Topo

Exército da Tailândia decreta lei marcial no país

19/05/2014 23h32

O Exército tailandês anunciou nesta terça-feira (20) a imposição de lei marcial no país, "para preservar a lei e a ordem" em meio a uma crise política no país. O anúncio surpresa concede ainda amplos poderes ao Exército para impor sua decisão. Os militares insistiram que a medida não se trata de um golpe de Estado.

A lei marcial ocorre depois de uma longa crise política, e meses de crescentes tensões entre o governo e a oposição.

O assessor-chefe de segurança do primeiro-ministro interino disse que o governo não foi consultado sobre a decisão do Exército. Um porta-voz do Exército disse que a imposição da lei marcial não terá impacto sobre o governo interino de Niwattumrong Boonsongpaisan, que permanece no cargo.

Jonathan Head, correspondente da BBC em Bancoc, disse que o movimento do Exército - que foi justificado como medida para impedir "grupos mal-intencionados de usar armas de guerra" - foi uma surpresa.

Segundo Head, o Exército já deixou claro que é responsável pela segurança e que a presença de tropas nas ruas deverá ser muito mais comum.

Tropas tomaram medidas para impedir partidários camisetas vermelhas pró-governo de se reunirem em seu lugar habitual nos arredores de Bancoc. Protestos contra o governo começaram na capital tailandesa no ano passado, com manifestantes bloqueando várias partes da cidade .

'Não há necessidade de pânico'

Um anúncio num canal de televisão militar disse que a lei marcial foi imposta para restaurar a paz e a ordem para as pessoas de todos os lados. "O público não precisa entrar em pânico, e pode viver suas vidas normais", disse o anúncio.

A Tailândia está atolada no caos político, com a oposição exigindo que o poder seja entregue a uma administração não-eleita designada a reescrever a Constituição.

O comunicado militar foi assinado pelo chefe do Exército, Prayuth Chan-Ocha, citando uma lei de 1914, que lhe permite intervir em tempos de crise.

Ele disse que o movimento foi tomado porque manifestações de massa entre rivais políticos "poderiam afetar a segurança do país e a segurança das vidas e propriedades do público".

Na segunda-feira o primeiro-ministro interino, Niwatthamrong Boonsongphaisan, insistiu que seu governo não iria renunciar, resistindo à pressão dos manifestantes anti-governo.

Meses de crise

No início deste mês, um tribunal ordenou que a primeira-ministra Yingluck Shinawatra e vários ministros renunciassem.

Correspondentes dizem que o impasse na segunda maior economia do sudeste da Ásia piorou desde que Yingluck dissolveu a Câmara baixa do Parlamento em dezembro e um tribunal ordenou sua saída e a remoção de nove ministros no início de maio por abuso de poder.

O país está sem um governo funcionando corretamente desde dezembro e não foi capaz de elaborar um orçamento do Estado.

Em resposta, Yingluck convocou eleições gerais antecipadas em fevereiro, nas quais seu partido era amplamente visto como ganhador. Mas os manifestantes interromperam a votação e a eleição foi, mais tarde, anulada.

Os partidários de Yingluck acreditam que os tribunais são tendenciosos contra ela e se posicionam a favor da elite urbana no centro do movimento de protesto.