Réu da Chacina de Unaí confessa ter atirado nas vítimas e aponta mandante
Erinaldo de Vasconcelos Silva, um dos oito acusados de participar do assassinato de três auditores fiscais do Trabalho e de um motorista do Ministério do Trabalho, confessou ter atirado nas vítimas da chamada Chacina de Unaí, ocorrida em 28 de janeiro de 2004.
Ele é um dos três réus do caso que estão sendo julgados em tribunal do júri iniciado terça-feira (27) em Belo Horizonte.
Os acusados pela Chacina de Unaí
Antério Mânica | Político, ele foi prefeito de Unaí por oito anos, após o crime, durante dois mandatos consecutivos, entre 2005 e 2012. Acusado de ser um dos mandantes da chacina, se condenado pode pegar de 12 a 30 anos de prisão. Seu júri não foi marcado ainda. |
Norberto Mânica | Fazendeiro, irmão de Antério e também acusado de mandante do crime, ele é um dos maiores produtores de feijão do país e conhecido como o rei do feijão. Pode ter a mesma pena. |
Hugo Alves Pimenta | Empresário agrícola, ele é acusado de intermediário na contratação dos pistoleiros e formação de quadrilha, sua pena pode chegar a 30 anos, se condenado. |
José Alberto de Castro | Empresário, ele é também acusado de intermediário. |
Francisco Elder Pinheiro | Empresário, acusado também de intermediário, morreu no início deste ano. |
Erinaldo de Vasconcelos Silva | Pistoleiro, ele é acusado de ter executado o crime. Caso condenado, pode ficar 30 anos na prisão. Está preso desde 2004. |
Rogério Alan Rocha Rios | Pistoleiro, acusado também de executor da chacina, preso desde 2004. |
Willian Gomes de Miranda | Pistoleiro, ele atuou como motorista da quadrilha. Acusado também por homicídio, caso condenado, pode pegar também 30 anos de cadeia. Está também preso, desde 2004. |
Humberto Ribeiro dos Santos | Empregado dos irmãos Mânica, ele é acusado de formação de quadrilha, por ter apagado pistas do crime. Pode pegar até três anos de prisão. |
Fonte: Procuradoria da República em Minas Gerais |
Além de admitir ter participado do crime, Silva confirmou perante os jurados que Rogério Allan Rocha Rios e William Gomes de Miranda, que também estão sendo julgados agora, participaram dos assassinatos.
O réu também disse que o crime foi encomendado pelo fazendeiro Norberto Mânica mediante pagamento de R$ 50 mil ao trio. Segundo o réu, o fazendeiro ainda lhe ofereceu dinheiro para sustentar a versão de que foi crime de latrocínio (roubo seguido de morte).
Na quarta-feira (29), outro réu do processo, o empresário Hugo Alves Pimenta, ao depor como testemunha, também disse que Norberto Mânica encomendou a contratação de matadores de aluguel para assassinar os fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva, além do motorista Aílton Pereira de Oliveira.
Pimenta, que não está sendo julgado nesta etapa, responde pelo crime de homicídio doloso triplamente qualificado e está colaborando com a Justiça em troca do benefício da delação premiada.
Silva, Rios e Miranda são acusados pelo Ministério Público Federal de serem os executores dos crimes.
Como estão presos em caráter preventivo desde 2004, os três estão sendo julgados agora, separadamente dos outros cinco réus que respondem ao processo em liberdade e são acusados de planejar a emboscada e o assassinato dos quatro servidores públicos.
Segundo a acusação, os três foram contratados por Francisco Elder Pinheiro, que morreu em janeiro deste ano, aos 77 anos de idade.
Outros quatro réus que respondem ao processo em liberdade devem ir a julgamento no próximo dia 17 de setembro. Além de Mânica e de Pimenta, também serão julgados José Alberto de Castro (empregado de Pimenta) e Humberto Ribeiro dos Santos.
A expectativa é que Mânica, irmão de Norberto, também vá a julgamento no mesmo dia.
Rios e Miranda também foram ouvidos ontem (30), terceiro dia da sessão de julgamento dos três primeiros réus.
O primeiro negou as acusações, insistindo na versão de que, no dia do crime, estava em Salvador, participando da festa de aniversário do pai de sua então namorada, Rosedalva Gonçalves.
Na quarta-feira (29), Rosedalva, Paulo Rodolfo Rocha Rios, irmão do réu, e outras duas testemunhas já haviam dito que Rios esteve presente à comemoração. Não foram, contudo, apresentadas fotos que confirmassem tal versão, fato explorado pela acusação.
Último réu a prestar depoimento, Miranda negou ter participado dos assassinatos. Alegando ter recebido ameaças de morte, ele reivindicou o direito de ficar calado para preservar a vida.
A intenção da juíza federal Raquel Vasconcelos Alves de Lima, que preside o júri, é concluir o julgamento anunciando a sentença ainda hoje.
Servidores da sede da Justiça Federal em Belo Horizonte, porém, estão preparados para avançar pela madrugada de sábado (31) trabalhando.
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