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Lula critica 'Bozo' no RJ, compara ato com KKK e chama Hang de 'Louro José'

Do UOL, no Rio e em São Paulo

08/09/2022 20h23Atualizada em 09/09/2022 10h55

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alfinetou o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante comício em Nova Iguaçu (RJ) na noite de hoje. Em tom firme e acima do visto nos últimos comícios, Lula criticou o perfil do público presente no 7 de Setembro em Copacabana, no Rio.

"Foi uma coisa muito engraçada, que o ato do Bolsonaro parecia uma reunião da Ku Klux Klan. Só faltou o capuz. Porque não tinha negro, não tinha pardo, não tinha pobre, não tinha trabalhador", afirmou. A KKK (Ku Klux Klan) foi uma organização supremacista branca que cometeu atos de violência contra milhares de negros nos Estados Unidos nos séculos 19 e 20.

"Louro José". No discurso no Rio, Lula também criticou o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan e apoiador fiel de Bolsonaro. Hang, que é investigado no STF (Supremo Tribunal Federal) pela suspeita de financiar atos antidemocráticos, estava ao lado do presidente nas manifestações do 7 de Setembro bolsonarista em Brasília.

Lula chamou Hang de "Louro José", em alusão ao antigo assistente de palco de Ana Maria Braga. "O artista principal era o 'Véio da Havan', que aparecia como se fosse o Louro José, participando ativamente da campanha do Bolsonaro."

"Bozo". Lula tratou o atual presidente como "Bozo" quando falou do voto contrário de Bolsonaro na questão da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) das Domésticas, em 2013. "Bozo" é uma das maneiras como opositores costumam chamar o presidente. O termo também lembra o palhaço Bozo, que fez sucesso na televisão brasileira na década de 1980.

Sabe quem votou contra os direitos trabalhistas para as empregadas domésticas? O atual Bozo, que é o presidente desse país. Ele votou contra. Porque, para muita gente nesse país, empregada doméstica não merece ser tratada com respeito. Empregada doméstica é tratada como se fosse alguém de segunda categoria
Lula (PT), em discurso em Nova Iguaçu (RJ)

Lula e Bolsonaro têm aparecido à frente nas pesquisas de intenção de voto. A mais recente do Ipec, divulgada no último dia 5, aponta o petista à frente na corrida presidencial com 44% das intenções de voto, contra 31% de Bolsonaro. Enquanto o petista manteve a pontuação do levantamento anterior do Ipec, publicado uma semana antes, o atual presidente oscilou um ponto para baixo, dentro da margem de erro.

Os últimos dias têm sido marcados por uma troca de hostilidades entre Lula e Bolsonaro nos discursos. Ontem, em pronunciamento no Rio, o atual presidente chamou o petista de "quadrilheiro de nove dedos" ao falar das alianças da esquerda na América Latina. "Essa gente tem que ser extirpada da vida pública", disse Bolsonaro.

lula - Marlene Bergamo/Folhapress - Marlene Bergamo/Folhapress
Lula discursou em ato em Nova Iguaçu (RJ)
Imagem: Marlene Bergamo/Folhapress

Reações. Enquanto Lula elevava o tom do discurso, a plateia reagia com palmas e gritos a cada vez que ele criticava Bolsonaro. A hora de maior reação foi quando, novamente, o ex-presidente falou que quer permitir "churrasco e cerveja" para os brasileiros. Neste momento, até quem acompanhava o discurso do lado externo da praça —isolada para o ato— reagiu forte e bateu nas placas de metal.

Sem princesa. Antes de apresentar o jingle da campanha, Janja, esposa de Lula, aproveitou para criticar a fala de Bolsonaro ontem em Brasília. "Eu pedi para acender as luzes dos celulares para ver se eu encontrava alguma princesa. Mas não, aqui só tem mulher de luta. E são elas que vão ganhar a eleição no primeiro turno para Luiz Inácio Lula da Silva", disse.

Sem citar Janja diretamente, Bolsonaro afirmou que "podemos fazer várias comparações até entre as primeiras damas", dando a entender que a esposa dele, Michelle, seria superior à de Lula por ser "uma mulher de Deus, família e ativa" na vida dele.

"E eu tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de serem infelizes: procurem uma mulher, uma princesa, se case com ela para serem mais felizes ainda", disse o presidente ontem no ato na capital federal.

Foco nas mulheres. Exaltada pelo público presente aos gritos de "guerreira da pátria brasileira", a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) discursou logo antes de Lula e falou diretamente às mulheres. "Somos 53% do eleitorado, somos nós que estamos dando a vitória ao presidente Lula. Vamos apertar um pouquinho mais, trabalhar um pouquinho mais e vamos ganhar no primeiro turno", disse.

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Em ato em Nova Iguaçu (RJ), o ex-presidente Lula (PT) esteve com o candidato do partido ao Senado, André Ceciliano (PT), e postulante ao governo fluminense, Marcelo Freixo (PSB)
Imagem: Marlene Bergamo/Folhapress

"Zero a zero". Diante da disparada de Cláudio Castro (PL) na disputa pelo governo do estado do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSB) subiu o tom em seu discurso. O candidato lembrou do escândalo dos cargos secretos, revelado pelo UOL Notícias, para alfinetar Castro. Mesmo com a diferença de 11 pontos percentuais na última pesquisa Ipec, Freixo afirmou que quer ir ao segundo turno porque lá a disputa "recomeça do zero a zero".

Colete à prova de balas. A exemplo dos últimos comícios —como em Manaus—, Lula usou um colete à prova de balas no ato em Nova Iguaçu, por baixo da camisa de botão.

Hino nacional em samba. Como de praxe nos comícios do ex-presidente Lula pelo país, o hino nacional foi interpretado por um artista local. Em Nova Iguaçu, Bruno Ribas cantou o hino acompanhado de um cavaquinho. Ribas é cantor de samba-enredo e atualmente é intérprete na Unidos de Padre Miguel, escola de samba da zona oeste da capital fluminense.

PSB vaiado. Enquanto discursava, o deputado estadual Carlos Minc (PSB) citou o candidato ao Senado Alessandro Molon, do mesmo partido. A campanha rumo ao Senado é protagonizada por um imbróglio da esquerda: além de Molon, André Ceciliano (PT) também é candidato.

Com grande penetração nas cidades da Baixada Fluminense, Ceciliano foi imediatamente exaltado pela plateia tão logo o nome de Molon foi falado por Minc. Diante das reações, Minc falou: "A unidade é o mais importante. Estamos unidos para defender Lula e Freixo e derrotar Bolsonaro".

Revista intensa. Cada pessoa que entrava na área reservada para o comício era revistada, inclusive profissionais de imprensa. Todos eram submetidos a um detector de metais, e bolsas, bolsos e carteiras eram revistados manualmente.