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'Manda o helicóptero, tira eu daqui', disse homem quase resgatado de prédio que desabou

Prédio caiu antes que os bombeiros conseguissem resgatar morador  - Reprodução/TV Globo
Prédio caiu antes que os bombeiros conseguissem resgatar morador Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo*

06/05/2018 22h31

Durante um diálogo telefônico com uma atendente da Central de Comunicação da Polícia Militar de São Paulo, Ricardo de Oliveira Galvão Pinheiro, o "Tatuagem", pediu para ser resgatado de helicóptero, minutos antes do desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, após o local pegar fogo, na última terça-feira (1º). A informação foi revelada em reportagem veiculada na noite deste domingo (6) pelo programa "Fantástico" da TV Globo.

Os bombeiros quase conseguiram resgatá-lo, mas o prédio caiu antes de a operação ser realizada e Ricardo acabou por morrer na queda.

Após o começo do incêndio, Ricardo voltou ao prédio várias vezes para ajudar outros moradores a deixar o local em chamas. Na última vez, acabou cercado pelo fogo e ligou para o número de emergência da PM para pedir ajuda, como mostra a gravação do diálogo:

Atendente da Polícia Militar: Polícia Militar Emergência.

Ricardo de Oliveira Galvão Pinheiro: Eu  tô no prédio que tá pegando fogo.

Atendente da Polícia Militar: O senhor tá dentro do prédio?

Ricardo de Oliveira Galvão Pinheiro: Eu tô no prédio. Eu tô no último andar. Eu tô no térreo. Eu tô na cobertura. Só tem eu aqui em cima. O fogo já tá aqui em cima.

Atendente da Polícia Militar: O senhor sabe a altura do número aí, mais ou menos, a rua?

Ricardo de Oliveira Galvão Pinheiro: É no começo da [avenida] Rio Branco. O bombeiro já tá vindo pra cá".

Atendente da Polícia Militar: Eu vou avisar que o senhor está aí em cima.

Ricardo de Oliveira Galvão Pinheiro: Por favor! O fogo já tá aqui em cima, perto de mim.

Atendente da Polícia Militar: Tem alguém com o senhor aí?

Ricardo de Oliveira Galvão Pinheiro: Teve gente que não conseguiu subir por causa da fumaça. É muito tóxica.

Atendente da Polícia Militar: Tá bom. Eu vou avisar aqui, tá bom?

Ricardo de Oliveira Galvão Pinheiro: Por favor, manda o resgate para mim.

Atendente da Polícia Militar: Qual que é seu nome, senhor?

Ricardo de Oliveira Galvão Pinheiro: Ricardo de Oliveira Galvão.

Atendente da Polícia Militar: Senhor Ricardo, eu já vou avisar, tá bom? É só aguardar aí.

Ricardo de Oliveira Galvão Pinheiro: Por favor, manda o helicóptero. Tira eu daqui.

No momento da queda do prédio, Ricardo, que estava próximo ao para-raio do edifício, colocava um cinto de proteção e estava sendo resgatado pelos bombeiros para escapar do incêndio. Com o desabamento, porém, o cabo do cinto se rompeu, e o homem sumiu em meio à fumaça e aos destroços.

O corpo da vítima foi encontrado na tarde de sexta-feira (4) pelos bombeiros nos escombros do edifício.

Neste domingo (6), os bombeiros encontraram partes de uma arcada dentária superior e inferior e partes de um rosto.

Segundo o tenente Guilherme Derrite, provavelmente os restos mortais são também de Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro.

"O material foi coletado e o IML (Instituto Médico Legal) realizará um exame para confirmar se os restos mortais são do Ricardo", disse Derrite.

No local também foi encontrado uma corda com 15 metros. De acordo com o tenente, a corda apresentava uma ruptura e, possivelmente, seja a que Ricardo estava segurando na hora em que caiu.

O trabalho do Corpo de Bombeiros continua na retirada dos entulhos e para verificar se há outras vítimas do desabamento. Segundo o tenente, a remoção dos escombros deve durar mais dez dias.

* Com informações do Estadão Conteúdo.

Veja como estão os escombros do prédio que desabou em SP

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