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Bets machucam mais que cadeirada

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É um mercado que movimenta mais de R$ 10 bilhões todo mês. É uma aposta em que a banca sempre ganha, e a maioria sempre perde. Assim funciona o mercado emergente das bets esportivas, dos cassinos, bingos e jogo do bicho online.

Após seis anos de vale-tudo, ele está sendo regulamentado pelo governo. Pela primeira vez, uma pesquisa face a face estima quantas pessoas fazem parte da jogatina.

Cerca de 28 milhões de brasileiros admitiram ao Ipec (antigo Ibope) já terem jogado online a dinheiro alguma vez na vida. É mais do que a população de Minas Gerais.

A informação exclusiva está no episódio desta semana do podcast A Hora, do UOL. Leia mais aqui.

Marçal caiu da cadeira antes da cadeirada, mas ajudou Nunes

Ricardo Nunes e Pablo Marçal em debate para a Prefeitura de SP
Ricardo Nunes e Pablo Marçal em debate para a Prefeitura de SP Imagem: 1º.set.2024-Reprodução/YouTube

O Datafolha já tinha mostrado na semana passada e reforçou a constatação com a pesquisa divulgada nesta quinta-feira: Pablo Marçal (PRTB) caiu na intenção de voto e cresceu na rejeição. Sua viabilidade eleitoral é decrescente. Não, não foi a cadeirada. Ele já havia caído da cadeira e por sua própria culpa pelo menos uma semana antes de ter sido agredido durante um debate com outros candidatos a prefeito de São Paulo.

A direita brasileira não é solidária nem na cadeirada. Marçal ficou se lamuriando sozinho na ambulância que foi buscá-lo no estúdio da TV Cultura, onde havia sido golpeado com uma banqueta de metal após provocar o candidato do PSDB, José Luiz Datena.

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Quase ninguém do mundo político se solidarizou com o Marçal. O também influencer Nikolas Ferreira (PL) foi o autor do post de maior engajamento sobre o tema. Limitou-se a lacrar, dizendo, em tom jocoso: "Datena vai aparecer no Datena". Nada sobre Marçal.

Marçal foi vítima do próprio veneno. Havia semanas, ele vinha desmoralizando os debates e tratando o processo eleitoral como um espetáculo de stand-up de baixa qualidade. Quando suas provocações finalmente levaram Datena às vias de fato (ele chamou-o, dissimuladamente, de estuprador), a agressão física não gerou indignação, compaixão. Virou piada, chacota, gozação.

Marçal consolida-se, assim, como um mosquito político: incomoda muita gente, impede o eleitor de se concentrar no que importa, rouba atenção e ainda transmite vírus (via redes). Mas sua influência é um surto: teve um pico de contágio e logo refluiu.

O mosquito ajudou Ricardo Nunes (MDB), porém. Monopolizou as atenções e evitou que o prefeito se tornasse o alvo de todos os seus adversários - como haveria de ser se Marçal não existisse. Leia mais aqui.

Avaliação de Lula na área ambiental despenca após queimadas

16.09.24 - O presidente Lula (PT) fala em reunião ministerial sobre queimadas
16.09.24 - O presidente Lula (PT) fala em reunião ministerial sobre queimadas Imagem: Ricardo Stuckert/PR
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Uma área equivalente ao território do estado do Paraná inteiro já pegou fogo neste ano no Brasil e há mais de cem incêndios ativos sem combate em curso. Enquanto isso, o governo federal tenta improvisar uma resposta política à emergência climática.

Além de anunciar mais de R$ 500 milhões e fazer reuniões com chefes dos Três Poderes e governadores, o governo Lula decidiu desengavetar uma promessa de campanha. A criação da autoridade climática, contudo, se sair, terá sido sem embasamento técnico, dotação orçamentária ou força política.

A ideia foi originalmente proposta por Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, na eleição de 2022. Lula assentiu, mas o Congresso eleito em 2023 foi resistente e o plano foi para a gaveta.

Agora, diante do fogo, a proposta ressurge, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já sinalizou que, para aprová-la, o nome indicado precisará ter o respaldo dos deputados e senadores.

Portanto, nada indica que a autoridade climática a ser criada resultará de uma tomada de consciência e responsabilidade da agenda ambiental e de força política de Marina Silva.

A ministra, ao contrário, muitas vezes recorreu a Fernando Haddad, titular da Fazenda e alinhado a ela na agenda climática, para mostrar respaldo em Brasília. Mas Haddad possui um antagonista no governo: o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.

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Costa não apenas diverge de Haddad na questão fiscal. Na questão ambiental também ele tem uma posição distinta, mais afinada com a visão histórica do PT —e de Lula— de desenvolvimentismo baseado na exploração de petróleo e combustíveis fósseis.

Em meio às queimadas, a avaliação de Lula na área ambiental sofre queda.

Em abril, a avaliação de Lula sobre meio ambiente está elas por elas: 33% achavam boa ou ótima e 33%, ruim ou péssima - segundo o Ipec (antigo Ibope). Aí vieram as queimadas históricas, a seca e o calor fora de hora, as nuvens de fumaça intoxicaram metade do Brasil e a opinião pública mudou.

Em setembro, o Ipec constatou que 44% acham a atuação do presidente ruim ou péssimo quando o tema é meio ambiente, e só 27% acham boa ou ótima. O empate de abril virou um déficit de 17 pontos.

A avaliação é ainda pior entre quem fez faculdade, entre moradores do Sudeste e do Norte/Centro-Oeste e nas grandes cidades e, como esperado, entre bolsonaristas. Mas mesmo entre eleitores de Lula, 19% acham que a atuação do presidente foi ruim ou péssima quando o assunto é meio ambiente.

Maioria é contra Lula tentar se reeleger. Por quê?

Há meses, o desemprego está no menor patamar em uma década, os preços dos alimentos têm caído, e a economia crescido além do previsto. Nada disso ajudou a melhorar a popularidade de Lula.

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Segundo o Ipec (antigo Ibope), a taxa de ruim/péssimo do governo federal foi de 31% em julho para 34% em setembro e chegou ao seu maior patamar no terceiro mandato do presidente. A taxa de ótimo/bom oscilou de 37% para 35%, a segunda mais baixa na série de oito pesquisas do Ipec, atrás de março (33%).

Piores ainda são as avaliações que os eleitores fazem sobre as políticas do governo para questões específicas:

  • Combate à inflação - 23% de ótimo/bom x 47% de ruim/péssimo;
  • Combate ao desemprego - 30% a 40%
  • Saúde: 26% a 43%
  • Meio ambiente: 27% a 44%
  • Educação: 37% a 34%

Não por coincidência, a maioria da população acha que Lula não deveria concorrer à reeleição em 2026: 58% responderam que não, e só 39% responderam que sim. A pesquisa não perguntou o motivo.

Algumas especulações:

  • Pode ser por influência das queimadas e do ar irrespirável quando a pesquisa foi feita;
  • Pode ser porque a comunicação do governo é ruim;
  • Pode ser fruto do domínio da direita nas redes sociais;
  • Pode ser por etarismo (Lula terminaria um eventual quarto mandato com 85 anos).
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Ou pode ser que as políticas públicas estejam de fato deixando a desejar. O governo tem dois anos para descobrir.

Escute a íntegra do podcast A Hora

Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

A Hora é o novo podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube.

Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados de manhã.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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