devastação da Amazônia para o período, apesar de serem meses chuvosos.

"O crime ambiental é uma coisa e a atividade de política pública de meio ambiente é outra. Aqui, todos foram muito receptivos para entender a real política de meio ambiente do governo, que vai de reciclagem, de energias renováveis, a renovação de frota, hidrogênio verde, eólicas offshore e outros programas que já são um êxito no Brasil", alega o ministro, frisando que "todos os países têm os seus desafios ambientais".

Exportações de energia

Neste período em que a pandemia de coronavírus e a guerra na Ucrânia encarecem os preços da energia mundo afora, Joaquim Leite vislumbra oportunidades para o país, que poderá se tornar não apenas exportador de fontes limpas, como ampliar a exploração das fósseis - mais emissoras de gases de efeito estufa. Na terça-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, garantiu que, mediante investimentos, o país poderia se transformar no terceiro maior produtor de petróleo do mundo.

"Não é uma contradição", rebate Leite, ao ser questionado sobre o assunto." O mundo precisa de energia e o Brasil precisa contribuir com o mundo, com todo o tipo energia. A nossa perspectiva é de cada vez mais renováveis, não eliminar as fósseis", explicou.