Josmar Jozino

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Reportagem

Como chefe do PCC levou 7 tiros e 'ressuscitou' durante necropsia em SP

O corpo de Vilson Nunes da Costa, o Guiló, baleado sete vezes por um rival, começava a ser preparado para a realização de necropsia no IML (Instituto Médico Legal) de Sorocaba (SP), em 2001. Mas algo inusitado aconteceu. Um legista assumiu o plantão e percebeu que o homem estava vivo.

O médico que tinha atendido o baleado em um hospital da região havia dado o paciente como morto. Um colega do profissional ligou para a mãe de Guiló e deu a trágica notícia: "Seu filho está morto". A família ficou consternada e saiu apressada atrás do atestado de óbito para providenciar velório e enterro.

Os parentes correram para o IML. Um legista atento notou um pequeno movimento em uma das partes do corpo de Guiló. O baleado "ressuscitado" foi imediatamente reconduzido ao hospital, onde passou por cirurgia e se recuperou meses depois.

Ainda em 2001, algum tempo após ter tido alta hospitalar, Guiló, mesmo com os pontos da cirurgia não cicatrizados, foi a um bar em Sorocaba e brigou com o irmão de um policial civil da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) da cidade. Ele matou a vítima e fugiu.

Mas não ficou muito tempo nas ruas. Foi traído involuntariamente pela mãe dele, hoje já falecida. Vários policiais da Dise, disfarçados de enfermeiros, foram em uma Kombi até a casa dela e perguntaram onde o filho estava se recuperando dos ferimentos, porque queriam continuar o tratamento dele.

A mãe forneceu o endereço, e Guiló foi encarcerado. Ele continua vivo, com 48 anos. Cumpre pena na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP). Foi apontado pela Polícia Civil como integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Sorocaba e chefiava uma célula composta por 40 comparsas.

Segundo o TJSP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo), Guiló tem condenação total de 102 anos pelos crimes de homicídio, tráfico de drogas e associação ao tráfico. Ele passou por diversas prisões no estado de São Paulo e está recolhido na P2 de Venceslau há 16 anos.

No boletim informativo do preso, constam várias faltas disciplinares. Uma delas aconteceu em 2008. Guiló foi levado de Venceslau para uma prisão de São Vicente, na Baixada Santista. Ele seria julgado por homicídio no Tribunal do Júri de São Sebastião, litoral norte.

Em circunstâncias até hoje não esclarecidas, o preso conseguiu uma arma na unidade, rendeu e amarrou um agente penitenciário e fugiu com outros dois comparsas. Guiló ficou na rua oito meses e, durante esse período, não parou de cometer crimes.

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Só matava rivais do PCC

Ele foi acusado de matar uma série de rivais do PCC. Assassinou ao menos 15 inimigos de outras facções, baleados na cabeça. O matador só não cometeu mais homicídios porque os policiais da Dise o prenderam novamente, em outra operação em Sorocaba, em 2008.

Vanessa, mulher de Guiló, não perde um dia de visita na P2 de Venceslau. Ela contou à reportagem que o marido ainda tem um pequeno buraco aberto no peito. O ferimento foi provocado por um dos tiros disparados pelo desafeto em 2001.

Segundo Vanessa, Guiló lhe contou que, quando estava na maca do hospital e foi dado como morto, escutou a conversa do médico com enfermeiros, dizendo que ele não tinha resistido aos ferimentos. "Meu marido queria gritar que estava vivo, mas não conseguia. Imagine a agonia", disse a mulher.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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