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PMDB prega independência e quer rediscutir aliança com PT

A bancada do PMDB na Câmara aprovou moção de solidariedade ao líder do partido na Casa, deputado Eduardo Cunha (ao centro, na foto), durante reunião nesta terça - Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
A bancada do PMDB na Câmara aprovou moção de solidariedade ao líder do partido na Casa, deputado Eduardo Cunha (ao centro, na foto), durante reunião nesta terça Imagem: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

11/03/2014 18h16Atualizada em 11/03/2014 19h06

Após três horas de reunião na Câmara dos Deputados, a bancada do PMDB, um dos principais aliados da base de sustentação do governo federal, decidiu nesta terça-feira (11) que votará as matérias de forma independente e defendeu que a aliança nacional com o PT, firmada nas eleições de 2010, seja rediscutida pela Executiva Nacional do partido.

O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), negou, porém, que os parlamentares sejam favoráveis ao rompimento imediato da aliança, mas, sim, a uma “DR” com o PT, em referência à expressão “discutir a relação”. “Quando se fala em discussão, não se fala em discussão visando o rompimento somente. (...) É que nem um casal quando discute a sua relação. Ele não vai dizer que vai se separar para discutir a relação, mas você quer aprimorar o entendimento, ou não ter entendimento", disse.

O peemedebista destacou ainda que uma eventual ruptura com o PT não dependerá da Executiva, pois tal medida só pode ser tomada em votação na convenção nacional do partido, prevista para junho.

Como pano de fundo da crise, estão as alianças regionais entre PT e PMDB para compor os palanques eleitorais aos governos estaduais e a recusa petista em apoiar candidatos do PMDB a governador, como no Ceará e no Rio de Janeiro.

Cunha acrescentou que o compromisso firmado anteriormente com o governo de não se aprovar projetos de lei que tenham impacto no Orçamento está mantido. “A crise está presente. Ninguém está escondendo”, afirmou. “[Mas] O PMDB não é irresponsável.”

As medidas foram aprovadas por unanimidade pela bancada em uma nota oficial, que também reiterou o apoio à liderança de Cunha como interlocutor dos parlamentares e rechaçou as críticas feitas pelo presidente do PT, Rui Falcão, aos peemedebistas.

Também nesta tarde, a bancada aprovou uma moção de solidariedade a Cunha, pivô da crise com o PT. O texto critica o PT e afirma que os "ataques e agressões [a Cunha] que extrapolam o patamar da civilidade em quaisquer das relações, e particularmente das relações políticas".

Ainda neste sentido, os deputados também reafirmaram decisão anterior de não indicar nomes aos ministérios no governo federal –que ficarem vagos com a saída de titulares para concorrer às eleições em outubro.

Sobre a hipótese de se antecipar a convenção de junho com o objetivo de votar a permanência na aliança com o PT, Cunha tergiversou e disse que isso não dependeria da bancada.

Segundo o deputado Danilo Forte (PMDB-CE), dos 27 diretórios estaduais, 11 já teriam aprovado a convocação antecipada da convenção –seria necessário o aval de nove.

Dilma diz que partido "dá alegrias"

Na tentativa de pôr fim à crise com o PMDB no Congresso, Dilma se reuniu nesta segunda-feira (10) com caciques do partido aliado e, hoje, no Chile, disse que o partido "só dá alegrias". A revolta do partido se deve à resistência do governo em dar mais um ministério para a sigla na reforma ministerial em curso, além da recusa do PT em apoiar candidatos do PMDB a governador em Estados como o Ceará e o Rio de Janeiro.

A estratégia da presidente Dilma é tentar conter a rebelião na Câmara, encabeçada por Cunha.

Na semana passada, Cunha chegou a defender o rompimento da parceria do PMDB nas eleições de outubro e fez ataques, via Twitter, ao presidente do PT, Rui Falcão, chamando-o de "doido" por "boquinhas" no governo. Falcão rebateu dizendo que não iria aceitar "ultimatos" de Cunha.

O líder do PMDB também diverge do governo por ser favorável à criação de uma comissão para investigar supostas fraudes da Petrobras, contrariando o PT, e se posiciona contra o projeto do Marco Civil da Internet, considerado estratégico para o governo.

Cunha também participou da articulação de um bloco informal de partidos na Câmara, apelidado de "blocão", para propor a votação de projetos independentemente da vontade do governo. O "blocão" é formado por seis legendas da base aliada – PMDB, PP, Pros, PR, PTB, PSC – e por uma da oposição, SDD.