Bombeiros encontram corpo no local do desabamento de prédio em SP
O Corpo de Bombeiros localizou no início da tarde desta sexta-feira (4) o corpo de um dos seis desaparecidos após o desabamento de um prédio há três dias no centro de São Paulo. Segundo os bombeiros, às 14h de ontem a cadela Vasty identificou um sinal em meio aos escombros. As equipes passaram, então, a remover manualmente o material até encontrar a vítima, 22 horas depois.
Nesta sexta, mais duas pessoas passaram a ser consideradas oficialmente desaparecidas após o desabamento do prédio: uma mulher chamada Eva e o marido dela, Walmir. Família e amigos notificaram o desaparecimento. Além do casal, também estão desaparecidos Selma e seus dois filhos gêmeos.
À noite, após um exame de impressões digitais, a Polícia confirmou que o corpo encontrado é de Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, o morador que estava sendo resgatado no momento do desabamento.
“Não posso afirmar ainda que é Ricardo [o corpo encontrado], mas a possibilidade é bastante grande”, disse no início da tarde o coronel Max Mena, comandante do Corpo de Bombeiros que acompanha as buscas. O corpo foi encontrado perto do para-raio do edifício, local onde ocorria o resgate de Ricardo, e estava com o cinto de segurança utilizado durante a tentativa de salvamento.
Por volta das 13h30, o secretário estadual de Segurança Pública, Mágino Alves, visitou o local das buscas e afirmou que o corpo localizado nos escombros tem uma blusa de manga longa azul com capuz, semelhante à que Ricardo vestia no momento do desabamento.
Além da roupa, de acordo com o secretário, outro indício que levava a Ricardo era a presença de tatuagens no corpo. O apelido dele era "Tatuagem" por causa dos diversos desenhos espalhados pelo corpo.
"O corpo não está totalmente preservado; a cabeça da vítima ainda não foi localizada, nem todos os membros foram encontrados já nesse momento. O corpo demonstrou dilacerações decorrentes da queda, mas não vi nenhum sinal de queimadura”, complementou Mágino.
“Não podemos ainda identificar positivamente essa vítima como sendo o Ricardo, conhecido porque estava sendo resgatado e acabou caindo. Mas podemos adiantar que ele foi encontrado no quadrante 01, na provável área de queda, e com algumas tatuagens no corpo”, completou Mágino no início da tarde.
“Mas essas tatuagens ainda não permitiram que a gente identificasse como sendo o Ricardo”, declarou.
Por outro lado, o secretário informou que a vítima está com as impressões digitais preservadas, o que mais tarde possibilitaria que a identificação fosse feita por meio de exame papiloscópico.
“Em pouquíssimo espaço de tempo vamos colher as impressões digitais dessa vítima e vamos fazer o confronto com o padrão na nossa base de dados”, afirmou o Mágino.
Os bombeiros informaram que o corpo foi levado ao Instituto de Criminalística.
Trabalhos devem durar mais uma semana
Os trabalhos no local do desabamento devem durem ainda “pelo menos mais uma semana”. “Apesar de termos uma expectativa baixa de número de vítimas, temos ainda 49 pessoas que não foram localizadas [em contraste com cadastro da Prefeitura], o que não significa que estivessem no prédio”, explicou Mena.
De acordo com o coronel Mena, os trabalhos continuam até que se atinja o segundo subsolo — que também eram habitados, segundo as autoridades, mas nos quais a chance de haver vítimas seria mais remota. “É um trabalho bastante difícil. Tem que parar as máquinas e fazer a ação manual porque houve uma compactação muito grande chegando ao nível do subsolo”, afirmou.
As buscas entraram hoje no quarto dia de trabalho. De manhã, os bombeiros localizaram armários de roupas e vestimentas, indício de que as equipes estariam já mais próximas de áreas habitáveis do edifício.
Chefe da perícia não confirma curto-circuito
Também de manhã desta sexta, o chefe do Instituto de Criminalística de São Paulo, Maurício Rodrigues Costa, esteve no local do desabamento e disse que ainda não pode confirmar a tese de que um curto-circuito teria causado o incêndio, já que o fogo e o volume de entulhos dificultam os trabalhos dos peritos.
Nesta quinta, Mágino havia afirmado que as investigações da Polícia Civil identificaram que um curto-circuito causou o incêndio.
Costa não arriscou um prazo para a finalização dos trabalhos --"podem durar muitos dias”, resumiu"--, já que, apontou, a busca por aspectos "periciáveis" "não é refinada".
“Precisamos tentar entender o que levou a isso. A perícia parte de alguns princípios — se havia um botijão de gás, se ele estava ligado... é tudo muito amarrado e é uma busca por detalhes, mas que não está refinada. Você não pode partir para esse princípio [de uma tese única], teria uma grande chance de errar”, afirmou.
Indagado sobre a divergência de posições, o secretário de segurança pública considerou que o argumento de cautela do chefe do IC é “algo realmente plausível”, mas reforçou que duas testemunhas ouvidas no inquérito afirmaram ter havido o curto-circuito.
“São hipóteses estão abertas, mas o inquérito não está concluído ainda”, declarou Mágino, para quem “não houve precipitação alguma” no anúncio de ontem.
“Vai ser muito difícil o inverso: você provar que não foi isso [curto-circuito]. Não houve precipitação nenhuma. O informe testemunhal nesses casos é muito importante, e veja bem, estamos falando de uma das vítimas, com ela informando ter havido um curto-circuito no cômodo dela. O que a polícia fez, e o que estamos procurando fazer o tempo inteiro, é prestar todas as informações que temos no momento”, declarou.
Mágino confirmou que há três vítimas internadas por conta do incêndio no edifício. As três são da mesma família e estavam no apartamento onde teria ocorrido o curto-circuito. Mãe e filha estão internadas no Hospital das Clínicas. O pai está internado na Santa Casa com dois terços do corpo queimado.
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