Conteúdo publicado há 27 dias
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Trump pump e o Maranhão sempre no poder

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Uma ação unilateral do presidente americano Donald Trump provocou a maior volatilidade dos mercados desde a pandemia, gerando transferência de renda estimada em quase US$ 5 trilhões em um único dia.

O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.

"Nunca antes na história daquele país a volatilidade tinha sido tão grande provocada por apenas uma pessoa. Literalmente, porque ele não avisou nem os assessores para este assunto", afirma José Roberto de Toledo sobre a decisão de Trump de aumentar drasticamente as tarifas de importação para vários países e depois recuar.

O caos nos mercados começou na semana passada quando Trump anunciou sobretaxas para importações da China, uma medida que foi rapidamente respondida pelo governo chinês com retaliações semelhantes. A escalada continuou com ameaças de tarifas ainda maiores, desencadeando vendas massivas nas bolsas mundiais - o chamado "Trump dump".

"Os mercados, essa semana, começaram desabando em proporções que a gente só tinha visto na crise financeira de 2008 e depois na pandemia", explica Toledo. O problema atingiu proporções alarmantes quando investidores começaram a vender títulos do Tesouro americano (bonds), tradicionalmente considerados os ativos mais seguros do mundo. "Começou a ter uma venda de título público americano que nem água suja", descreve o colunista, destacando como a taxa de juros desses títulos subiu cerca de 20% em um único dia.

A reviravolta ocorreu quando Trump, em sua rede social, declarou: "This is a great time to buy!" (Este é um ótimo momento para comprar!), antes de anunciar oficialmente que suspenderia por 90 dias as sobretaxas impostas. A exceção foi mantida para a China, que continuaria enfrentando tarifas de 145%. "E aí o mercado começou a subir, foi o Trump pump desbragadamente", diz Toledo, referindo-se à alta repentina dos ativos financeiros após o anúncio.

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O troca-troca maranhense no governo

Thais Bilenky e José Roberto de Toledo

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Imagem: Kayo Sousa/Ministério das Comunicações

A política do Maranhão ganhou destaque nacional após a demissão do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, revelando uma complexa teia de alianças e rivalidades que influencia o cenário político federal.

Thais Bilenky e José Roberto de Toledo dissecaram as peculiaridades da política maranhense, que segundo eles, é "imbatível" em termos de complexidade.

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Entre PT e PL, Hugo Motta busca própria anistia

Thais Bilenky e José Roberto de Toledo

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Imagem: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara, Hugo Motta, encontra-se pressionado por ambos os lados do espectro político em relação ao projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

Para José Roberto de Toledo, enquanto o PT e o governo, principalmente o governo, estão pressionando Hugo Motta para ele nem sequer pensar em colocar em votação a anistia aos terroristas do 8/1, por outro lado, o bolsonarismo está indo às ruas para pressionar o presidente da Câmara justamente para fazer o contrário.

A pressão bolsonarista não se limita apenas às manifestações públicas. Como destaca Thais Bilenky, o bolsonarismo está indo às ruas literalmente. "No palanque, todos os governadores, deputados e políticos, os discursos sempre voltados para pressionar o Hugo Motta no domingo. E aí, durante a semana, em plenário, também continuaram fazendo suas gestões para o Hugo Motta pautar esse projeto de anistia", afirma a colunista do UOL.

O tema ganhou força após tentativas do PL de obstruir votações e suspender processos contra aliados bolsonaristas, como o deputado Alexandre Ramagem. Segundo Bilenky, a proposta está parada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados). "Não teve avanço desde então. Então, eles estão agora nessa pressão", afirma.

Publicamente, Motta tem mantido discrição sobre o assunto, apesar de ter recebido Bolsonaro em uma agenda não divulgada na quarta-feira. "O Mota publicamente ficou quieto, recebeu o Bolsonaro em uma agenda que ele não divulgou na quarta-feira, mas não pôs nada para votar", destaca Bilenky.

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Como alternativa ao impasse, uma solução intermediária estaria sendo considerada. "O que se fala muito em Brasília, e, inclusive, se coloca na boca do próprio Hugo Mota, é uma solução meio-termo, que seria algo como diminuir a pena ou defender uma progressão de pena para quem foi condenado pelo 8/1, mas pelos crimes menos sensíveis", explica a colunista. A ideia seria distinguir entre os que foram condenados por atacar o Estado Democrático de Direito e aqueles responsabilizados apenas por danos ao patrimônio público.

O objetivo dessa estratégia, segundo Bilenky, seria "aprovar um projeto que tenha mais tranquilidade para passar na Câmara, para passar no Senado e para o Lula não vetar, porque, no limite, o Lula não sanciona uma anistia. E, aí, a coisa escala para o Supremo Tribunal Federal."

A complexidade da situação aumenta com a ausência temporária de Motta, que viajou para o Japão com o presidente Lula. Em seu lugar, assume a presidência da Câmara o deputado Altineu Cortes, do PL, descrito por Bilenky como "um deputado do PL bolsonarista, que foi o líder do partido totalmente bolsonarista."

Existe a preocupação de que, durante a ausência de Motta, o projeto possa ser colocado em votação. Uma manobra desse tipo poderia gerar ainda mais conflitos. "Pode ser isso, como pode acabar arranjando uma bela de uma encrenca do bolsonarismo, do Bolsonaro com o Hugo Mota", alerta Bilenky, destacando que "é uma jogada de alto risco, porque se ele faz isso, seja combinado ou não, mas pelas costas, na ausência do presidente da Câmara, isso dá argumentos para quem está em cima do muro."

Até o momento, o projeto sequer conseguiu as assinaturas necessárias para o regime de urgência, evidenciando a falta de consenso. "O fato é que essa urgência para ir direto para o plenário não teve assinatura até agora. Então, se eles não conseguiram voto para a urgência, quanto menos para o mérito", observa Bilenky, ressaltando que isso explica porque o PL tem lançado mão de várias táticas para conseguir fazer emplacar uma anistia que até agora não saiu.

Toledo resumiu a situação em uma frase: "Indo às ruas é uma anistia para o Hugo Mota", sugerindo que, entre tantas pressões conflitantes, o próprio presidente da Câmara poderia necessitar de algum tipo de perdão político pelo caminho que escolher seguir.

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Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

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A Hora é o podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. Na TV, é exibido às 16h. O Canal UOL está disponível na Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e no UOL Play.

Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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