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Sumiço de eleitor de Marçal embaça eleição em São Paulo

Pablo Marçal recebeu 25% dos votos totais no primeiro turno da eleição de prefeito de São Paulo. Mas os institutos de pesquisa não estão encontrando tantas pessoas assim que declaram ter votado no candidato influencer. A proporção que aparece naturalmente na amostra é bem menor. Isso é um problema.

Por que isso acontece?

1) A recusa de eleitores de Marçal para responder à pesquisa é maior do que a de outros eleitores, seja por vergonha, desilusão ou raiva. Fogem do pesquisador como Ricardo Nunes foge de debate.

2) Dos que respondem, uma parte dos eleitores de Marçal parece estar declarando ter votado nulo, em branco ou que não votou no primeiro turno. Mente.

Esse fenômeno é comum após as votações com os eleitores de candidatos derrotados. Mas, dessa vez, a incidência é maior. É grande o suficiente para embaçar o quadro e, potencialmente, prejudicar o resultado encontrado pelas pesquisas de intenção de voto.

Como os eleitores de Marçal que admitem ter votado nele no primeiro turno declaram, na sua maioria, que votarão em Ricardo Nunes no segundo turno, o sumiço da outra parte - a que mente ou se omite - faz com que uma parcela dos eleitores potenciais de Nunes não apareça na amostra e possa não estar sem computada. Como corrigir isso?

O Datafolha, por exemplo, pondera os resultados para que o peso do eleitorado de Marçal que aparece na amostra fique mais próximo à proporção de eleitores que efetivamente votaram nele no primeiro turno, os 25% mencionados acima. Assim, os que declaram ter votado em Marçal aos pesquisadores ganham um peso maior.

A ponderação é uma prática comum entre praticamente todos os institutos. Eles fazem isso para que as cotas de eleitores do sexo feminino ou jovens, por exemplo, coincidam com o perfil do eleitorado. Mas, nem todos ponderam pela intenção de voto no primeiro turno.

Como resultado, as taxas de intenção de voto em Guilherme Boulos são praticamente iguais entre Datafolha e Quaest, por exemplo, mas as taxas de intenção de voto em Nunes são bem distintas. Na Quaest, a taxa de Nunes é menor, mas a taxa de não voto (branco, nulo ou não sabe/não vai votar) é maior do que no Datafolha.

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A diferença expressa a incerteza sobre o que acontecerá de fato no dia 27. Há duas possibilidades principais:

1) Uma parcela grande de eleitores que votaram em Marçal se abster de votar e a taxa de Nunes ficar mais baixa e parecida com a encontrada, por exemplo, pela Quaest;

2) Os eleitores envergonhados de Marçal acabarem indo votar e tendo o mesmo comportamento dos outros eleitores que votaram nele, ou seja, votem em Nunes, e o resultado da urna acabe sendo mais parecido com o encontrado pelo Datafolha.

Seja como for, Nunes ainda é o favorito. O apagão em São Paulo pode ter diminuído sua intenção de voto, mas não aumentou a de Boulos - até agora, pelo menos.

Na semana do blecaute que afetou 2,1 milhões de pessoas na capital paulista, Nunes viu a intenção de voto oscilar negativamente quatro pontos (de 55% para 51%), no Datafolha.

Boulos manteve os 33% da semana anterior. E os brancos e nulos oscilaram quatro pontos para cima, de 10% para 14%. Indecisos seguem sendo 2%.

Outra pesquisa desta semana, a Quaest, mostra Nunes com 45%, Boulos com 33% e 19% de brancos, nulos e eleitores que dizem que não vão votar. Indecisos são 3%.

Ainda que o desempenho de Nunes mude significativamente entre os levantamentos, o de Boulos é o mesmo nos dois - e inferior ao que ele obteve na eleição de 2020, quando foi para o segundo turno e perdeu para Bruno Covas (PSDB).

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Em votos válidos, o psolista chegou a 41% em 2020 - e agora aparece com 39% no Datafolha.

Se, de um lado, Boulos não parece conseguir se superar, Nunes, de outro, trabalha para não perder o que tem.

O prefeito faltou ao debate do UOL em parceria com a Folha de S.Paulo e a RedeTV! nesta quinta-feira (17), cancelou sua participação no embate promovido pelo SBT e não está confirmado se vai ao da Record.

Ficou colado ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na gestão da crise do apagão e tem desviado de embates sobre o tema.

Ele terceiriza a responsabilidade pela falta de energia na cidade e se diz sem atribuição para atuar. Politicamente, delegou ao seu principal aliado a liderança da resposta à crise.

Tarcísio promoveu reuniões com os agentes envolvidos - da concessionária Enel, do Tribunal de Contas da União e prefeitos paulistas de cidades afetadas. Nunes foi só mais um dos convidados.

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Se assim conseguir não perder votos demais, já terá alcançado seu objetivo.

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