A vida real não é marketing, diz França sobre Doria

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

O governador de São Paulo e pré-candidato à reeleição, Márcio França (PSB), voltou a criticar o ex-prefeito da capital paulista João Doria (PSDB), seu rival na corrida eleitoral deste ano. "A vida real não é marketing. Exercícios públicos de função no Brasil são para quem tem valentia. Se não, você não segura. Está aí o exemplo. É inacreditável você se eleger para quatro anos e ficar um", afirmou durante sabatina a jornalistas do UOL, Folha de S.Paulo e SBT na manhã desta quarta-feira (30).

França criticou o fato de Doria ter deixado a prefeitura pouco mais de um ano após assumir o cargo. "Se eu encomendo pelo telepizza uma pizza grande, com oito pedaços, quantos pedaços têm que vir? Oito. Se ele vier com dois, tenho direito a reclamar. Encomendei oito pedaços, veio com dois. Ele não pode tirar os outros seis pedaços da pizza. Ele até pode, mas vai ter que ouvir as reclamações", disse o governador.

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No entanto, ele afirmou que fará um esforço para que sua rixa com Doria não resvale em seu apoio à candidatura do tucano Geraldo Alckmin à Presidência.

"O próprio governador Alckmin preferia que houvesse um único palanque, um único candidato. Ele tentou, com jeitinho, chegar a esse ponto. Não foi possível, porque o partido dele não é um partido qualquer, é um partido grande, com muitas lideranças e que está aqui em São Paulo há muitos anos", disse.

No meu entendimento, um palanque unificado facilitaria a vida. Vamos fazer um esforço para que isso não prejudique.
Márcio França, pré-candidato a governador de SP

Pesquisa Ibope divulgada na noite de segunda-feira (28) apontou que Doria lidera as intenções de voto, com 22%, e que França está em quarto, com 3%. O governador minimizou o resultado.

"Pesquisa retrata o passado, a fama. Eleição, se fosse pesquisa, ele não ia sair candidato. Quando ele [Doria] começou a eleição [para prefeito], ele tinha 5% ou 6%, mas eu disse que ele ganharia no primeiro turno", disse.

França ainda criticou o rival tucano ao ser relembrado de que Doria o chamou de "Márcio Cuba", ao sinalizar que seu partido, o PSB, tem posicionamento à esquerda. "Eu acho uma coisa frágil, um negócio meio frágil, porque as pessoas têm nome de família. O que a minha família tem a ver com a coisa da política?", disse.

"Quando eu fui na casa dele [Doria], levei uma caixa de charuto cubano e falei: de Cuba, eu gosto do charuto. Foi uma brincadeira infeliz", complementou. Em outro momento da sabatina, sem citar o nome de tucano, França afirmou que tem orgulho de ser político e de ter uma vida ligada ao serviço público. "É uma hipocrisia falar que não é político, que é gestor", citou.

Questionado sobre seu filho, de 29 anos, também ser político (Caio França é deputado estadual em São Paulo), França voltou a defender a função. "Artista quando é filho de artista, todo mundo fala: 'Que bacana, a filha da Regina Duarte, que bacana, o filho não sei de quem'... Agora, quando é de político, não", disse.

Chance do PSB apoiar a candidatura de Lula é zero

Segundo França, a chance é zero de seu partido apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba. Apesar de o PSB ainda não ter definido se lançará um nome próprio ou se vai apoiar um dos pré-candidatos, França reiterou a ideia de apoiar Alckmin.

"Estadualmente, existem relações totalmente diferentes. Por exemplo, na Paraíba, nós governamos a Paraíba. O nosso governador tem apoio do PT já faz um tempo. É claro que, se você tivesse uma unificação partidária no Brasil inteiro, isso não seria normal, mas não é assim", exemplificou.

Para França, as divisões entre esquerda e direita são ultrapassadas. "Eu não consigo me conformar que as pessoas não têm direitos iguais. Agora, acho injusto uma frota de caminhões", disse. "Não sou de direita, sou sensível", complementou.

França rejeita votar em PM que matou criminoso

No último Dia das Mães, França homenageou uma policial militar flagrada atirando contra um criminoso que assaltava pessoas em frente a uma escola em São Paulo. Nesta terça-feira (29), foi revelado que ela vai se filiar ao PR, com intenção de se candidatar como deputada estadual

Apesar da homenagem e elogios feitos por França para a policial, ele negou que votaria nela. "Não, não é nem do meu partido", disse. Ele afirmou que a decisão de homenageá-la ocorreu após integrantes da segurança pública terem analisado as imagens e dito que ela não cometeu excessos. 

França foi o segundo pré-candidato ao governo de São Paulo a ser sabatinado por UOL, Folha de S.Paulo e SBT. O primeiro foi o petista Luiz Marinho. As próximas sabatinas serão com Paulo Skaf (MDB) e João Doria (PSDB).

Veja íntegra da sabatina do UOL, Folha e SBT com Márcio França

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