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OPINIÃO

Carla Araújo: Bolsonaro conta com mudanças no STF para caso de depoimento

Do UOL, em São Paulo

18/09/2020 20h46

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenta ganhar tempo para evitar depor pessoalmente ao STF (Supremo Tribunal Federal) no inquérito aberto após as acusações públicas feitas pelo ex-ministro Sergio Moro. Para isso, conta com mudanças na Corte nos próximos meses, informa a colunista do UOL Carla Araújo no podcast Baixo Clero #57, apresentado por Carla Bigatto com Diogo Schelp e Carolina Trevisan.

"O presidente já dizia que queria ser por escrito. Apesar de ele falar que não se importaria em depor presencialmente, obviamente, a gente sabe que o presidente é um pessoa que fala muito e teria altas probabilidades de se complicar se ele fosse falar presencialmente. Desde o começo, o próprio ministro da Justiça, a AGU (Advogacia Geral da União) e outros interlocutores do presidente falavam que era correto usar o precedente de outro governo, por exemplo, o Michel Temer, que depôs por escrito", explica a jornalista, que a partir da semana que vem substituirá Bigatto durante as férias no comando do podcast. (ouça a partir do minuto 34:24)

A determinação para que o depoimento fosse presencial foi dada pelo ministro Celso de Mello, que se aposentará compulsoriamente em 1º de novembro, quando completa 75 anos.

Ainda segundo Carla Araújo, Bolsonaro torce para que a decisão sobre como será seu depoimento seja o mais tardia possível. Isso porque é ele quem deve escolher o substituto de Celso de Mello. O indicado passará por uma sabatina no Congresso para que seja empossado como ministro.

"Quando o Celso de Mello determinou esse depoimento presencial, o pessoal do Planalto fez uma estratégia de não vamos enfrentar o STF. Por quê? Porque daqui a pouco o Celso de Mello vai se aposentar. Vamos tentar ganhar tempo", contou a jornalista. (ouça a partir do minuto 36:04)

"A gente sabe que, por escrito, não será uma coisa que será redigida por ele. Ele tem advogados para isso, então é uma defesa que fica muito mais robusta do que presencialmente, você ali sendo eventualmente pressionado", avaliou. (ouça a partir do minuto 37:24)

Ontem, Bolsonaro elogiou publicamente o ministro Marco Aurélio Mello que adiou seu depoimento no inquérito que investiga suposta interferência do chefe do Executivo na Polícia Federal: "O ministro Celso de Mello queria que eu depusesse de forma presencial respondendo pergunta para dois advogados do Moro e mais o próprio Sergio Moro. O Moro não tem que perguntar nada para mim", afirmou.

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