SP pode usar novas cotas do volume morto do Cantareira; saiba o que são
Com o baixo nível dos reservatórios e a falta de chuva, São Paulo já considera usar uma terceira parte do volume morto do sistema Cantareira, que abastece um terço da Grande São Paulo (6,5 milhões de pessoas).
O volume morto é a água que fica no fundo das represas e que exige o uso de bombas para ser captada. Fica abaixo do chamado volume útil, que tem capacidade para armazenar, no caso do Cantareira, cerca de 1 trilhão de litros de água. Atualmente, essa reserva útil está vazia.
O volume morto do Cantareira tem cerca de 500 bilhões de litros de água, segundo cálculos do governo estadual. Com essa quantidade, é possível abastecer durante pouco mais de três meses toda a população da capital paulista.
Uma primeira parte, com 182 bilhões de litros, começou a ser retirada em maio deste ano. À época, o nível do Cantareira estava em 8,2% e passou para 26,7%.
Passados cinco meses, a temporada de chuvas fortes ainda não chegou, e o nível do Cantareira atinge recordes negativos a cada dia. Nesta terça-feira (21), o índice estava em 3,3%, percentual de água que resta dessa primeira parte do volume morto.
Diante disso, o governo do Estado pediu autorização aos órgãos reguladores dos recursos hídricos para usar uma segunda parte do volume morto, com 106 bilhões de litros de água.
A ANA (Agência Nacional de Águas) autorizou o uso desta segunda cota em 17 de outubro, mas o governo precisa também do aval do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), que ainda não se manifestou.
Sem previsão de chuva forte para o mês de outubro, o governo do Estado já considera usar uma terceira parte do volume morto, que tem pouco mais de 200 bilhões de litros de água.
Nesta terça, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) se referiu a essa cota pela primeira vez. "Nós já passamos o período da seca, já entramos na primavera, nem entramos na segunda reserva técnica e temos uma terceira reserva técnica", afirmou em entrevista à rádio Jovem Pan.
No mesmo dia, o presidente da ANA, Vicente Andreu, classificou essa terceira parte do volume morto como "ralo do reservatório, o lodo", durante debate na Assembleia Legislativa de São Paulo. Segundo ele, ela pode ser captada, mas seria "tecnicamente complicado".
A reportagem do UOL ouviu especialistas sobre uso do volume morto, que pode acumular sujeira, sedimentos e até metais pesados. Segundo eles, se não receber um tratamento adequado, essa água pode trazer riscos à saúde. Eles também chamaram a atenção para os danos ambientais.
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