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Impor sanções a Putin seria 'destrutivo', alerta governo russo a Biden

No final de 2020, Putin mobilizou dezenas de milhares de soldados para a fronteira com a Ucrânia - Alexey Nikolsky/Sputnik/AFP
No final de 2020, Putin mobilizou dezenas de milhares de soldados para a fronteira com a Ucrânia Imagem: Alexey Nikolsky/Sputnik/AFP

AFP, Moscou

26/01/2022 08h30Atualizada em 26/01/2022 12h44

A Rússia classificou hoje como "destrutiva" a ideia de se impor sanções ao presidente russo, Vladimir Putin, mencionada na véspera por seu homólogo americano, Joe Biden, em caso de uma invasão da Ucrânia.

"Do ponto de vista político, não é doloroso, é destrutivo", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa, advertindo que as medidas não terão o efeito desejado.

Ontem, ao ser questionado por um jornalista se cogitava aplicar sanções individuais a Putin, Biden respondeu: "Sim (...) posso considerar isso".

Se a Rússia "invadir todo país" ou "até muito menos" do que isso, terá "enormes consequências" e "mudará o mundo", afirmou o presidente americano, sem especificar que tipo de sanção estaria sobre a mesa.

As sanções de Washington contra personalidades estrangeiras costumam implicar o congelamento de bens e a proibição de fazer negócios nos Estados Unidos.

Peskov lembrou que a legislação russa proíbe, em princípio, autoridades de alto escalão do governo de terem ativos no exterior, motivo pelo qual tais medidas "não são, em absoluto, dolorosas" para eles.

Movimentação na fronteira

No final de 2020, a Rússia mobilizou dezenas de milhares de soldados para a fronteira com a Ucrânia e multiplicou suas manobras militares. Essa movimentação aumentou o temor de uma invasão desta ex-república soviética.

O Kremlin nega ter essa intenção e justifica seus movimentos com a preocupação com sua própria segurança, pedindo à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) garantias de que a Ucrânia não entrará nessa aliança militar.

Hoje o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, afirmou que o número de tropas russas estacionadas em suas fronteiras ainda é "insuficiente" para que possam lançar um ataque de grande envergadura contra seu país.

O número "é importante, representa uma ameaça para a Ucrânia", mas, "no momento em que falamos, este número é insuficiente para uma ofensiva em grande escala contra a Ucrânia ao longo de toda fronteira", declarou Kuleba em uma entrevista coletiva online.

Após uma série de encontros diplomáticos na Europa na semana passada, está prevista para esta quarta uma reunião dos conselheiros diplomáticos do presidente Putin com seus homólogos ucraniano, Volodymyr Zelensky, e francês, Emmanuel Macron, assim como com o chanceler alemão, Olaf Scholz.

Rússia, Ucrânia, França e Alemanha compõem o chamado Quarteto da Normandia, criado para resolver o conflito no leste da Ucrânia.

"Espero que seja uma boa discussão, aberta e que termine com o máximo de resultados", disse Peskov.

Ucrânia vê 'forte sinal' de paz em negociações

As negociações envolvendo quatro partes entre Ucrânia, Rússia, Alemanha e França marcadas para Paris são um forte sinal para alcançar a paz no leste ucraniano, disse Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, ao chegar à capital francesa.

"Finalmente conseguimos desbloquear o formato —e é um forte sinal de prontidão para um acordo pacífico. Esperança de um diálogo construtivo no interesse (da Ucrânia)", disse ele no Twitter