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Greves e protestos simultâneos se espalham por 8 Estados a 35 dias da Copa

Do UOL, em São Paulo

08/05/2014 18h47

A 35 dias do início da Copa do Mundo, oito Estados do país foram cenário de greves, paralisações e protestos por moradia nesta quinta-feira (8). As manifestações ocorrem 11 meses após a onda de protestos que se espalhou pelo país, cujo mote inicial foi o aumento no preço das passagens do transporte público.

As cidades do Rio de Janeiro, Florianópolis, Campinas e os municípios do Grande ABC, na região metropolitana de São Paulo, amanheceram hoje com greves de motoristas e cobradores que não foram informadas previamente. Outras capitais também foram palco de greves e ameaças de paralisações. 

Em São Paulo, o foco dos protestos é a questão da moradia. Foram pelo menos cinco manifestações de movimentos sociais cobrando políticas habitacionais. O alvo dos atos foram algumas das maiores empreiteiras do país. Entre as organizações que participam dos atos está o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que realiza uma jornada de lutas, com marchas e ocupações, em todo o país.

À tarde, em resposta aos atos, a presidente Dilma Rousseff e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, se reuniram com lideranças do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) --que integrou dois protestos na capital-- antes da inauguração do Itaquerão, estádio do Corinthians que abrigará a abertura do Mundial. 

Ônibus parados

No Rio, onde motoristas e cobradores de ônibus fazem greve de 24 horas, o dia começou com garagens lotadas de ônibus e pontos cheios de passageiros. Apenas 10% da frota --de 8.700 ônibus-- circula pela cidade. O Rio Ônibus (Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro) informou que pelo menos 325 veículos de transporte coletivo foram depredados por grevistas em bairros da capital fluminense. Houve cenas de vandalismo principalmente na zona oeste da cidade.

Motoristas e cobradores pedem aumento salarial maior que os 10% acordados entre o sindicato e as empresas, o fim da dupla função e reajuste no valor da cesta básica. A paralisação deixa os trens dos metrôs lotados

Em Florianópolis, os rodoviários também realizam uma paralisação, que pegou os moradores de surpresa e provocou caos na cidade. Não houve circulação de ônibus no terminal do centro, o que prejudicou cerca de 400 mil pessoas.  A categoria teme que cobradores da região sejam demitidos com o novo sistema de transporte público que elimina catracas.

Em Campinas (94 km de SP), a paralisação também ocorreu de surpresa e atingiu a empresa VB3, que compõe a Linha Verde.  Os ônibus não saíram da garagem desde a madrugada, o que atinge 140 mil passageiros. A empresa diz que está negociando um possível reajuste de 17% e melhorias aos rodoviários.

No ABC paulista, os moradores também ficaram sem ônibus nesta manhã. Rodoviários de três empresas iniciaram uma paralisação, e os ônibus não saíram das garagens. Cerca de 30 mil pessoas foram prejudicados.

Em Belém, no Pará, rodoviários estão em estado de greve, que inclui as cidades da região metropolitana de Ananindeua e Marituba. Uma reunião nesta quinta define os rumos da paralisação. O Sindicato dos Rodoviários informou que os ônibus circulam normalmente nesta quinta-feira, mas pretende cobrar por melhorias de salário e condições de trabalho.

Trabalhadores de três empresas de ônibus fizeram uma paralisação em Curitiba, atrasando em duas horas a saída de linhas da região oeste da cidade, dos bairros Cajuru, Centenário, Vila Oficinas, Capão de Imbuia e em parte da cidade metropolitana de São José dos Pinhais. Segundo o Sindimoc, as empresas CCD (antiga Cristo Rei), Marumbi e São José dos Pinhais estão atrasando o pagamento de salários e o abono acordado em convenção coletiv

O líder do movimento grevista no Rio, Helio Teodoro, disse que as paralisações simultâneas são uma “grande coincidência” e não foram orquestradas. Teodoro promete uma paralisação de 24 horas por semana até a Copa. 

Em Salvador, também há ameaça de greve de ônibus, onde os rodoviários cobram aumento de 15% nos salários, de 20% no vale-refeição de 20%, redução para 6h de trabalho, entre outros. Eles realizaram protesto nesta quarta-feira e fizeram uma fila indiana. Nesta quarta, os médicos da capital baiana aderiram à greve dos demais servidores municipais, iniciada no dia 28 de abril. A principal reivindicação dos servidores é por um plano de carreira. 

Outras paralisações

Em Belo Horizonte, a greve atinge os serviços municipais. Segundo balanço divulgado pela prefeitura na noite de ontem (7), apenas 9% das escolas deixaram de funcionar totalmente ou parcialmente. Na saúde, nenhuma unidade da capital deixou de funcionar nesses dois dias de greve, embora 21% dos profissionais da área tenham aderido à paralisação. Hoje, terminou na capital mineira a greve dos garis, que conseguiram salário de R$ 2.100. 

Em Natal, os servidores municipais estão em greve desde o dia 7 de abril para cobrar um reajuste de 18,2%. O valor seria correspondente às perdas salariais desde 2010.

No Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, funcionários da Swissport, empresa responsável por tirar as malas dos aviões e colocá-las nas esteiras, entraram em greve à meia-noite desta quarta-feira. A categoria protesta contra mudança na jornada de trabalho de seis para oito horas diárias. 

No Ceará, a ameaça é de greve dos policiais militares. Segundo a Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, as lideranças avaliam as reivindicações e se iniciam uma nova paralisação, como em 2011. Segundo a entidade, as demandas reivindicadas na greve naquele ano não foram completamente atendidas.

Serviço federal

Outra categoria em greve é dos professores dos institutos federais, que completam hoje 18 dias de paralisação. Segundo balanço de associação da categoria, 138 unidades de ensino estão paralisadas ou em processo de paralisação, em 16 Estados.

Os técnicos das universidades federais também estão em greve desde março. Nesta quarta-feira (7) eles se reuniram no Ministério do Planejamento e receberam a promessa de de que será discutida a abertura de negociações em um prazo de até 15 dias.

Quem também realiza paralisações é a Polícia Federal, que nesta quarta-feira realizou nova parada de serviços. Eles ameaçam paralisação durante a Copa do Mundo.  (Com Agência Estado, A Tarde, Tribuna do Ceará e UOL em Belo Horizonte, Campinas, Florianópolis, Curitiba, Rio e São Paulo)