Em protesto contra Cabral, manifestantes e policiais entram em confronto na frente da Alerj
Por volta das 20h desta segunda-feira (19), um grupo de manifestantes contra o governador Sergio Cabral (PMDB) chegou à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e ocupou as escadarias do prédio. Por volta das 22h15, policiais do GPPM (Grupamento de Policiamento de Proximidade em Multidões), que acompanhavam o grupo, tentavam passar pelos manifestantes para proteger a entrada principal.
Um grupo de manifestantes que se dispersava, pela rua do Catete, no Flamengo, foi abordado por volta das 23h20 por policiais do batalhão de choque com spray de pimenta, balas de borracha e bombas de efeito moral. Um cinegrafista registrou o momento em que uma moradora de rua era detida por policiais militares. Os manifestantes que se dispersavam pararam para questionar a detenção da moradora, quando o batalhão de choque chegou à rua. Neste momento, cinco carros e dezenas de policiais do batalhão fecham a rua do Catete.
O fotógrafo da agência Futura Press Reynaldo Vasconcelos conta ter sido atingido no peito por uma bala de borracha, amortecida por sua carteira, no bolso da camisa. Vasconcelos, um grupo de jornalistas e os advogados da OAB se encaminham para a 9ª DP prestar queixas pela agressão.
Segundo advogados da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que acompanharam todo o protesto, a moradora de rua chegou a ficar sem roupa durante a abordagem policial e ainda passou mal na delegacia, tendo de ser socorrida por uma unidade do Samu.
Impedidos de fazer a proteção, os policiais iniciaram confronto contra os manifestantes --houve empurra-empurra e policiais usaram cassetetes. No momento do tumulto, havia policiais do Batalhão de Choque da PM nas proximidades da Alerj. Eles não interferiram na ação do GPPM.
A maior parte dos manifestantes começou a correr pela rua da Assembleia, e logo após, pela avenida Rio Branco, quebrando ao menos duas agências bancárias. Além disso, no trajeto, os manifestantes quebraram lixeiras e espalharam o conteúdo pela rua.
Pelo menos uma pessoa foi detida até o momento, por atirar pedras na vidraça de uma agência do Banco Santander na rua da Assembleia. Após o confronto, que dispersou os manifestantes, uma parte do grupo voltou a se reunir na frente da Câmara, onde havia começado o protesto.
Por volta das 21h25, um grupo de manifestantes se dirigiu para a 5ªDP, na Lapa, Centro, para onde foi levado o manifestante preso.
O nome do detido é Vitor Vieira, 19. Segundo informaram, às 21h50, advogados voluntários que acompanham os manifestantes, Vieira está assinando um termo circunstanciado de ocorrência se comprometendo a comparecer em uma audiência na Justiça e será liberado em seguida.
Os cerca de 100 manifestantes que estavam na frente da delegacia começaram a caminhar e gritar palavras de ordem pelas ruas da Lapa por volta das 22h. O grupo foi acompanhado de dezenas de PMs e de socorristas e advogados voluntários.
No trajeto percorrido pelos manifestantes, vários comerciantes fecharam as portas de suas lojas, restaurantes e lanchonetes.
Protesto começou por volta das 19h na Cinelândia
Com adeptos da tática de protesto "Black Bloc" na linha de frente, cerca de 200 manifestantes, segundo estimativa da PM, saíram em passeata, por volta da 19h05 desta segunda-feira (19), da frente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia, centro da cidade.
Apesar de ter cogitado o palácio Guanabara, sede do Governo do Estado, nas Laranjeiras, zona sul, como destino do protesto, ao chegar ao aterro do Flamengo, os manifestantes resolveram mudar o trajeto e foram para a Alerj, no Centro.
Entre eles, circulavam policiais do GPPM, revistando bolsas e mochilas dos participantes do ato. Para evitar que os policiais revistem seus pertences, eles fizeram um cordão humano ao redor do próprio grupo.
O evento, batizado de "Chega de Incompetência. Acabou minha paciência!", foi convocado no Facebook pelos perfis "Anonymous Rio" e "Ocupa Câmara Rio", que marcaram a concentração dos manifestantes para as 17h, na Cinelândia, área central do Rio.
Os convidados foram chamados a tomar as ruas novamente para exigir respostas aos protestos e às pautas de reivindicações.
Entre elas estão um "resultado positivo para a CPI dos Ônibus" --razão da ocupação da Câmara Municipal do Rio, que já dura 10 dias--, a renúncia do governador Sérgio Cabral (PMDB) e a desmilitarização da Polícia Militar.
Até a hora marcada para o início do ato, havia cerca de 1.500 confirmações de presença na página da rede social.
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