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Bombeiros apontam ao menos uma vítima sob escombros de incêndio; 44 pessoas são procuradas

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

01/05/2018 15h56Atualizada em 02/05/2018 06h42

O porta-voz do Corpo de Bombeiros, capitão Marcos Palumbo, afirmou na tarde desta terça-feira (1º) que a corporação vai aguardar 48 horas para entrar com retroescavadeira e cães farejadores no terreno onde desabou um prédio, nesta madrugada, no largo do Paissandu, área central de São Paulo.

Por enquanto, as máquinas e os animais estão sendo utilizados apenas nas beiradas da torre de entulhos, mas os cães ainda não apontaram indícios de vida porque, de acordo com o porta-voz, a área está diferente do tipo de terreno em que os animais são treinados.

Segundo Palumbo, há ao menos uma vítima sob os escombros - um homem que já estava em processo de resgate quando o prédio desabou. Ele destacou que o homem não é considerado uma vítima fatal. "Eu tenho vítima desaparecida, não vítima em óbito".

Indagado se há chance de essa vítima ser encontrada viva, ele afirmou: “Seria um milagre, mas não estamos pensando em milagre, queremos localizá-la nos escombros.”

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O policial ressalvou, porém, que não estão descartadas mais vítimas, uma vez que diversas pessoas registradas no cadastro de famílias que habitavam o prédio ainda não foram localizadas. À tarde, eram 45. Mais tarde, a Prefeitura informou que esse número diminuiu para 34, porque 11 pessoas se apresentaram para cadastro. No entanto, no início desta quarta (2), os bombeiros corrigiram os dados novamente para 44 desaparecidos.

Ao todo, segundo cálculo da prefeitura, 317 pessoas, de 118 famílias, foram contabilizadas hoje. De acordo com o porta-voz dos bombeiros, entre as pessoas por ora desaparecidas ou não contabilizadas estariam moradores que habitavam a ocupação, mas que eventualmente, poderiam estar fora do prédio no momento do incêndio e do desabamento.

Moradores relataram à reportagem do UOL ao longo do dia que ao menos três pessoas (uma mulher de duas crianças) teriam desaparecido durante o incêndio. Os Bombeiros ainda não confirmam essa informação.

48 horas até entrada de máquinas

"O prazo é de 48h para que não se mexa nos escombros pela possibilidade de ter uma vítima lá dentro. A gente não pode entrar com máquinas e tirar os escombros de forma aleatória, porque isso mexeria em elementos estruturais importantes", disse Palumbo.

O porta-voz disse que, durante essas 48 horas, será feito um trabalho manual, de busca a possíveis sobreviventes. Quase 100 bombeiros estão envolvidos na operação.

Segundo Palumbo, além dos 22 andares de apartamentos, também dois níveis de subsolo estavam ocupados por moradores. As rotas de fuga e o fosso do elevador, no entanto, estavam obstruídos por lixo — constatação apresentada ao MP (Ministério Público) em material elaborado pelos bombeiros em 2015.

O documento apontou ainda rotas de fuga obstruídas com lixo e material inflamável, o que acarretaria, em caso de incêndio, também problemas de inalação de gás. “Poderia ser um problema [a situação relatada] para, por exemplo, se propagar o incêndio pelo fosso do elevador”, explicou o capitão.

A estimativa do Corpo de Bombeiros é que o trabalho de resgate e rescaldo dure, pelo menos, uma semana e que o número exato de possíveis vítimas só seja definido depois disso e do trabalho da assistência social.

Passadas as 48h, amanhã de madrugada, o trabalho com os cães exigirá o afastamento de helicópteros, a fim de que o barulho não comprometa a atividade dos animais e dos agentes.

“Trabalharemos à noite e não vamos parar até que tudo esteja em segurança”, disse o porta-voz, relatando que holofotes ajudarão no trabalho noturno.