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Cinco países concentram 95% das mortes pelo novo coronavírus

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

16/03/2020 14h43

Das 6.507 mortes pelo novo coronavírus registradas até a manhã de hoje, 6.167 aconteceram em cinco países: China, Itália, Irã, Espanha e França. Os números equivalem a 94,8% do total de falecimentos ligados à covid-19, com base em dados de hoje da ECDC, agência de prevenção e controle de doenças da UE (União Europeia).

A quantidade de casos da doença, em todo o mundo, chegou a 168 mil, o que leva a uma taxa de letalidade de cerca de 3,9%. Até a noite de ontem, os casos oficiais no Brasil totalizavam 200, sem nenhum registro de morte.

Há mortes registradas em decorrência da covid-19 em 43 países. Os casos, porém, se espalham por mais outros 105, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).

A China foi o primeiro epicentro da pandemia de coronavírus, com os casos crescendo entre os meses de janeiro e fevereiro. No Oriente Médio, o Irã concentra a maior quantidade de casos.

Coronavírus liga alerta pelo mundo

Novo epicentro

Mas, desde fevereiro, a situação do coronavírus se agravou na Europa, em especial na Itália, onde o número de casos de contaminação pela covid-19 passou dos 23.900 hoje.

Na Europa, considerando apenas as áreas com mais de cem contaminados, 21 países e o Reino Unido somam 53.592 casos. A Ásia, por sua vez, concentra, em apenas três países, 103.194 casos. Além de China e Irã, há grande quantidade de contaminações pelo novo coronavírus na Coreia do Sul.

Para o médico infectologista Plínio Trabasso, o fato de as mortes estarem concentradas, neste momento, em cinco países "denota diferenças na dinâmica da covid-19, sim, mas multifatorial".

Segundo Trabasso, que é coordenador de Assistência do Hospital de Clínicas da Unicamp (Universidade de Campinas) e professor na instituição, alguns fatores que explicam como o vírus se espalha são:

  • clima;
  • distribuição da população por faixa etária;
  • tipo de sistema de saúde;
  • grau de instrução dos cidadãos;
  • adesão às recomendações das autoridades sanitárias;

Segundo registros da base de dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), o número de novos casos ainda tem mostrado crescimento:

  • 12 de março: cerca de 11.600
  • 13 de março: cerca de 5.800
  • 14 de março: cerca de 11.000
  • 15 de março: cerca de 11.200

Para Trabasso, "estamos na fase explosiva da epidemia, com crescimento logarítmico do número de casos". "Logo atingiremos um platô e, a seguir, declínio. Nada de pânico, mas muita precaução e cuidados de higiene para reduzir a transmissão."

Infectologistas avaliam que a tendência é que cheguemos à "imunidade de rebanho" quando a quantidade de casos novos apresentar tendência de queda. Não há, porém, previsão de quando isso pode começar a acontecer.

"Várias pessoas que já tiveram [a covid-19] produzem anticorpos protetores e interrompem a cadeia de transmissão", explica o médico infectologista do Hospital das Clínicas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e professor da mesma instituição, Mateus Westin.

O infectologista da UFMG diz que, neste momento, "sem pânico nenhum", indica que as pessoas que tenham sintomas semelhantes aos da gripe busquem atendimento para serem avaliadas.

Para todos, porém, há uma recomendação. "Não é chover no molhado, mas, no âmbito individual, devemos evitar aglomerações ao máximo", diz Westin.