Elo dos financiadores fulmina a ficção do golpismo espontâneo
Apenas quatro dias depois de Bolsonaro ter manifestado o desejo de "passar uma borracha no passado", a Polícia Federal esclarece que a história ainda nem foi escrita. Autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, a PF foi aos calcanhares de suspeitos de financiar ações que resultaram no 8 de janeiro. Prendeu três.
Ao exercitar o negacionismo historiográfico na Avenida Paulista, Bolsonaro disse: "Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração. É trazer classes políticas e empresariais para o seu lado, isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil". Quem ouviu ficou com a impressão de que a trama que resultou no 8 de janeiro foi um fenômeno sui generis: uma tentativa de golpe por geração espontânea.
O caos golpista incluiu bloqueio de refinaria, derrubada de torres de transmissão de energia, baderna no dia da diplomação do eleito, um ato terrorista abortado nas proximidades do aeroporto de Brasília e uma mobilização de dois meses na frente dos quarteis. No QG de Brasília, a mordomia oferecida aos bolsonaristas incluía de churrascadas a massagens. Não se faz nada disso sem dinheiro.
A Polícia Federal entregou as provas que fundamentam as condenações dos autores do quebra-quebra. Cerca Bolsonaro e alguns dos políticos e militares que conspiraram com ele. A inclusão do elo dos financiadores nessa corrente é vital para eliminar a ficção do golpismo espontâneo. O mapeamento do dinheiro avança em conta-gotas, mais lentamente do que seria desejável.
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