Topo

Moro "recicla" pacote anticorrupção que não avançou no Congresso

Leandro Prazeres*

Do UOL, em Brasília

05/02/2019 04h00

O projeto anticrime apresentado nesta segunda-feira (4) pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, "reciclou" pelo menos 10 tópicos do famoso pacote das 10 medidas de combate à corrupção que "naufragou" no Congresso Nacional entre 2016 e 2017 (leia a íntegra do projeto). 

O pacote das 10 medidas foi um projeto de iniciativa popular que contou com a assinatura de mais de 2 milhões de pessoas. Ele foi encabeçado pela PR-PR (Procuradoria da República no Paraná) no auge da Operação Lava Jato. 

Moro, então no comando da 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná, chegou a participar de uma sessão da comissão especial que analisava a matéria na Câmara dos Deputados para defender a iniciativa. 

Apesar do empenho do então magistrado, o projeto foi esfacelado ao tramitar na Câmara dos Deputados. Das dez medidas inicialmente propostas, apenas uma foi aprovada pelo Plenário da Câmara de forma integral. A proposta ainda tramita no Senado.

Na época, o então deputado e hoje ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o projeto estava sendo "dizimado". 

Agora, para Moro, o Congresso vive "outro momento político".

"Há uma abertura maior para propostas relacionadas a essa área de corrupção. Muitas vezes no passado, houve também problemas de conflitos e tensões decorrentes do momento circunstancial. Acredito que essas questões foram muito superadas com a eleição do novo governo federal", afirmou.

Moro diz que lei deve ser mais rigorosa com crimes graves

UOL Notícias

Regime fechado para corrupção

Entre as medidas recuperadas por Moro em seu projeto anticrime, estão as que endurecem o cumprimento das penas para condenados pelos crimes de peculato, corrupção passiva e corrupção ativa. 

A proposta que chegou à Câmara previa o aumento da pena para quem cometesse esses crimes. O projeto de Moro não altera o tamanho das penas, mas determina que o regime para cumprimento das sentenças é, inicialmente, o fechado. A ideia é evitar que condenados por corrupção comecem o cumprimento de suas penas em regimes como o semiaberto. 

O projeto de Moro, assim como o pacote das 10 medidas, também prevê alterações no regime de prescrição de punições. A nova proposta prevê que o prazo para prescrição não corra enquanto houver embargos de declaração ou recursos em tribunais superiores tramitando. Em 2016, o Plenário da Câmara derrubou uma medida semelhante que constava no pacote das 10 medidas. 

Outra proposta recuperada por Moro é a criação do "informante do bem". Trata-se de uma pessoa que pode ser agente público ou não e que poderá prestar informações sobre crimes sem que sua identidade seja divulgada ao longo do processo. 

A proposta causou bastante polêmica quando foi divulgada em 2016 e chegou a ser retirada do parecer final de Onyx Lorenzoni. Agora, a proposta volta prevendo que "ninguém poderá ser condenado apenas com base em depoimento prestado pelo informante, quanto mantida em sigilo a sua identidade".

*Colaborou Bernardo Barbosa, do UOL em São Paulo