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Após tiros, deputada do RJ diz que sofreu ameaça de milícias; polícia apura

Pauline Almeida

Colaboração para o UOL, no Rio

13/01/2019 15h29

Após ter o carro atingido por tiros na manhã deste domingo (13), a deputada estadual e ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Martha Rocha (PDT) disse que foi alvo de uma ameaça de morte em novembro. Ela disse que chegou a comprar um carro blindado, justamente o que usava hoje durante o ataque, para se sentir mais protegida, mas afirmou não andar armada.

"Eu recebi uma notícia do disque-denúncia, precisamente três denúncias, de uma ameaça dirigida a mim, uma informação de que um segmento da milícia planejava atingir algumas autoridades. E o meu nome vinha especificado nesse disque-denúncia", afirmou, em entrevista coletiva no início da tarde deste domingo, na Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca. 

O secretário de Polícia Civil do Rio, Marcus Vinicius Braga, disse que ainda é "prematuro" dar qualquer prognóstico sobre o motivo do ataque. Ele disse que nenhuma hipótese será descartada, mas que tentativa de assalto e tentativa de homicídio são as principais linhas de investigação. 

Mais cedo, o governador do Rio, Wilson Witzel, disse em nota que Braga deve concentrar "todos os esforços na elucidação desse crime".

Polícia ofereceu escolta à parlamentar

A deputada estadual disse que, quando soube da ameaça, buscou pessoalmente Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil, e também o ex-interventor federal general Walter Braga Netto para tratar de sua segurança.

À Polícia Civil, ela requisitou uma análise de risco para saber se a ameaça era verdadeira ou não. Segundo ela, o único retorno que teve foi uma oferta de escolta por um mês, que declinou, reforçando que seu pedido era pela investigação. 

"A Polícia Civil inteira sabe que, como chefe, não fechei os olhos para a atuação da milícia. Se houve ou não algum tipo de ausência de cuidado, quem tem que explicar são eles", respondeu ao ser questionada se teria havido negligência da Polícia Civil em relação à notícia da ameaça.

Perguntada se achava ter sido vítima de um atentado, Martha respondeu: "Eu não vou me manifestar como delegada, porque eu acredito na equipe da Polícia Civil." Ela entrou para a política em 2014. Antes disso, foi a primeira mulher a chefiar a Polícia Civil do Rio, cargo que assumiu em 2011.

Como foi o ataque

O carro em que estava a deputada foi alvo de tiros, por volta das 9h deste domingo (13), no bairro da Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Estavam no carro a deputada e sua mãe, de 88 anos, que não foram atingidas, e o motorista, o subtenente reformado da PM (Polícia Militar) Geonisio Medeiros, que foi atingido na perna. Ele foi levado ao hospital estadual Getúlio Vargas, mas passa bem e já foi medicado e liberado.

Martha Rocha, que mora na Tijuca, também na zona norte, dirigiu-se à Penha para buscar a mãe para irem à igreja, localizada no mesmo bairro, como fazem costumeiramente aos domingos, segundo a assessoria da parlamentar.

À imprensa, ela contou que notou a preocupação do motorista e perguntou o que estava acontecendo, descobrindo que seu carro estava sendo seguido e que havia um homem armado de fuzil, possivelmente modelo M-16. O carro dos criminosos emparelhou com o Toyota Corolla em que estavam, e o homem armado --com touca ninja e luvas pretas-- tirou o tronco para fora do carro, disparando várias vezes. 

O motorista da deputada estadual conseguiu deixar a avenida Brasil e entrar em uma via secundária, indo até as proximidades do Olaria Atlético Clube, onde parou, porque dois pneus haviam sido estourados por tiros. A deputada pediu a um motorista que parasse. Segundo ela, foi reconhecida e conseguiu uma carona até o Hospital Getúlio Vargas, onde o motorista recebeu atendimento.

2ª ocorrência com políticos no Rio em 2019

Esta é a segunda ocorrência policial envolvendo políticos no Rio somente neste ano. No último dia 4, o carro em que estava o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), foi atingido por tiros. A prefeitura classificou a ação como um atentado.

Em março do ano passado, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados, na região central do Rio, quando o carro em que estavam foi alvejado por criminosos. As investigações ainda não foram concluídas.