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Rivaldo diz à PF que nome dos Brazão surgiu no início do caso Marielle

Preso sob suspeita de envolvimento no assassinato da vereadora do PSOL Marielle Franco, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa afirmou em seu depoimento à Polícia Federal que o nome dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão como suspeitos de mandantes do crime surgiu no início da investigação e, por isso, eles foram alvos de quebras de sigilo.

Mas o delegado não soube dizer à PF por que as investigações não chegaram a nenhuma conclusão sobre o envolvimento dos Brazão no crime. Barbosa, porém, afirmou que "nunca teve qualquer relação pessoal, profissional, política, religiosa ou de lazer com Chiquinho Brazão ou Domingos Brazão".

O ex-chefe da Polícia Civil fluminense foi ouvido pela Polícia Federal na última segunda-feira (3), após uma solicitação ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Ele começou o depoimento fazendo críticas à demora em ser ouvido e disse que queria "aproveitar a oportunidade para contradizer um delator assassino que foi preso por alguém que o declarante indicou para as investigações do caso".

O executor do assassinato, Ronnie Lessa, firmou delação assinada com a PF e disse que Rivaldo Barbosa deu o aval e acobertou o crime. Ele havia sido preso em 2019, quando Barbosa comandava a Polícia Civil do Rio e indicou o delegado Giniton Lages para conduzir o caso.

No seu depoimento, o ex-chefe da Polícia Civil disse que Giniton trouxe o nome dos irmãos Brazão como possíveis mandantes em uma reunião feita no início da investigação. Barbosa disse que o então secretário de Segurança Pública, general Richard Nunes, também participou desse encontro.

Logo no início das investigações (abril/maio de 2018), Giniton trouxe os nomes de Chiquinho Brazão e Domingos Brazão para uma reunião com o declarante e com o general Richard. Que a partir disso, o declarante e o general Richard tiveram conhecimento de que as investigações teriam essas duas pessoas de interesse

Depoimento de Rivaldo Barbosa à PF

Segundo ele, Giniton comunicou que "representava por diversas cautelares em detrimento de Chiquinho Brazão e Domingos Brazão". Barbosa disse à PF que um inquérito específico da Polícia Civil apurava a suspeita de envolvimento deles na autoria intelectual do crime, mas disse que "não sabe o rumo que tomou esse inquérito".

Ao final da apuração, o delegado Giniton Lages concluiu que Lessa assassinou Marielle por um crime de ódio, em razão de suas convicções pessoais, descartando a participação de um mandante. "Giniton não lhe disse nada acerca de crime de ódio", diz o termo de depoimento de Rivaldo Barbosa.

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Barbosa também falou à PF sobre sua relação com Marielle. Disse que conheceu a vereadora por meio do então deputado estadual Marcelo Freixo por causa de assuntos da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio. Depois disso, Marielle chegou a auxiliar Rivaldo em investigações da Polícia Civil, de acordo com ele.

"No dia do homicídio, estava jantando com sua esposa, tendo em vista que era o aniversário dela no dia seguinte, quando foi contatado por Marcelo Freixo ou pelo assessor de comunicação da Polícia Civil do Rio à época, cujo nome não se recorda. Que sua providência imediata foi contatar o delegado Fábio Cardoso, então titular da Delegacia de Homicídios, para encaminhar uma equipe para o local do fato", diz o depoimento.

Quebras de sigilo

Para complementar as declarações de Rivaldo Barbosa, seus advogados apresentaram uma petição ao STF com detalhes sobre as medidas adotadas em relação aos irmãos Brazão e a Ronnie Lessa.

A defesa afirma que o delegado Giniton Lages solicitou, em maio de 2018, a quebra de sigilo de dados e a interceptação telefônica de Chiquinho Brazão e de Ronnie Lessa referente ao período desde junho de 2017.

Os advogados afirmam que esses dados estão disponíveis para a Polícia Federal e, por meio deles, seria possível analisar a localização dos celulares para verificar se houve encontros entre os suspeitos do crime.

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"Não assiste razão à Polícia Federal quando sustenta a impossibilidade de verificar os registros dos sistemas de telefonia celular das Estações Rádio Base (ERB), sob o argumento de que os dados não existem depois de passados seis anos da ocorrência dos crimes, porque, em verdade, os arquivos referentes aos relatórios das empresas de telefonia foram requisitados, efetivados, preservados e sempre estiveram à disposição dos investigadores federais", escreveram os advogados Marcelo Ferreira e Felipe Dalleprane.

Reportagem

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