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Nova York quer proibir bebidas doces e refrigerantes em doses generosas

Brigitte Dusseau

Em Nova York

01/06/2012 10h22

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, anunciou na última quinta-feira (31) que planeja proibir a venda de bebidas doces e refrigerantes com mais de meio litro em restaurantes e salas de cinema, uma iniciativa sem precedentes para combater a obesidade nos Estados Unidos.

Esta medida também se aplicaria aos vendedores ambulantes e aos estádios, mas não aos supermercados.

"Há uma epidemia neste país de gente gorda demais e o percentual da população obesa disparou. Temos que fazer alguma coisa", disse Michael Bloomberg à emissora MSNBC, acrescentando que estudos científicos demonstram que quando as porções são pequenas, consome-se menos.

As pessoas poderão comprar dois refrigerantes de 470 ml se quiserem beber mais, acrescentou.

Há 30 anos, lembrou, a dose padrão para os refrigerantes era 200 ml. Depois, aumentou para 350 ml e mais tarde, para 470 ml. Hoje, não é raro ver jovens americanos com copos de refrigerante de quase um litro.

Segundo o prefeito, mais da metade dos adultos de Nova York (58%) são obesos ou estão acima do peso, e este problema também afeta 40% das crianças das escolas públicas.

O consumo de bebidas doces, com frequência mais baratas do que a água mineral e cujos copos grandes não são tão mais caros do que os pequenos, é uma das causas apontadas do problema.

No final do ano passado, a prefeitura lançou uma campanha de sensibilização sobre o tema, destacando que 600 ml de refrigerante por dia equivalia a 22 quilos de açúcar ao ano.

As crianças, segundo Bloomberg, consomem em média três bebidas doces por dia. Trinta por cento dos adultos em Nova York bebem pelo menos uma por dia.

Ele informou que a obesidade, que também aumenta a incidência de diabetes, causa a morte de mais de 5.000 adultos ao ano na cidade, quase tantas quanto o tabagismo (7.000), e custa bilhões de dólares em cuidados médicos.

As novas recomendações de Bloomberg, que não se aplicam aos sucos de frutas e bebidas light, provocaram a reação, nesta quinta-feira, da Associação de Bebidas da Cidade de Nova York (New York City Beverage Association), cujo porta-voz denunciou um excesso de zelo.

Para alguns nova-iorquinos, o prefeito talvez esteja sendo exagerado.

"Temos a obrigação de adverti-lo quando as coisas não fazem bem para a sua saúde", respondeu Bloomberg. Depois, "você tem a responsabilidade de se cuidar".

O objetivo declarado da prefeitura é que, em 2016, o percentual de adultos que consomem uma bebida doce por dia passe de 30% a 20%.

Se a recomendação de Bloomberg for aprovada pela comissão de saúde da cidade, vendedores de refrigerantes e bebidas doces terão nove meses para se adaptar.

O limite de 470 ml poderá entrar em vigor em março do ano que vem.