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Uma semana depois, bombeiros não descartam sobreviventes em desabamento de prédio

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

07/05/2018 12h26

O Corpo de Bombeiros de São Paulo entrou nesta segunda-feira (7) no sétimo dia de buscas por vítimas do desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, região central da capital paulista. Ao todo, cinco pessoas ainda estão desaparecidas: uma mãe com os dois filhos gêmeos e um casal.

A corporação atingiu hoje uma parte dos escombros considerada fundamental para a localização de vítimas --as escavações alcançaram o 8º pavimento do prédio e rumam para os andares mais baixos. Isso porque era nos andares mais baixos da edificação de 24 pavimentos em que morava a maior parte das famílias.

Segundo sobreviventes relataram às autoridades, não havia moradores do 11º andar para cima, já que a inoperância do elevador dificultava o acesso.

Segundo o porta-voz dos bombeiros, capitão Marcos Palumbo, as equipes de busca não descartam localizar sobreviventes, tendo em vista que, nos últimos dias, dezenas de "células de sobrevivência" foram encontradas. Essas células funcionam como bolsões de ar nos quais eventuais sobreviventes possam ter se protegido.

Além da presença de focos de fumaça no local, o que indica ainda a presença de oxigênio, outro indicativo para a presença desses bolsões foi a localização de um guarda-roupas em pé, com vestimentas dentro dele, porém, todas queimadas. O item foi localizado na sexta (4), mas só hoje de manhã o acesso a ele foi possibilitado.

“A presença de oxigênio é um dos fatores determinantes para que uma vítima possa respirar. Outro fator são as células de sobrevivência: encontramos dezenas delas nesse fim de semana, mas, infelizmente, não havia ninguém nelas”, afirmou Palumbo.

Arcada dentária é de morador achado na sexta

Ontem, as equipes localizaram parte de uma arcada dentária. O secretário estadual de Segurança Pública, Mágino Alves, visitou o local no final da manhã desta segunda-feira e informou que os restos de tecido humano e de arcada dentária localizados nos escombros pertencem ao morador Ricardo Galvão Pinheiro, encontrado na última sexta. O laudo da Polícia Científica, no entanto, ainda não está pronto

O secretário afirmou ainda que a investigação sobre as causas do incêndio prossegue no 3º Distrito Policial, com novos depoimentos hoje. Na semana passada, testemunhas relataram a hipótese de curto-circuito.

Outro inquérito começa nesta semana, paralelamente, a respeito da cobrança de valores sobre os moradores da ocupação por parte de líderes do MLSM (Movimento de Luta Social por Moradia). A investigação será comandada pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e acompanhada pelo Ministério Público.

De acordo com Palumbo, foi retirado cerca de 2/3 de todo o entulho --cerca de 1.500 toneladas. O material é acondicionado nas bordas do terreno e retirado em caminhões-caçamba para dois aterros sanitários --um municipal, e outro, privado.

“Agora é a fase de trabalho mais delicado, onde há maior possibilidade de encontramos vítimas, por isso a retirada precisa ser feita de leve, no miolo do terreno, para que isso não cause transtornos”, afirmou o porta-voz.

Os cães farejadores também prosseguem, em revezamento, na operação de buscas por vítimas.