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Manifestantes ocupam Câmara Municipal do Rio em protesto contra Cabral

Gustavo Maia e Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio*

08/08/2013 17h56Atualizada em 09/08/2013 08h04

Policiais militares e manifestantes entraram em confronto nesta quinta-feira (8) à noite na frente do prédio da Câmara do Rio de Janeiro, no centro. A polícia usou bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta. Jornalistas que cobriam o ato foram atingidos.

Qual deve ser o principal tema dos próximos protestos no Brasil?

Segundo a polícia, havia pelo menos 300 pessoas no protesto. Parte do grupo ocupou a galeria do Legislativo municipal. O prédio foi isolado pela polícia, mas a segurança da Casa permitiu a entrada de água e comida para os manifestantes, que decidiram passar a noite no local.

Em um ato de apoio ao protesto, pelo menos 150 pessoas se mantém do lado de fora do edifício e também vão pernoitar no local.

Durante o confronto, socorristas voluntários atenderam dez pessoas com ferimentos causados por estilhaços de bombas. Os manifestantes deram início ao confronto, atirando morteiros nos policiais. Após a reação da polícia, eles ainda atiraram pedras e cadeiras nos policiais.

Depois do confronto, a rua Alcindo Guanabara, no perímetro da Câmara, foi fechada por duas linhas de PMs. 

O protesto começou à tarde, com cerca de mil pessoas. Os manifestantes anunciaram a ocupação da Alerj (Assembleia Legilslativa do Rio de Janeiro) e da Câmara Municipal. Tanto na Alerj quanto na Câmara, um grupo de 20 a 30 pessoas entrou no local durante o horário de funcionamento das Casas e anunciou a ocupação. 

O protesto saiu por volta das 17h e chegou à Alerj por volta das 18h. Quando os manifestantes anunciaram a intenção de permanecer no local, a direção da Casa decidiu esvaziar o prédio. Às 18h30, a passeata seguiu rumo à Câmara, onde os jovens ocuparam as galerias.

Três vereadores conversaram com manifestantes que ocupam as galerias da Câmara do Rio desde a tarde desta quinta-feira (8).

Reimont (PT), Renato Cinco (PSOL) e Leonel Brizola Neto (PDT) ouviram as reivindicações dos ativistas.

Segundo a assessoria de um dos parlamentares, os manifestantes queriam que Eliomar Coelho (PSOL) assuma a presidência da CPI dos Ônibus, que vai apurar possíveis irregularidades no transporte coletivo na cidade.

O líder da bancada governista, vereador Professor Uóston (PMDB), se candidatou para a presidência da comissão, que foi assinada por outros quatro vereadores governistas.

Do lado de fora do prédio, na Cinelândia, restavam cerca de 300 manifestantes no mesmo horário, segundo estimativa do tenente coronel Mauro Andrade, comandante do Grupamento de Policiamento de Proximidade de Multidões, que atua circulando no meio dos protestos. Foram eles que entraram em confronto com a PM.

De acordo com outro PM que está no local, cerca de 500 policiais militares acompanharam o ato.

Havia um carro de som e dezenas de faixas e bandeiras no ato, muitas delas de partidos políticos. A maioria delas tinha mensagens contra o governador Sérgio Cabral (PMDB), principal alvo do protesto.

Os prédios da Alerj e da Câmara foram cercados por policiais militares.

Por volta das 20h, parte do grupo que estava na frente da Câmara iniciou uma caminhada pelas ruas do centro. No trajeto, dois morteiros de manifestantes estouraram, mas ninguém foi atingido.

Na passeata, vidraças do prédio da sede da EBX, do empresário Eike Batista, foi atingida por pedras jogadas por manifestantes. O edifício fica na rua do Passeio, na Cinelândia, centro do Rio. Ninguém foi preso pela depredação.

Mais tarde, advogados do grupo Habeas Corpus, da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro), foram impedidos de entrar no prédio da Câmara por policiais militares. O mesmo ocorreu com os jornalistas. Os advogados alegavam que o impedimento é inconstitucional.

Depois, um advogado representando a OAB e a Anistia Internacional conseguiu entrar na Câmara  para negociar com os manifestantes a saída do local.

Aldeia Maracanã

Representantes de 21 etnias indígenas e apoiadores dos índios resolveram ocupar no antigo prédio do Museu do Índio, no Maracanã, zona norte do Rio, ao menos até o próximo sábado (10), quando o grupo se reúne com a secretária de Cultura do Estado, Adriana Rattes.

Na última terça-feira (6), os dois lados se reuniram no local, também batizado do Aldeia Maracanã pelos ocupantes, para definir como será a gestão do edifício, que deve ser transformado em um centro de referência indígena. Adriana garantiu que não haverá invasão da Polícia Militar para retirar os ocupantes do imóvel.

O local voltou a ser ocupado na tarde de segunda (5) depois que o governo do Estado decidiu devolver o imóvel aos índios que viviam na área até março deste ano, quando foram retirados em uma ação de reintegração de posse. A chegada de 60 PMs do lado de fora do museu chegou a interromper a reunião. Eles disseram ter ido ao local por causa da suposta ameaça de o grupo "Black Bloc" fechar a Radial Oeste.

Porém, após conversar com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, a representante do governo estadual ordenou que os PMs deixassem a entrada do imóvel, dando prosseguimento à negociação com o grupo.

"Ocupa Cabral"

Manifestantes decidiram ocupar a frente da rua onde mora o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), no Leblon, zona sul do Rio, no domingo (28), pela terceira vez. Ao contrário da primeira ocupação, que ocorreu entre os dias 21 de junho e 2 de julho, e foi encerrada por intervenção da PM (Polícia Militar), os ativistas decidiram não armar um acampamento para evitar nova repressão da polícia.

*Colaborou Carolina Farias, no Rio