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Governador do Rio pede escolta armada para deputada e promete prisões

Pauline Almeida

Colaboração para o UOL, no Rio

13/01/2019 18h01

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, foi até a Delegacia de Homicídios para conversar com a deputada estadual e ex-chefe da Polícia Civil do Rio Martha Rocha, que teve o carro atingido por tiros na manhã deste domingo (13). Witzel disse que pediu à Secretaria de Polícia Civil o início imediato de escolta armada para a parlamentar e prometeu que haverá prisões.

"Quero deixar bem claro que não teremos leniências na investigação contra quem quer que seja do crime organizado, os participantes do narcoterrorismo e os milicianos, que não deixam de ser parte desse tipo de organização terrorista que vem atingindo nosso estado", afirmou.

Apesar de não cravar a causa do ataque, Witzel afirmou que a Penha, onde ocorreu o crime, é um bairro com recorrentes tentativas de latrocínio e que existe uma possível identificação de envolvidos. "A polícia vai solicitar um mandado de prisão dessas pessoas que vêm praticando crimes desse tipo naquela região."

A Penha é onde ocorre o baile funk mais famoso do Rio. Segundo a polícia, a área tem um histórico de assaltos no domingo pela manhã, na saída do baile, com ladrões encapuzados e de fuzil em mãos, como foi o caso de hoje. 

Mais cedo, o secretário de Polícia Civil do Rio, Marcus Vinicius Braga, disse que nenhuma hipótese será descartada, mas que tentativa de assalto e tentativa de homicídio são as principais linhas de investigação. 

Deputada relata ameaças da milícia

Em entrevista coletiva no domingo à tarde, Martha Rocha disse que foi alvo de uma ameaça de morte em novembro. "Eu recebi uma notícia do disque-denúncia, precisamente três denúncias, de uma ameaça dirigida a mim, uma informação de que um segmento da milícia planejava atingir algumas autoridades. E o meu nome vinha especificado nesse disque-denúncia", afirmou. 

Ela disse que chegou a comprar um carro blindado, justamente o que usava hoje durante o ataque, para se sentir mais protegida, mas que não andava armanda. Também afirmou que, quando soube da ameaça, buscou pessoalmente Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil, e também o ex-interventor federal general Walter Braga Netto para tratar de sua segurança.

Ela disse ter pedido à Polícia Civil uma análise de risco para saber se a ameaça era verdadeira ou não, e ter negado uma oferta de escolta por um mês. 

Como foi o ataque

O carro em que estava a deputada foi alvo de tiros, por volta das 9h deste domingo (13), no bairro da Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Ela e sua mãe, de 88 anos, não foram atingidas, e o motorista, o subtenente reformado da PM (Polícia Militar) Geonisio Medeiros, foi atingido na perna, mas já foi liberado do hospital.

Martha Rocha, que mora na Tijuca, também na zona norte, dirigiu-se à Penha para buscar a mãe para irem à igreja, localizada no mesmo bairro, como fazem costumeiramente aos domingos, segundo a assessoria da parlamentar.

À imprensa, ela contou que notou a preocupação do motorista e perguntou o que estava acontecendo, descobrindo que seu carro estava sendo seguido e que havia um homem armado de fuzil, possivelmente modelo M-16.

O carro dos criminosos emparelhou com o Toyota Corolla em que estavam, e o homem armado --com touca ninja e luvas pretas-- tirou o tronco para fora do carro, disparando várias vezes. O motorista da deputada estadual conseguiu deixar a avenida Brasil e entrar em uma via secundária, indo até as proximidades do Olaria Atlético Clube, onde parou, porque dois pneus haviam sido estourados por tiros. 

A deputada pediu a um motorista que parasse. Segundo ela, foi reconhecida e conseguiu uma carona até o Hospital Getúlio Vargas, onde o motorista recebeu atendimento.

2ª ocorrência com políticos no Rio em 2019

Esta é a segunda ocorrência policial envolvendo políticos no Rio somente neste ano. No último dia 4, o carro em que estava o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), foi atingido por tiros. A prefeitura classificou a ação como um atentado.

Em março do ano passado, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados, na região central do Rio, quando o carro em que estavam foi alvejado por criminosos. As investigações ainda não foram concluídas.